Naquele momento eu me senti enganada, traída e meu sangue subiu à minha cabeça. Mas por que exatamente eu estava sentindo aquilo, se havia feito pior? Eu não podia nem ao menos brigar com ele, porque com certeza minha consciência pesaria. Parecia um pesadelo ver tudo se voltando contra mim e fazendo eu me sentir no lugar de Benedict.
Ele me olhava e movimentava os pés freneticamente, o que indicava que ele estava nervoso esperando por uma resposta.
- Tudo bem. – Eu então disse.
- Sério? – Ele franziu o cenho – Só isso?
- É.
- Você não vai surtar? Brigar? Pensar em me colocar pra fora de casa?
- Não. – Eu tentei sorrir – Está tudo bem.
- Isso está muito estranho.
- Você foi sincero, me contou tudo ao invés de me esconder. Isso foi o suficiente, confiou em mim mesmo estando com medo da minha reação. E você estava drogado, não tinha totalmente consciência do que estava fazendo, mais um motivo para eu não me estressar quanto a isso.
- Mas ainda foi falta de fidelidade, a coisa que mais abominamos na nossa relação.
- Eu sei, Ben, mas eu não vou brigar com você. Não é pra você achar que pode repetir, mas é porque eu entendi você.
- Então está tudo bem mesmo?
- Sim.
- Bom, sendo assim, se acontecer alguma coisa com você do mesmo tipo, eu vou esperar que me conte. Eu espero que não aconteça, mas se acontecer...
- Eu entendo. – Cortei – Tudo bem.
Ele sorriu incrédulo e me beijou. Eu fui até o meu limite de falsidade com ele dizendo aquelas coisas. O que eu queria mesmo era aproveitar a oportunidade e contar tudo sobre o Martin, apagar aquele passado e seguir em frente, mas eu havia prometido naquela manhã que eu não contaria jamais sobre o nosso caso, o que talvez tenha sido o pior erro da minha vida.
Os meses foram se passando e meu namoro com Benedict estava de mal à pior. Estávamos cada vez mais distantes e ver ele se culpando, pensando que tinha alguma coisa a ver com o episódio da Ashley, me matava aos poucos. Ele chegou a passar a ter medo de sair na rua e encontrar a ex-namorada, como se Londres fosse uma cidade extremamente pequena onde todos se encontram o tempo todo. Eu tentava tranquiliza-lo, dizendo que casais passam por esses momentos mais frios, mas ele não cansava de se torturar a respeito disso.
As gravações de Sherlock haviam cessado completamente e no início do ano seguinte seria lançada. Eu tinha certeza que seria um grande sucesso e estava feliz por isso. Mas o fim das gravações não trouxe apenas ansiedade pelo lançamento. Depois que elas foram encerradas, eu não vi mais o Martin.
Eu não conseguia esquecê-lo.
Durante as gravações, nós nos encontrávamos naquela casa quase todos os dias, o que acabava sendo arriscado. Pelo celular, só mandávamos sms raramente, para evitar suspeitas. Mas já fazia duas semanas desde a última vez que nos vimos e ele não voltou a se comunicar. Eu devia estar feliz por isso, afinal, o meu caso com ele era o verdadeiro motivo para o meu namoro com o Ben não estar mais dando certo, já que eu não conseguia mais agir da mesma forma com ele, beijá-lo, dizer que o amo sem ao menos sentir um aperto no coração. Eu o amava sim, sem dúvida, mas eu me sentia completamente dividida.
Infelizmente, a falta que ele me fazia era imensa. Eu sentia saudade de rir de suas piadas e caretas, dos seus beijos e até mesmo da forma aborrecida que ele agia quando eu dizia que ele era o homem mais fofo de todo o mundo, porém, todos os dias eu costumava acordar prometendo a mim mesma que iria acabar com tudo isso e voltar a ser fiel ao Benedict, mas o ser humano tem a péssima mania de sempre se permitir a viver certas ocasiões por uma última vez e acaba estendendo a data e quando vê já se passou muito tempo. Nesse caso, meses já se passavam meses e eu me via cada vez mais envolvida.
- Martin perguntou por você. – Benedict comentou enquanto tomava seu chá.
- Martin? Freeman? – Senti meu coração pular, mas eu tentei permanecer normal.
- Sim, ele mesmo. Encontrei com ele hoje mais cedo, ele estava com a Amanda e as crianças. Você soube que eles fizeram dez anos juntos?
- Fiquei sabendo. – Forjei um sorriso.
- E nós fazemos quinze anos dentro de alguns dias. – Ele sorriu.
- É mesmo. Bastante tempo.
- Muito tempo. – Ele se levantou e veio até mim – Eu te amo muito, Lucy.
- Eu também te amo, Ben.
POV – Benedict
Havia alguma coisa muito errada com a Lucy. Todo o tempo ela parecia estar distante, em outro mundo, era difícil não pegar ela na sala distraída, olhando a TV sem ter a mínima ideia do que estava passando. E isso sem citar o rumo que nosso namoro estava tomando. Já estava vendo a hora em que ela iria pedir um tempo.
O meu maior medo sempre foi perder ela, ainda mais depois que ela passou a fazer muito sucesso. Eu temia o dia em que ela me trocaria por um homem mais atraente, quem sabe um ator mais famoso ou simplesmente um Andrew Scott da vida. Mas ela sempre me surpreendeu muito estando ao meu lado, sem nem sequer olhar para outro homem. Eu confiava nela bem mais do que ela poderia imaginar, mas de uns tempos pra cá, eu até poderia desconfiar de um romance proibido. Mas eu simplesmente sempre anulava esse tipo de pensamento. Não podia ser, ela não faria isso comigo e, se fizesse, me contaria, como combinamos.
De uns tempos pra cá, eu andei pensando o que faria para mudar isso tudo e acabei tendo uma ideia mais do que excelente e já poderia ser colocada em prática logo, logo. Seria a solução dessa crise que estávamos passando e ao mesmo tempo seria a chave do nosso futuro. Eu não podia mais esperar por esse momento.
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In My Life II
FanfictionJá se passaram 15 anos desde que Lucy e Benedict haviam se conhecido. Os dois viviam na mesma casa há 10 anos, embora ainda não tivessem se casado. A vida corria da forma como eles planejaram quando ainda eram jovens Universitários e ambos desfrutav...