O almoço.

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Acordei no outro dia com uma leve dor de cabeça, peguei o celular para ver as horas e responder as mensagens do whatsapp. Tava passeando pelos meus contatos quando um nome me chamou atenção, Mauro Nakada, sorri lembrando da conversa de ontem e resolvi mandar uma mensagem:
 

"Ei, só queria que soubesse que tô totalmente sóbria e disponível para conversar sobre o Canadá haha bom dia!"

Em questão de segundos o celular apitou anunciando uma resposta, me fazendo sorrir ansiosa.

"Bom dia, Alice! Fico muito feliz em saber disso, mas me tira uma dúvida, você tá disponível só pra conversar sobre o Canadá ou pra outras coisas também?"

Ri com a sua mensagem, o japonês é bom de papo.

"Olha, pra você eu tô disponível pra qualquer coisa, principalmente pra um almoço hoje, enquanto conversamos sobre o Canadá"

"Isso foi um convite? Haha"

"Foi! Hahaha"

"Então eu topo! Eu te pego ou a gente se encontra em algum lugar?"

"Nos encontramos no restaurante, mas na próxima, você me pega 😉"
 

Enviei torcendo pra que ele entendesse o duplo sentido da frase e não me achasse muito atirada. Combinamos de almoçar num restaurante japonês perto de casa.

Avistei os cachos do Mauro assim que entrei no restaurante.

- Demorei muito? -perguntei atraindo seu olhar.

- O razoável para me fazer pensar que tinha levado um fora -ele levantou, beijando meu rosto, me fazendo sorrir.

- Então Mauro, o que exatamente quer saber sobre o Canadá? Tenho indicações de lugares de todos os tipos- falei analisando o cardápio.

- De todos os tipos? -perguntou curioso.

- Sim, desde os mais ousados até os mais tranquilos e normais -dei de ombros.

- Nossa, você realmente deve ter aproveitado esses quatro anos.

- Sim, eu aproveitei muito -ri- Mas eu tava com saudade do Brasil, e de tudo que ele pode oferecer -encarei os prédios de São Paulo pela janela.

O garçom chegou anotando os nossos pedidos e dizendo que não iria demorar muito.

- Mas então Alice, o que você realmente foi fazer no Canadá?

- Estudar cinema -falei e o sorriso cresceu no rosto do menino.

- Cara, não acredito nisso, eu estudo cinema também -contou empolgado- E a faculdade de Vancouver é uma das melhores e mais renomadas.

- Eu sempre sonhei em estudar lá, por isso larguei tudo aqui sem pensar duas vezes quando passei. -sorri me lembrando da sensação que senti quando recebi o e-mail do reitor da universidade.

- Eu teria feito o mesmo, estudar no exterior deve ser totalmente incrível.

- E é, eu aprendi muito nesses quatro anos, e não falo só das coisas do curso. Eu aprendi com a vida mesmo-suspirei, Mauro me encarava sério, como se tentasse me desvendar pelo olhar. O garçom chegou com os nossos pedidos, cortando o clima que havia surgido.

- Existe algo mais maravilhoso que japonês? -falei analisando meu prato.

- Olha, eu tô pra te dizer que não. Nós somos todos maravilhosos mesmo -ele disse brincalhão me fazendo rir.

Não paramos de conversar um minuto, Mauro é um cara muito inteligente e maduro para idade dele. Nós dois temos muito em comum, e isso tornou o clima mais agradável.

-Ah Mauro, eu amei hoje -disse ao japonês assim que estacionou na frente do meu prédio- Tem certeza que não quer subir?

- Obrigada Alice, mas eu realmente preciso gravar hoje, mas fica pra próxima -ele sorriu- Isso se você quiser sair comigo de novo né?

- É Claro que quero, você é um amor -toquei em seus cachos e ele sorriu- E não esquece que na próxima você me pega -pisquei e o sorriso dele se alargou.

- Impossível de esquecer isso, Alice.

- Bom que seja mesmo -soltei o cinto e ajeitei minha bolsa no ombro- Até mais Mauro, obrigada pelo almoço e pela carona.

- Eu que te agradeço pelas dicas e pela ótima companhia -nos despedimos com um beijo no rosto e eu saí saltitante do carro.

Entrei em casa e dei de cara com a Natália no sofá, nós moramos no mesmo prédio então uma entra e sai da casa da outra quando quer.

- Como foi o almoço com o Mauro? - já foi logo perguntando

- Oi linda, eu tô bem e você? -disse fazendo ela revirar os olhos- Foi bem legal, ele é um amor, mas como você sabe que eu tava com ele?

- Eu vi a foto no seu snap né lindinha -disse óbvia e eu ri- Mas então, rolou beijo? -perguntou toda animada.

- Não né Nah, eu conheci ele ontem, vamos com calma.

- E desde quando isso impediu Alice Monteiro de beijar alguém?

- Natália, eu mudei tá legal? Não saio beijando em primeiros encontros, e outra o Mauro parece ser um amor de menino, não quero estragar tudo. -expliquei e minha amiga me encarava com sua típica cara de deboche.

- Alice, você ta querendo romance com o Nakada? - ergueu uma de suas sobrancelhas e eu revirei os olhos.

- Ai Natália, vai arrumar o que fazer vai - abri a Netflix procurando um filme e ignorando os comentários ridículos da minha amiga.

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