POV – Benedict
Eu detestava quando a Lucy saia sem mim. Eu sempre fui bastante ciumento e depois que ela fez sucesso, isso ficou cada vez mais forte em mim. Ela era cortejada sempre e havia muitos rapazes em torno do mundo que a desejavam, o que certamente me deixava louco. Mas ela parecia gostar de me deixar com ciúmes. Estava sempre colocando meus nervos a prova disso, principalmente com os fãs. Algo desagradável, mas que eu tinha que conviver.
Em casa aquela noite eu não ficaria. Ela mesma tinha me dado à ideia de sair e eu certamente faria. Convidei alguns dos meus amigos, mas só quem pôde ir foi Matt, tão inconformado com a história de a esposa sair sem ele quanto eu, e Martin, que encarou o convite como a oportunidade perfeita de se aproximar de mim. Por incrível que pareça, eu já o adorava.
Nós fomos até um pub que eu nunca havia ido antes, mas que era bem frequentado e tinha ótimas bebidas. Provavelmente o melhor lugar que nós encontraríamos naquela noite.
- Já disse que detesto quando a Andressa sai sozinha? – Matt perguntou – Eu confio nela, mas não nos caras em volta dela.
- Eu penso da mesma forma com a Lucy, embora ela nunca tenha realmente me dado motivos pra duvidar da fidelidade dela. – Eu disse – E você, Martin, tem esse tipo de problema com a Amanda?
- Na verdade, sou eu quem geralmente sai. – Ele riu – Mas às vezes acontece dela sair com umas amigas, eu não me importo.
- Sorte sua. – Matt disse com humor – Vou pegar umas bebidas pra gente.
- Pra mim não. – Martin disse – Quero me manter sóbrio hoje.
- Sério? Você vem pra um pub pra ficar sóbrio? – Eu caçoei.
- Eu tenho motivo pra querer estar sóbrio nessa madrugada. – Ele deu uma risada maliciosa e nós entendemos bem o que aquilo significava.
As horas se passaram arrastadas, nós tivemos assuntos completamente sem sentido e a maior parte do tempo eu e Matt ficamos rindo das besteiras que Martin falava. Se ele ficava assim sóbrio, eu não fazia ideia de como seria vê-lo bêbado.
Durante todo o tempo, ele só bebeu um copo de uísque, e porque insistimos muito. Já eu e Matt, bebemos de tudo um pouco, mas eu não estava me sentindo bêbado, exceto por alguns objetos aleatórios que estavam girando.
- Bom, eu preciso ir. – Martin disse – Estou na minha hora.
- Se eu não soubesse o motivo da sua pressa pra ir embora, eu pediria pra você ficar. – Eu disse, lançando um olhar cúmplice.
Ele murmurou alguma coisa do tipo “se você soubesse, pediria para eu ficar”, ou algo do tipo, a questão é que eu não estava entendendo muito bem e resolvi ignorar.
- Tudo bem, Martin, tenha uma boa madrugada. – Matt disse um pouco enrolado, me causando uma vontade de rir incontrolável.
- Com certeza terei. – Martin disse e foi embora.
- Benedict, eu estou pensando em ir também. – Matt disse, depois de virar o copo – Andressa não vai gostar nada de me ver bêbado assim.
- Você não está tão bêbado assim.
- Eu estou vendo dois de você na minha frente.
- Nossa, cara, melhor pegar um táxi então.
- Você vem comigo?
- Não, eu vou ficar mais um pouco.
- Tem certeza?
- Sim, pode ir.
- Então tá bom. – Ele se levantou e saiu se apoiando nas coisas que via pela frente.
Pedi mais um drink e relaxei meu corpo na cadeira. Estava extremamente distraído quando uma mulher loira se sentou na minha frente. Olhei com atenção e tive impressão de já tê-la visto em algum lugar. Ela tinha um corpo escultural, cabelos longos com ondulações, olhos azuis, sorriso contagiante e parecia ser só um pouco mais baixa que eu.
- Você está sozinho? – Ela perguntou.
