As palavras dizem pouco
Dizem quase nada
Pois são apenas palavras
Inúteis
Inúteis palavras!E palavras não servem
Ou não são necessárias
Quando o amor é demais
E explode em sentimentos
Que não se traduzem em palavras.Mas, afinal, que são palavras?
A língua que conheço não se fala
Nem com a boca nem com as mãos
Nem tão pouco com palavras.E palavras, estas, o que são?
Serão estes traços embaralhados
Desenhados no papel?
Então passei minha vida inteira
Palavreando sem saber!?
- E as palavras que escrevo agora
Me desmentem sem querer...?As palavras me traduzem
Em linhas e mais linhas
E tudo o que mais queria
Era me existir em palavras
Pois palavras agora me encantam.Mas o que escrevo não são palavras
Sei que não são!
Palavras são feitas de gis
grafite, carvão
E são bonitas como sorrisos.O que escrevo é feito de mim
Material grosso, estúpido;
Rascunhos, rabiscos, borrões.Em minha angústia e desespero
Tento inutilmente decifrar o indizível
Dizer o nunca dito
O que as palavras escondem.Mas as palavras cabem
Na monstruosa boca do mundo
E eu já nem caibo dentro
Desta pequena e solitária
Palavra "Eu".
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A mariposa na janela
Poetry"Do lado de fora, a mariposa Indiferente se despede Na quase escuridão da tarde Se perde - Tal como o verso do poeta Que num instante de descuido desprende- se do papel E livre escapa para a vida." Aqui estão alguns de meus primeiros poemas.