Querido caderno azul,
Eu havia perguntado para a minha professora se mãe tem que ser, necessariamente, mulher. Ela falou que não, "mãe é quem cuida". Concordei com isso e voltei para a minha carteira.Olhei para os desenhos dos meus colegas, todos tinham uma mulher representando a mãe. Então desenhei Michael e Simon na minha folha, para dar de presente para eles. Foi aí que um garoto chamado Barry viu e começou a criticar.
— Pelo o que eu saiba, mãe é mulher. — disse ele, chamando a atenção da sala.
— Minha mãe são os meus pais. — foi o que respondi.
— Você não tem mãe, Christian? Todo mundo tem mãe! — Barry cruzou os braços. — Como você foi feito, então?
Eu me controlei para não voar em cima dele. Segurei o lápis de cor azul com firmeza e tentei ignorá-lo.
— Não importa. — eu respondi para ele.
— Acho que você não deveria fazer um desenho de dia das mães para seus pais gayzãos...
Eu não havia pensado mais em nada, avancei sobre ele e o derrubei no chão. Trocamos socos e chutes. Ele tentava me imobilizar e acabou por eu sentir um grande estalo no braço e uma dor terrível: eu o havia quebrado.
O resto... Bem... Cinco horas depois eu estava sentado no sofá da minha casa, com o braço engessado e o olho esquerdo roxo. Michael estava irritado ao telefone, conversando com os pais de Barry. Simon estava ao meu lado, fazendo cafuné na minha nuca e assistindo Hora de Aventura comigo.
— Seu filho quebrou o braço do meu, está ouvindo?! — Michael andava de um lado para o outro. — Não importa! Acontece que seu filho não foi educado o bastante para... E daí? Ele provocou e não saiu com um arranhão sequer... Nossa... Compare esse cortezinho com o braço quebrado de Christian e mais olho roxo. Ah, vá se lascar, meu senhor. Que falta de compreensão...
Eu suspirei impaciente.
— Quer chocolate quente, Chris? — Simon me perguntou.
Balancei a cabeça negativamente e ele me puxou para o seu colo. Beijou a minha bochecha e ajeitou o meu cabelo. Me abraçou em seguida e disse que eu ficaria bem, e que ele e Michael me protegeriam.
Peguei você, caderno azul, e subi para o meu quarto. E aqui estou eu, escrevendo com a mão esquerda e tendo que apagar a cada quatro palavras. E como não tenho mais nenhuma ideia e o dia das mães é amanhã, acho que vou entregar esse caderno mesmo. Separei alguns dos nossos momentos de crises e carinhos e espero que eles gostem. Vou deixar um texto para eles, e acho que Simon vai chorar.
Estou muito ansioso para a ver a reação dos dois! E então o caderno azul não será só meu, mas dos meus mães também.

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O Caderno Azul
Storie d'amoreQuerido caderno azul, eu te comprei para presentear os meus pais no dia das mães. Eu sei que existe pessoas que irão dizer que dois pais não são mães, mas para mim são. Minha professora diz que mãe é quem cuida, então Simon e Michael são, definitiv...