- Sim. – Eu disse, e quando percebi meus olhos já estavam focados no decote do seu vestido.
- Você mudou bastante desde a última vez que te vi. – Ela disse – Deixou o cabelo crescer, está mais sexy. E olha só pra esse peitoral! Benny, você está mesmo incrível.
Senti o meu corpo gelar. Só havia uma pessoa que falava daquele jeito, me chamando por aquele apelido.
Loira, corpo escultural, olhos azuis, cabelos longos com ondulações. Como eu não pude reconhecer antes?!
- Ash?
- Pensei que não fosse me reconhecer nunca. – Ela riu.
Meu copo foi enchido pelo drink que eu havia pedido e quando eu fui dar uma golada, ela impediu que o copo chegasse até minha boca.
- Acho que já bebeu muito hoje. – Ela disse, afastando o copo de mim – Por que não vamos dar uma volta? Nós não nos falamos há quantos anos? Quatorze?
- Acho que por aí. – Eu realmente não conseguia lembrar – Desde que foi expulsa da Universidade.
- Eu prefiro não falar sobre isso. – Ela abaixou a cabeça – São coisas que eu optei por esquecer.
- Optou por esquecer que fez isso pra prejudicar a Lucy?
- Benedict, por favor, não vamos falar sobre isso. Minha vida toda eu me crucifiquei por isso, então, por que você não deixa eu te mostrar o quanto mudei?
Ou eu estava alcoolizado demais, ou ela realmente parecia estar sendo sincera.
- Tudo bem. – Eu me rendi – Vamos começar por saindo daqui?
- Eu acho uma ótima ideia.
Eu paguei pelas bebidas consumidas durante a noite e nós dois saímos dali, caminhando pelas ruas de Londres, enfrentando o frio intenso que nem mesmo os agasalhos podiam enfrentar.
- Não pude deixar de notar a aliança prateada no seu dedo anelar da mão direita. – Ela disse de repente – Quem é a felizarda que tem compromisso sério com você?
- Na verdade, é a Lucy. Eu nunca me desgrudei dela.
Ela realmente pareceu muito surpresa com a notícia.
- Uau. – Ela soltou – Você amava mesmo ela.
- Sempre amei. E você, tem alguém?
- Na verdade eu me casei, mas atualmente eu sou uma mulher divorciada.
- Eu sinto muito.
- Não sinta, eu não amava o meu marido.
Nós nos sentamos em um banco de um parque. Eu ainda estava um pouco tonto, mas o efeito da bebida já estava cessando.
- Se não o amava, por que se casou com ele?
- Oras, eu não poderia ficar vivendo de um passado arruinado. Benny, eu nunca amei ninguém tanto quanto amei você.
Eu olhei pra ela, realmente espantado com o que ela havia dito. Então eu era o grande amor da sua vida? Isso devia realmente ser algo triste, amar alguém e não ser correspondido. Eu não conseguia achar dentro de mim algum sentimento parecido com amor por ela, na verdade, ficaram apenas as mágoas do passado. Ela havia aprontado muito comigo e eu quase não conseguia levar em conta os momentos bons que passamos juntos.
Mas naquele momento, ela trouxe tudo de volta num turbilhão de memórias quando passou sua mão direita pelo meu pescoço e pousando na minha nuca. Ela me puxou para perto dela e colou seus lábios suaves e ao mesmo tempo ferozes nos meus. Sua língua invadiu minha boca com minha permissão, e nós nos beijamos como se voltássemos a sermos aqueles adolescentes no primeiro ano da Universidade.
Como se já não fosse o bastante, ela passou completamente dos limites quando lentamente pegou minha mão direita e a pôs sobre seus seios, sussurrando no meu ouvido:
- Por que não vamos para o meu apartamento? Fica depois daquela esquina...
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In My Life II
FanficJá se passaram 15 anos desde que Lucy e Benedict haviam se conhecido. Os dois viviam na mesma casa há 10 anos, embora ainda não tivessem se casado. A vida corria da forma como eles planejaram quando ainda eram jovens Universitários e ambos desfrutav...