Praia.

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Acordei com o despertador do celular, 8:00 da manhã. Mandei uma mensagem de bom dia pro Mauro, mesmo sabendo que, por alguma razão, ele odeia esse cumprimento. Depois de garantir que ele tava acordado, eu fui me arrumar. Tomei um banho rápido, ajeitei o cabelo e vesti um short com uma camiseta larguinha e um all star.

- Vamos lá Alice, ver se você não tá esquecendo de nada -falei pra mim mesma enquanto conferia minha mala. Revisei item por item e conclui que aquilo era o suficiente pra uma semana.

- Bom dia, mãe! Achei que já tivesse ido pro trabalho -falei ajeitando minhas coisas num canto da sala.

- Esperei pra me despedir de você, filha -caminhou até mim- Pegou tudo? -questionou e eu assenti- Bom Alice, sei que você já é grandinha, tem 22 anos mas sempre é bom alertar -suspirou antes de continuar- Mas se protejam, tá legal? Vocês dois são novos e não podem lidar com um bebê agora.

- Mãe! Por favor né? Eu sei disso, não precisamos dessa conversa constrangedora -ri fraco e desviei pra cozinha.

- Não tem nada de constrangedor nisso, filha. -a figura mais velha disse enquanto me seguia.

- Falar sobre minha vida sexual com a minha mãe é constrangedor sim! -afirmei comendo o resto do brownie. O interfone tocou anunciando a chegada do meu namorado.- Vai comigo até a portaria? -questionei.

- Claro que sim, quero falar com o Mauro.

- Ai mãe, olha lá o que vai falar hein -disse e ela revirou os olhos. Pegamos minhas coisas e fomos pro elevador. Mauro me esperava no hall do prédio, com uma bermuda cinza de moletom, uma camiseta preta e crocs. Ele sempre se vestia assim, meio largado e eu aprendi a amar isso também.

- Oi meu amor -selei seus lábios-

- Oi linda, deixa que eu fico com isso -pegou minha mala de mão- Oi Luiza -beijou a bochecha da minha mãe.

- Bom dia, Mauro! -ela resondeu simpática- Vou levar vocês até o carro -seguiu andando pelo hall arrastando minha mala.

Depois que ajeitamos tudo no carro, e fomos metralhados com recomendações da minha mãe, nós caímos na estrada.
O percurso foi extremamente agradável, e as quatro horas pareceram quatro minutos.

- Isso amor, agora é só virar a esquerda -eu guiava meu namorado pelas ruas de pedra da cidade- É aquela casa azul -apontei e Mauro estacionou o carro. Sorri encarando a entrada da casa que já me abrigou em tantos verões.

- Que casa linda, amor -Mauro elogiou.

- Ela é ainda melhor por dentro -desci do carro animada. Seu Tomás, nosso vizinho que cuida da casa pra gente, veio ao meu encontro.

- Alice, que bom te ver! -me abraçou.

- É muito bom ver o senhor também -sorri pra ele- Esse é o meu namorado Mauro -apresentei e ele puxou o japonês pra um abraço também.

- Bom querida, a casa está arrumada pra vocês, mas qualquer coisa é só me chamar -falou.

- Obrigada, e pode deixar que eu chamo -pisquei pra ele que riu antes de voltar pra sua casa.

- Que velhinho simpático -Mauro falou terminando de tirar as malas do carro.

- Sim, ele é um querido! -arrastei minha mala pra dentro da casa.

- Amor, essa casa é muito bonita -Mauro falou assim que entrou. Eu analisei cada canto e sorri, estava com saudade desse lugar. Última vez que vim aqui foi há uns três anos atrás, nas minhas primeiras férias da faculdade, única que consegui vir pro Brasil.

- Vamos levar nossas coisas pro meu quarto, amor -andei pelo corredor sendo seguida por ele. Adentrei o quarto de paredes azuis royal e móveis de madeira pintados de branco, totalmente diferente do meu de SP.

- Que quarto fofinho, tem até luzinha -falou apontando pro pisca-pisca enrolado na cabeceira da cama.

- Obrigada amor, não mudo a decoração desde os quinze anos -contei rindo

- E por que a cama de casal? Já trouxe outro namoradinho pra cá​? -ele perguntou brincando.

- Não, a única pessoa que dormiu comigo nessa cama foi a Nah -me deitei na mesma e ele repetiu meu ato.

- Ah da Nah eu não tenho ciúme -deu de ombros- Ei, aquilo é um violão? -perguntou apontando pra perto da sacada.

- É sim, a Alice de quinze anos amava tocar e cantar.

- E como eu só fiquei sabendo disso agora? -perguntou incrédulo.

- Eu não toco mais, então achei irrelevante -dei de ombros.

- Não é irrelevante, e você vai tocar uma música pra mim -falou pegando o instrumento.

- Ah não amor, faz um puta tempo que eu não toco.

- Por favor, amor -me entregou o violão- Pode ser só um pedacinho de uma música qualquer, eu só quero te ver tocando -pediu fazendo a cara mais fofa do mundo e eu suspirei pegando o violão de suas mãos.

- Tudo bem Mauro -disse antes de começar a dedilhar as notas da música tão conhecida por mim, que nesse momento faz todo sentido.

- Eu quero ouvir sua voz também -falou e eu ri antes de começar o primeiro verso.

- "Pra você guardei o amor que nunca soube dar..." -cantei a música toda sob o olhar profundo do meu amor, deixando a letra ainda mais verdadeira e intensa.

- Amor, a sua voz é a mais linda do mundo. -elogiou aplaudindo.

- Não exagera -ri deixando o violão de lado.

- Eu tô falando sério boba -deu a língua- E essa música é linda, ótima escolha.

- Eu escolhi ela porque foi a primeira que aprendi a tocar -dei de ombros- E tambem, porque só agora​ que a letra começou a fazer sentido pra mim. Só agora que eu encontrei o dono desse amor gigante e verdadeiro que eu guardei por todo esse tempo. -sorri o puxando pra um beijo.



Oii gente, capítulo novinho pra vocês. Espero que gostem e segunda tem mais.
Beijo 💜

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