Capítulo 1

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O mau de estar dependente de alguém é que quando esse alguém se afasta deixa um lugar vazio e, dependente do lugar ocupado por ele, o afastamento pode ser-nos doloroso de tal modo que nos sentiremos como se uma parte vital de  nós nos houvesse sido tirada.
Depois que completamos três anos de amizade, Natsu afastou-se de mim, e faz exatamente três semanas e poucos dias que ele se afastou, consequentemente afastando Happy de mim. Apesar da troca de insultos eu amo aquela criatura que, junto de seu dono, me acompanhou na minha jornada na Fairy Tail que, dolorosamente acho que chegou ao fim.
Vou á caminho da guilda pelas bermas da estrada, o que é considerado estranho pelos pescadores. Faz tempo que nenhum sorriso sincero passeia pela minha face, meus olhos catanhos rodeados pela mancha natural negra, meu olhar sem vida e quase apagado, minha pele está pálida pela falta de exposição ao sol e eu estou tão magra que mal reconheço meu corpo.
Ao chegar á guilda, silenciosamente, vou até o balcão da Mira, onde sento-me e apoio minha cabeça sob ele.
M- Bom dia Lucy, como estás hoje?- perguntou Mira com a voz animada. Parecia feliz.
L- Bem Mira, e tu? Pareces feliz, há alguma razão especial para tal?- perguntei com um sorriso forçado. Mira começou a falar, sem pausas, do seu relacinamento com o DS de relámpago. Sem nada dizer fui escutando, tentando fugir de meus perturbadores pensamentos, mas logo vi-me denovo triste pelo mesmo motivo de sempre.
M- Lucy, o que se passa afinal? Sabes que sou a sua amiga mais paciente, e vejo-te assim já faz algum tempo, e sinceramente, já estou a ficar preucupada, na realidade, todas nós estamos.- senti a preucupação em cada palavra por ela pronunciada, mas o que eu podia fazer? Me rebaixar para alguém que não quer mais saber de mim? Não! Por mais que eu esteja a sofrer, ele o decidiu assim, acha que o melhor é ficar longe de mim, talvez eu não seja digna de sua companhia. Só esses pensamentos já me deixam mais triste, adoecida e fraca.
L- Não é nada Mira, deve ser apenas uma gripe, logo passa.- vi que para ela, minhas palavras não são credíveis.
M- Lucy, vens dizendo isso há mais de três semanas, e segundo a Wendy tu estás bem. Podes dizer-me o que teu coração pede e tu lho negas Lucy?- lágrimas, acumulam-se em meu olhos
L- Não sou eu que lho nego o que ele quer. Ele simplesmente tem de aceitar que o que ele quer não lhe pertence.- respirei fundo para evitar desabar aqui mesmo, os olhos da Mira exalam confusão e eu não tenho fólego para isso hoje.- Eu tenho que ir. - levantei-me do banco, e caminhei antes da Erza começar com seu doloroso interrogatório, mas mal levantei-me, vi tudo a volta a girar, minha visão escureceu, mas antes de mergulhar no profundo breu, senti os braços dele me rodearem, me fazendo entrar num sono profundo e sem sonhos.

Natsu

Nada do que acontece á minha volta é por mim ignorado, principalmente se isso é ligado a ela. Eu venho prestando atenção em suas mudanças, mas tudo tem uma razão. É claro que há uma saída rápida para nossa dor, mas nunca arriscaria sua vida pelo bem meu e do meu Dragão. Quando a vi cair aos poucos, vi-me demasiado absorto para importar-me com END, carregando-a em meu colo, onde se aconchegou imediatamente. Aquele contacto faz bem a ambas partes, e isso nem mesmo eu podia negar.

