A vida corria extremamente bem.
Para a adolescente sonhadora que eu costumava ser na Universidade, estava exatamente da forma como eu pensava. Eu nunca quis casar, isto é, antes de viver quinze anos com meu namorado sem ao menos receber um pedido de casamento. Isso me fazia falta, embora para alguns seja apenas uma cerimônia para selar algo que já vivíamos há anos. Para Benedict, não era uma prioridade. Ele queria filhos e insistia em dizer que precisávamos de bebês para animar a nossa casa. Eu concordo, amo crianças tanto quanto ele, mas era responsável o suficiente para saber que nossas agendas estavam lotadas demais para arranjarmos tempo para crianças. Quer dizer, a minha agenda.
A vida realmente prega peças.
Parecia mesmo uma piada pensar que eu tinha um grupo de admiradores – eu realmente deveria chamá-los de fãs – maior que o Benedict, coisa que eu jurava que jamais aconteceria. Ele não parecia confortável com isso, mas lidava bem. Nunca fez o tipo invejoso e até curtia o meu sucesso como se fosse o dele, exceto pelos rapazes que exageravam um pouco nos elogios – e chegavam a usar palavras um tanto vulgares –. Isso sim deixava Ben louco de ciúmes.
Como qualquer outro casal, nós tivemos os nossos problemas ao longo desses anos. Em 2004, Benedict estava gravando na África e foi sequestrado. Depois disso, ele se tornou um viciado em adrenalina e cismou que deveria curtir a vida o máximo possível, o que me causou muita dor de cabeça. Eu vivia preocupada com ele, pois nunca sabia o que ele aprontaria. Mas isso logo passou e ele se tornou um Benedict mais cuidadoso, maduro e eu pude ter a sensação de me apaixonar por ele mais uma vez.
Em 2003, o meu primo, Matthew, teve um ferimento nas costas que o impediu a se tornar um jogador de futebol profissional. A família inteira se lamentou por ele, mas eu finalmente consegui convencê-lo a estudar drama e, até hoje, ele é muito grato por isso, já que desde o ano passado ele é o Doctor na série Doctor Who, da BBC. Este papel foi oferecido ao Ben, mas então tivemos a ideia de passá-lo para Matt e dar a ele uma oportunidade de se fazer na vida.
Falando em Matt logo me vem a lembrança de Andressa. Ela se formou em Medicina e se tornou uma grande Médica da região. O seu namoro se tornou tão firme com o meu primo, que os dois acabaram se casando logo depois dele terminar os estudos. Nós mantemos o contato e continuamos as mesmas melhores amigas de quinze anos atrás.
A respeito de Andrew, só se ficaram as memórias daquele rapaz de quem eu tanto amava. Ele era um amigo realmente leal, mas apesar de termos escolhido a mesma profissão, tomamos caminhos diferentes e nos distanciamos muito. Eu nunca mais tive uma conversa com ele e, depois da Universidade, só nos encontramos uma vez e foi brevemente. Eu sentia falta dele.
- Amor, você está aí? – Benedict perguntou enquanto entrava na nossa casa.
- Estou aqui. – Sinalizei.
- Oi. – Ele me deu um selinho.
- O que aconteceu? Você me parece ter boas novas.
- Eu estive conversando com o Moffat.
- Ele te fez uma nova oferta?
- Sim, mas eu não sei ainda se devo aceitar.
- O que é?
- Ele e o Mark Gatiss estão escrevendo uma nova série, Sherlock e querem que eu seja o próprio.
- Meu Deus, Ben! Isso é ótimo!
- Eu sei, mas eu não quero que as pessoas só me conheçam por esse papel, entende?
- Entendo, mas acho que é uma ótima oportunidade pra você.
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In My Life II
FanfictionJá se passaram 15 anos desde que Lucy e Benedict haviam se conhecido. Os dois viviam na mesma casa há 10 anos, embora ainda não tivessem se casado. A vida corria da forma como eles planejaram quando ainda eram jovens Universitários e ambos desfrutav...