Não!
Não quero ver !
Não quero ouvir!
Não quero saber!
Deixem-me!Não quero acordar
Do sonho
Desse meu mundo - sonho
De amor e poesia.De girassóis amarelos
De cavalos - marinhos
De carrosseis coloridos
De menininhas brincando de roda
Embaixo da minha janela.Não quero o grito da menininha
Não quero sua dor
Sua incompreensão
É também a minha
Seu espanto é também o meu :
Por que, Deus? Por quê?Não!
Perdoe - me, menininha
Mas não posso saber
O que te fez o mundo
O homem da cicatriz no rosto...
Eu quero as roseiras
As manhãs de hortelã
Os toques amorosos de mãe
As estrelas, os poemas
As canções de Natal...Não quero o cheiro de sangue
Os corpos decepados
As mortes
Os estupros
As notícias do jornal.Não quero a fome
Das criancinhas de Guiné
Nem o medo dos refugiados do Irã.Não quero o corpo da menininha Sangrando nu
Nos fundos de um matagal.Com seu laço azul marinho
Manchado de vermelho
Comidos pelos vermes
Seus olhinhos de cristal.
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A mariposa na janela
Poetry"Do lado de fora, a mariposa Indiferente se despede Na quase escuridão da tarde Se perde - Tal como o verso do poeta Que num instante de descuido desprende- se do papel E livre escapa para a vida." Aqui estão alguns de meus primeiros poemas.