Estamos a dois dias na enfermaria, todos preucupados mas eu sei mais do que ninguém que isso é o melhor para ela no momento. Estar em meus braços a dormir, um lugar onde não há pesadelos nem Acnologia, apenas o perrigo de END. De tão absorto, quase não notei-a acordar. Saí de perto, sentei numa poltrona ali perto.
N- Boa tarde Luce. - ela olhou-me, mas nada disse- Luce, eu prec..- vi-me enterompido por ela e suas, antes doces, duras palavras.
L- Olha Natsu, eu tive uma queda de pressão, desmaiei, mas estou bem pode voltar para tua vida. Não gostaria de obrigar-te a ficar em minha presença, o que deve ser um grande sacrifíci pra ti. Liberto-te de minha presença. - abaixei a cabeça. Ela tem razão, de acordo com as minhas ações é isso que dá a entender.
N- Luce, isso não é verdade. Ficar contigo nunca será um sacrifício para mim.- sua rizada sarcástica ecoou pelo quarto.
L- Ah, poupe-me Natsu. Minha presença, por alguma razão tornou-se incômoda pra ti. Mas nada temas, hoje mesmo pedirei para sair da guilda. Vou para a Sabertooth, Sting e Rogue convidaram-me ja faz algum tempo.
N-  Não, não e não! Tu não podes ir á Sabertooth, se tu fores o mundo inteiro será destruído. Não haverá mais Natsu pra contar historia, e tu jamais serás feliz.
L- Deixa de ser convencido Natsu. Quem te garante que não serei feliz? Farei novas amizades, e se eu fui feliz aqui foi por causa delas.
N- Até pode ser, mas o teu companheiro está aqui. E sem ele a vida não será completa. Lucy, se tu fores, END vai acordar, e eu não quero saber o que acontecerá caso isso chegue a se concretizar. Na realidade, não há como eu saber né? Olha, pode não parecer mas essa maldita distância não faz mal só a ti. Eu também tenho pesadelos, tu por acaso já viste alguma especie de alimento entrar em minha bouca? Eu não como há malditas três semanas Lucy, mas sabe o que me mantêm em pé? A sua segurança e, por enquanto, ela está longe de mim.- vi expressão preucupada apossar-se dela
L- E-eu, não sei o que dizer. Porquê Natsu? Porquê? Eu..., eu realmente não entendo. Nós éramos felizes juntos, uma equipa do melhor e, acima de tudo, éramos uma família unida. Quando foi que nos afastamos? Quando? Sabe como eu me senti quando vocês se afastaram de mim? Totalmente sozinha. A casa andava silenciosa demais, o quarto sempre arrumado e frio demais, minha cama virou o espaço mais gélido e desconfortável do mundo e minha geleira está sempre cheia. Essas três semanas mais pareciam uma eternidade, um período longo e doloroso. Mas porque tu odeias-me?
N- Eu não te odeio, muito pelo contrário, quem te odeia è END e isso porque ele sabe que só tu o podes destuir.
L- Eu? Eu mal consigo defender-me, quem dirá derrotar END, eu não quero derrotar END. Nós podemos voltar a conviver como antes, END estava lá e mesmo assim era como se não estivesse. - neguei com a cabeça, antes tudo era diferente,  hoje nada pode ser o mesmo.
N- Luce, naquela época, meu Dragão Interior estava adormecido junto de END, mas agora ele está a despertar junto de END. Se por acaso eu não ficar com a minha companheira no período de 5 semanas, meu Dragão morre e end desperta.
L- O que acontece contigo se o Dragão morrer?- exitação, é o que esta expressa naquela pergunta. Suspirei.
N- Se por acaso ele morrer e END despertar, Natsu morre. Zeref e Acnologia virão ao seu encontro para semeiar o caos em todas as dimensões existentes. Não existira mais Natsu neste corpo, apenas END.- seus olhos assustados marejam. Respirou fundo para contê-las.
L- Se eu matar END tu não morres?
N- Depende da forma como o matares. Se usares o livro de Zeref eu morrerei, mas se descobrires a minha companheira e ela me aceitar assim como sou, nada de mal me ha-de acontecer. Mas deixando esse assunto de lado, vamos para casa? Eu estou morto de fome e cansasso. E acho que a tua cama ainda é confortável.- ela riu verdadeiramente depois de longas três semanas.
L- E é suposto quem cozinhar? Tu?- perguntou zombeteira, arqueiando uma sombrancelha. Ri.
N- Luce, nós sabemos que tu é que sabes cozinhar, meu papel é comer.- ela riu - Mas antes, temos que passar num lugar. - ela franziu o cenho mas nada disse. E foi nesse momento que vi que Luce ainda confia em mim de olhos fechados.

Minha companheiraOnde histórias criam vida. Descubra agora