Retrato

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Há nela qualquer coisa de amador
De principiante
De criança descobrindo as letras
Com graça e cuidado
Como quem cata conchinhas na praia.

Há nela um certo ar estrangeiro
De navegante
De pescador que perdeu-se nas ondas
De um mar no qual sempre habitou
Mas que súbito desconhece.

Há nela uma inércia de árvore
De monge
Fechado em sua eterna contemplação
De tudo.

Há nela o silêncio das aves
Que vivem seu paraíso azul
Indiferentes ao mundo
E à sua agitação.

E há nela a finitude dos dias
Que se rompem como ondas
Em direção ao acabar
De todas as coisas.

A mariposa na janelaOnde histórias criam vida. Descubra agora