Arabella
Aquela cerimônia havia mexido comigo de alguma maneira, eu não era uma grande entusiasta de casamentos e ainda assim estava emocionada. O amor de Matthew e Katherine transcendia em seus olhos.
Nunca cheguei a dizer a ela, mas já tinha visto os dois juntos um das minhas visitas de emergência do meu pai ao hospital. Eles estavam lá, um rapaz deitado sobre o colo de uma garota adormecidos e cansados sobre a cadeira de um corretor vazio de hospital em meio a madrugada. Na época, eu nem ao menos conhecia Katherine ou tinha me dado conta de que o rapaz sobre seu colo tinha sido meu vizinho ou muito menos sabia as circunstâncias que os tinha trazido até ali, a única coisa de que me lembrava era que quando os vi daquela maneira imaginei se seria possível amar alguém da maneira com que eles se amavam.
Aquilo era uma utopia, mas, eu estava feliz por testemunhar aquela união que de alguma maneira me fazia ter esperanças no amor.
Eu estava sentada em uma das mesas espalhadas sobre a praia admirando o mar ao longe e suas ondas diante a fraca luz da lua daquela noite estrelada. Aaron havia saído para cumprimentar os noivos, eu já havia feito aquilo então decidi ficar por ali observando a paisagem e as pessoas, algo que eu sabia fazer com maestria por conta da minha timidez que surgia instantaneamente quando me via em lugares desconhecidos.
Uma cadeira foi arrastada logo atrás de mim e de repente eu já não estava mais sozinha, me senti observada. Meu nervosismo estava de volta. O que ele estava fazendo? E por que eu estava nervosa com aquilo? Droga. Será que era impossível não me sentir daquela maneira sempre que alguém resolvia olhar para mim.
Arabella você é uma mulher adulta e deveria saber lidar com isso mentalizei, porém, infelizmente eu não sabia ou na verdade talvez nunca saberia. Sempre seria constrangedor e embaraçoso sustentar e me sentir confortável com olhares, ainda mais de caras como Scott que exalavam beleza e certo tipo de charme por onde passavam. Chegava a ser irritante.
- Você não deveria ficar nervosa, digo, garotas como você não deveriam se sentir dessa maneira – eu preferia imaginar que ele não estivesse falando comigo.
Aquilo só podia ser uma alucinação das bem ruins.
- Ótimo você não quer falar comigo – sua voz soou frustrada chamando minha atenção. Na minha mente caras como ele não deveriam se sentir assim também, talvez eu teria que rever os meus conceitos.
Será que ele se lembrava daquela noite no bar? Claro que não. Ele estava bebendo e derrubou metade do conteúdo de seu copo na minha roupa, aquela tinha sido a pior noite de todos os tempos em uma casa noturna e Aaron ainda vinha tentando me convencer de que poderíamos ir a outras boates, que a experiência seria melhor, mas, sinceramente eu já tinha desistido.
- O que você quis dizer com garotas como eu? – perguntei sem saber ao certo o que eu estava fazendo. Agir por impulso não me parecia certo, mas também não parecia certo não dizer uma só palavra.
Ele sorriu e mordeu o lábio inferior como se tivesse contente por finalmente ter conseguido que eu dissesse algo. Seu sorriso revelou suas covinhas no canto de sua boca. Deus. Aquilo não era justo.
- Olhe para você – ele continuava com seu sorriso sinuoso – Tão sexy e fofa ao mesmo tempo. Seus olhos e essa boca. Caramba anjo. Eu poderia sonhar com você todas noites
Tinha certeza que naquele exato momento o meu rosto inteiro poderia estar vermelho pois eu estava ardendo em chamas. Por que decide abrir minha boca para falar algo mesmo? Desviei meu olhar mais uma vez, era impossível continuar olhando para ele depois daquilo.
- Sabe você deveria parar – disparei sem pensar fechando meus olhos – Isso é ridículo e além do mais tenho certeza que sabe que sou amiga de Emma, certo.
Aquilo não era uma pergunta e sim uma afirmação minha porque eu queria deixar aquilo bem claro para ele.
- Desculpe eu não quis ser mal-educada – respirei me voltando para ele – É só que nós não deveríamos estar tendo esse tipo de conversa.
- E você deveria saber que eu não tenho nada com Emma – ele não desviou seus olhos nem por um segundo se quer dos meus – Eu sou um espírito livre.
Ele sorriu de novo e eu não entendia como os relacionamentos de Emma funcionavam, mas, sabia que Scott não era apenas uma transa de uma noite na agenda dela. Ele era mais que isso e naquela noite eles tinham sidos padrinhos do casamento, juntos. Eu estava lá assistindo enquanto ela passava suas mãos pelos seus braços, talvez pela formalidade da cerimonia ou não, mas eu também pouco me importava. Estava cansada daquela conversa que mal havia se iniciado e sabia que não podia continuá-la.
- Com licença – falei por fim me levantando de onde estava.
Precisa sair dali e respirar um pouco, mas sua mão me impediu sutilmente tocando o meu pulso. Eu juro que não queria sentir o que senti naquele exato momento, mas era como se calor e frio coexistissem ao mesmo tempo por toda a extensão da minha pele.
- Desculpe, mas, não vou deixar que você se vá dessa vez sem que eu nem ao menos saiba o seu nome. – nossos olhos se encontraram e eu os desviei para a sua mão que continuava sobre o meu pulso.
Dessa vez. Ele se lembrava da noite na casa noturna.
- Arabella! – alguém gritou meu nome me fazendo o favor de nem ao menos abrir minha boca de novo.
Olhei por cima de seus ombros e avistei a amiga de Katherine acenando para que eu me juntasse a ela, Aaron e o irmão da noiva. Soltei meu pulso de seu braço tentando não soar rude.
- Com licença Scott – as palavras saíram tão baixas que eu não sabia ao certo se ele as tinha ouvido e então sai o mais rápido que eu pude de sua visão.
Eu não sabia ao certo se eu estava com raiva por ele lembrar daquela noite e nem ao menos pedir desculpas ou algo do tipo. Ou se eu estava completamente nervosa por ele ter a ousadia de ter me tocado, ou se até mesmo se estava completamente confusa sobre tudo aquilo. A única certeza que eu tinha era que ele não era alguém que eu devesse me aproximar, seja lá o que ele fosse ou não de Emma.
Eu tinha que me manter afastada pela minha própria segurança.
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CRAWLING BACK TO YOU (NOVA VERSÃO)
Romance|LIVRO 2| Matthew Becker quase sempre havia sido visto como um rock star sedutor que não media esforços para conquistar as mulheres que desejava sem jamais se apaixonar por elas, mas isso foi antes de conhecer a mulher que fez seu coração acelerar e...