Há poesia em todas as coisas
Poesia no por-do-sol da tarde
Poesia no rock and roll do vizinho
Poesia sem palavra, sem rima
A poesia de um olhar.
Poesia que não se fala
Que não se escuta
Poesia que nasce
De madrugadas silenciosas
Ou de uma inspiração qualquer
Na saída da escola.
Poesia que faz rir
Que faz chorar
Poesia gritada
Cantada
Cuspida fora
Numa canção desafinada.
Poesia de versos longos
Atrapalhados
Poesia de criança que cresce
E depois envelhece
Para só então descobrir
Que nunca deixou de ser
A criança de quarenta anos atrás.
Poesia de noites frias
E manhãs inocentes
Poesia que queima a cabeça da gente Que ninguém entende.
Poesia que pula do peito
Que se perde no vento
Da pipa que dança no ar
Do menino que corre descalço
Na grama
Bebendo a chuva;
Do corpo que deixa a alma falar.
Poesia de qualquer coisa
Ideia solta
Que intala na garganta.
Poesia que não sai do livro
Sai de uma imensa vontade
Que alguém tem de ser ouvido.
Poesia que não quer ser escrita
Quer ser lançada longe
Voar horizontes
Atravessar continentes
Só para soprar nos ouvidos
O seu segredo:
O de que a vida é linda
Quando olhada pelos olhos certos.
Olhos de poeta
- O poeta que no fundo
Todos somos.
E se a vida fosse simplesmente
- como dizem os próprios poetas -
Um olhar simples
Sobre todas as coisas,
Também ela não seria mais
Nem menos
Que uma simples poesia.
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A mariposa na janela
Poetry"Do lado de fora, a mariposa Indiferente se despede Na quase escuridão da tarde Se perde - Tal como o verso do poeta Que num instante de descuido desprende- se do papel E livre escapa para a vida." Aqui estão alguns de meus primeiros poemas.
