Capítulo 14 (NOVO)

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''Souls tend to go back who feels like home.'' – N.R Hart.

Katherine

Um mês e algumas semanas depois...

Eu continuava mantendo o fato de que estava gravida a mais de um mês em segredo, na verdade não estava muito longe dos três meses e dali a um tempo seria praticamente impossível esconder. Não estava pronta para não entrar mais nas minhas calças que já estavam começando a ficar mais apertadas ou para notar minha barriga marcar todas as minhas blusas mais justas. Deus. Eu não tinha tomado uma decisão concreta ainda.

O trabalho no bar tinha sido tranquilo aquela noite, mas, ainda me sentia mais exausta do que o normal, o que segundo o médico que vinha frequentando nos últimos dias me disse que poderia ser normal assim como os meus enjoos constantes que me faziam ir ao banheiro com frequência sem que ninguém ao meu redor notasse.

Subi as escadas em direção a porta e quando a abri me deparei com minha irmã sentada no sofá com um envelope comprido em mãos com seus olhos voltados para mim indecifráveis.

- Desde quando você vem me escondendo isso? – ela perguntou de repente me fazendo paralisar no tempo.

- Onde você achou isso? – olhei mais uma vez para o envelope em suas mãos.

Maldita fosse Emma. Eu sabia que envelope era aquele e tinha me certificado de guardá-lo no fundo da gaveta da minha escrivaninha com muito cuidado para que ninguém encontrasse, aquilo só podia ser um pesadelo.

- Por que andou mexendo nas minhas coisas? – vociferei o arrancando de suas mãos sem pensar duas vezes.

- Do que isso importa agora Katherine – ela ergueu sua voz contra a minha – Você está gravida. Porra. Por que não me contou? Me responda!

- Exatamente por isso eu acho – dei de ombros fazendo uma breve menção a ela que estava praticamente histérica a minha frente – Você não tem nenhum direito de entrar no meu quarto e vasculhar as minhas coisas.

- Eu estava à procura do meu maldito carregador – ela disse ríspida – O que vai fazer agora? Quem é o pai? Por favor me diga que você não saiu por aí transando com qualquer um pela frente só porque você terminou com Matthew e estava se sentindo mal ou algo do tipo.

- Jesus Emma, não sou como você – cuspi as palavras em sua cara sem querer.

Emma ficou calada. Não queria magoá-la, mas eu estava nervosa por ela ter mexido nas minhas coisas e estava confusa a respeito de toda aquela história na minha vida.

- Ele sabe? – ela perguntou.

- Sim.

- E por que ele não está aqui ao seu lado? O que você pretende fazer? Deus, ter esse bebê pode mudar a sua maldita vida por completo. Já parou para pensar nas consequências? – ela me encarou como se aquilo fosse uma questão de vida ou morte – Droga.

Fiquei em silencio porque não sabia ao certo o que ela gostaria como resposta ou se tinha respostas para suas perguntas. Eu não sabia ainda o que iria fazer ou pelo menos achava que não e Matthew teria ficado se eu tivesse permitido, sabia disso, mesmo que não estivéssemos juntos ou que ele não confiasse mais em mim por completo a maneira com que me fez prometer que ligaria para ele quando tomasse minha decisão tinha deixado claro. E sim eu já tinha pensado em todas as consequências que ter aquele filho significaria tanto na minha vida quanto na de Matthew, mas, não tinha chegado a nenhuma conclusão de verdade.

- Você está realmente pensando em ter esse filho? – Emma estava me olhando como se eu tivesse cometido um maldito crime naquele exato momento.

- O que você está sugerindo? – a encarei de volta já cansada demais para brigar.

- Você trabalha em um bar em período noturno de garçonete e ainda está na faculdade. Eu mal consigo dinheiro para pagar o aluguel desse lugar. Matthew está em turnê e é praticamente uma celebridade em ascensão a última coisa de que ele precisa agora é de uma criança para atrapalhar sua carreira, certo? Ele nem ao menos vai ter tempo para você então... – ela deixou escapar um suspiro longo e frustrado.

- Você acha que não sou capaz?

- Eu só acho que ser mãe solteira não é fácil – ela deu de ombros.

Assenti sem saber ao certo o que dizer e peguei a bolsa que tinha largado sobre o sofá ao seu lado quando arranquei o envelope dos meus exames de sua mão.

- Já parou para pensar o que nossa mãe vai achar disso? – ela gritou assim que fechei a porta do meu quarto fugindo de qualquer coisa a mais que ela quisesse me dizer.

Minha mãe provavelmente iria me odiar.

Droga. Larguei minhas coisas sobre o chão e me sentei sobre a cama já aos prantos, as lagrimas vinham em uma enxurrada de dor dentro do meu peito.

Ela tinha razão eu era apenas uma garota que trabalhava em período noturno em um bar afastado do centro da cidade como garçonete e uma simples universitária bolsista que tinha acabado de começar a estudar algo que realmente queria. Minha família estava praticamente falida, na verdade nunca chegamos a ser ricos. Nossa mãe desaprovaria completamente o fato de eu estar gravida e não ter nem ao menos uma aliança no meu maldito dedo. O pai da criança que crescia dentro de mim estava começando a seguir os seus sonhos de verdade e Emma tinha razão quando disse que um bebê poderia mudar tudo em nossas vidas e as consequências eram muitas para ambos, mas, eu ainda queria acreditar que poderia de alguma forma achar uma solução.

Na tela do meu celular uma mensagem de Matthew surgiu, ele provavelmente queria saber como eu estava. Tinha feito aquilo desde o dia em que pedi que ele fosse embora porque precisava de tempo e sabia que ele ainda estava à espera de uma resposta.

As lagrimas continuavam a cair sobre o meu rosto.

Peguei o celular, mas, não o respondi a mensagem fiquei parada olhando a tela pensando no que eu queria para minha vida naquele momento e no que realmente queria fazer.

Liguei para ele.

- Oi – sua voz suave soou após a segunda chamada do outro lado da linha.

- Oi – respondi depois de míseros minutos tentando controlar as minhas fungadas enquanto secava as lagrimas do meu rosto sem enxergar absolutamente nada ao meu redor.

- Você está bem? – ele perguntou preocupado.

Respirei fundo me sentindo completamente exposta mesmo que soubesse que ele não podia me ver naquele momento tentando consciência apenas da sua respiração e da sua voz do outro lado da linha.

- Espero não ter atrapalhado seu sono ou algo do tipo – falei.

- Eu não estava dormindo na verdade – ele disse – Mas você não respondeu a minha pergunta.

- Onde você está? – perguntei.

Matthew ficou em silencio e eu pude imaginar seu rosto intrigado por eu simplesmente ter me desvencilhado mais uma vez da sua pergunta. A verdade é que eu não sabia se estava bem ou não, mas, esperava ficar.

- Em um quarto de hotel deitado sobre a cama olhando para o teto – ele respondeu com a voz baixa.

Fiquei em silencio dessa vez tentando materializar a cena na minha cabeça enquanto me concentrava no que realmente queria dizer para ele.

- Então porque está me ligando a essa hora Kitty? – ele perguntou cauteloso.

- Você me fez prometer que eu ligaria quando tivesse tomado minha decisão – respondi.

- Ok, então o que decidiu? – havia uma agitação quase imperceptível em sua voz.

- Eu vou ter o bebê – respirei fundo, porque aquela decisão carregava o peso de não uma, mas, três vidas que poderiam mudar para sempre.

CRAWLING BACK TO YOU (NOVA VERSÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora