Bip Bip!!
Acordei com o barulho irritante do meu despertador, com um pouco de dificuldade e muita preguiça me levantei ainda no meu estado zumbi e fui em direção ao banheiro pra tomar banho e fazer minha higiene pessoal. Após sair do banho me sentindo finalmente acordada vou até meu guarda roupa. O legal da minha escola é que quando você entra para o ensino médio você não precisa obrigatoriamente usar o uniforme, você pode optar por usar suas próprias roupas, que é o meu caso, ou então optar pelo uniforme completo pelo menos uma vez na semana. Eu não sou de me arrumar muito pra ir a escola, então visto uma calça jeans simples, uma camiseta branca lisa um pouco larga, um alstar vermelho meio surrado no pé e por último mais não menos importante meu amado moleton cinza. Penteio meu cabelo e o deixo solto mesmo, pegando minha mochila e decendo pra tomar café em seguida.
- Onde está minha mãe? - pergunto a Virgo assim que entro na cozinha.
- Saiu mais cedo. Disse que tinha que ir agora por que precisavam dela no trabalho, e pediu pra avisar que vai chegar mais tarde também. Você tem que conversar com sua mãe, ela anda trabalhando muito, vai acabar ficando doente! - ela me respondeu terminando de preparar o café.
Virgo está comigo há muito tempo, sempre cuidando de mim enquanto minha mãe trabalhava.
- Eu já tentei, mas quem disse que aquela teimosa me escuta? - eu disse em um tom um pouco preocupado, minha mãe trabalha muito, e isso vai acabar a prejudicando.
Na minha opinião minha mãe é um ótimo exemplo de superação, a história dela com o meu pai é bem clichê, não tão bonita, mas clichê.
Como na maioria das histórias românticas o casal se conhece no colegial, naquele tempo meu pai era jogador de futebol e minha mãe era simplesmente uma observadora. Para começarem uma amizade meu pai teve um pouco de trabalho, pois minha mãe não era muito fã do tipo dele e suas companhias. Com o tempo se apaixonaram um pelo outro, e começaram a namorar ainda no 2° ano, terminando o colegial juntos.
Por descuido dos dois minha mãe acabou engravidando cedo demais, virando a vida deles de cabeça pra baixo. E vocês já devem imaginar o que aconteceu daí pra frente, minha mãe teve que largar a faculdade enquanto meu pai fazia a de direito, sem maturidade e dinheiro suficiente pra manter uma criança as dificuldades só aumentaram.
Após algum tempo eu nasci, e mesmo que na hora inadequada eu tenho certeza de que meus pais me amaram muito. Com a ajuda dos meus avós paternos, minha mãe conseguiu estabelecer as coisas enquanto meu pai terminava a faculdade, não tínhamos uma renda muito boa, mais mesmo assim éramos muito unidos e felizes.
Por algum tempo as coisas estavam indo perfeitamente bem, meu pai havia se tornado um ótimo advogado, e era responsável pelo sustento da nossa família. Minha mãe não trabalhava fora, cuidava de mim e vez ou outra fazia alguns trabalhos pequenos, como concertos, encomendas e etc. Porém nada que é bom dura por muito tempo na minha vida. Em um dos trabalhos fora do meu pai ele acabou se envolvendo em um acidente e capotando ladeira a baixo. De acordo com os bombeiros meu pai saiu do carro ainda com vida, mas devido aos graves ferimentos não conseguiu se distanciar o suficiente para que a explosão do carro não o atingisse.
As consequências que isso trouxe foram várias, minha mãe teve que começar a trabalhar, afinal precisávamos nos sustentar! mas como ela não terminou os estudos as opções de emprego eram cada vez menores, sem falar que nessa época eu ainda era uma criança, necessitava de atenção e alguns cuidados. E é ai que a Virgo entra. Ela havia sido contratada pela minha mãe pra ser minha babá, deixando minha mãe um pouco mais tranquila enquanto trabalhava.
No começo o salário era bem baixo se comparado com as horas de trabalho, mas minha mãe não tinha muita escolha, então eu fiquei praticamente sozinha até meus 12 anos. Apesar de sempre ter a Virgo do meu lado alguém da minha idade fazia falta, foi quando resolveram me mudar de escola, me matriculando na Fairy Tail, onde conheci todos os verdadeiros amigos que tenho hoje.
Tomei meu café e me despedi da Virgo com um beijo na bochecha saindo de casa e indo em direção a escola. Ela não ficava longe da minha casa então quando não ia de bicicleta gastava no máximo 10 minutos até lá.
Cheguei à escola indo até o pátio pra encontrar meus amigos. Lá avisto todos na mesma mesa de sempre, estão tão concentrados em algum assusto que nem se deram conta de que cheguei. Me aproximei mais um pouco, e com um sorriso de orelha a orelha disse em alto e bom som:
- Bom dia!! - eles me olharam um pouco assustados, talvez por não terem me visto.
- Credo Lucynda tá querendo matar a gente é? - disse a Erza com a mão no peito.
- Deixa de drama Erza! então, qual é o assunto tão interessante pra fazer vocês ficarem que nem maritacas logo de manhã? - eu disse me sentando entre Erza e Gray.
- É sobre a visita que o grupinho da Sabertooh nos fez, não sabia? - disse Levy como se aquilo fosse uma coisa óbvia.
- A Sabertooh veio aqui? quando? o que eles vieram fazer aqui? - eu disse tudo de uma vez extremamente confusa.
- Lucy você vive dentro de uma caverna por acaso? Eles vieram aqui na semana passada pra desafiar os garotos do time de basquete, queriam fazer uma disputa antes dos jogos de "verdade", que no caso vai ser hoje! - disse Juvia que parece ter ficado indignada por eu não saber disso, não é minha culpa se talvez eu seja a única pessoa daqui que não lê o jornal da escola.
- Nossa, isso foi muita informação pra uma manhã só. Mas enfim, que horas vai rolar essa tal disputa? - eu perguntei enquanto nos levantavamos e íamos em direção ao prédio da escola.
- Parece que os garotos conversaram com o diretor e como não é uma disputa oficial ele liberou o último horário aqui mesmo no ginásio da escola - disse Levy quando já havíamos entrado.
- Nós vamos estar lá pra ver vocês acabarem com a Sabertooh, então não nos decepcione - disse Erza apontando pra cada um dos meninos.
- Pode deixar, nós vamos arrebentar esses otários - disse Jellal dando um selinho na Erza logo depois.
- Acho bom mesmo! - disse Erza um pouco corada, peraí, Erza corada? Estamos diante de um fenômeno que não se ve todos os dias.
Após presenciar algumas cenas bem chatas entre meus amigos, as meninas se despediram dos meninos que iam na direção oposta a nossa. Cada uma ficou separada do seu parceiro na divisão das salas, e eu ainda desconfio que tem dedo da Aquárius nisso.
Entramos na nossa sala 3-B e nos sentamos nos mesmo lugares. Enquanto o professor não chegava as meninas ainda conversavam sobre a disputa dos garotos, e eu fico super distraída olhando pra qualquer ponto do lado de fora da janela.
Até que minha atenção foi presa em um certo lugar, em um certo rosado pra ser mais específica. Ele havia acabado de chegar, e como sempre foi rodeado de pessoas, principalmente garotas, argh! se eu fico com ciúmes? É claro que sim, se você não sabe, quando se gosta de alguém é natural sentir ciúmes, principalmente quando aquela pessoa não é nada sua, tornando as coisas ainda mais difíceis.
Simplesmente desvio o olhar para dentro da sala percebendo que o professor Tauros já havia chegado. Pego meus materiais e começo minhas anotações.
...
As duas primeiras aulas haviam sido tranquilas e agora eu estava indo com minhas amigas novamente para o pátio encontrar os meninos para aproveitarmos o intervalo.
Já estávamos cada um com seu lanche e estávamos conversando sobre coisas banais, até que vimos Gray direcionar seu olhar para algo, então fizemos o mesmo, percebendo a presença de um certo alguém ao lado da nossa mesa. Ele se aproximou mais e disse:
- Eai gente, beleza? - Se pronunciou enquanto fazia um gesto com as mãos como se estivesse acenando.
- Beleza, eai cara como vai? - disse Jellal o cumprimentado.
- Vai indo né! - disse ele com um sorriso meio amarelo me fazendo ficar confusa.
- Senta com a gente Natsu, já faz um bom tempo que você não faz isso. - Dessa vez Levy se pronunciou, mas a frase parece tê-lo deixado meio desconfortável.
- Bem é que.... - ele ia dizendo mais foi interrompido.
- Natsuuu anda logo estão todos esperando por você! - gritou a dona da voz mais irritante do mundo, Minerva, capitã das líderes de torcida e namorada do Natsu.
- Já vou - ele gritou de volta, todos na nossa mesa viraram os rostos fazendo caretas como se dissessem "Já entendemos tudo".
Ele nos olhou com a mão na nuca e meio sem graça como se pedisse desculpas, então antes de virar as costas e ir embora ele disse:
- Até mais gente - ele se virou na minha direção um pouquinho corado e disse - Até mais Luce.
Assim que ele saiu todos se viraram pra mim com aquelas carinhas e juntos disseram:
- Hummmmm! até mais Luce - falaram e depois cairam na risada, e eu? Eu fiquei olhando pra eles com cara de tédio. Já tinha me acostumado a esse tipo de zuação todas as vezes que ele direcionava a palavra a mim.
- Quando é que esses dois vão finalmente ficar juntos? - disse Gray atraindo minha atenção para a conversa.
- Não é? Tá na cara que se gostam! - disse Levy, me deixando um pouco vermelha.
- Eles estão nesse lenga lenga desde o fundamental, se peguem de uma vez - disse Gajeel me deixando mais vermelha pela forma que falou.
- Ei ei, será que da pra parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui? - digo ainda vermelha.
- Que foi Bunny Girl, tá com vergonha? - disse Gajeel.
- Apenas calem a boca! - eu disse alterando o tom de voz e chamando atenção para nossa mesa.
Eles me encararam meio assustados, afinal eu não era de explodir assim, nem eu entendi por que fiz isso. Mas logo caíram na gargalhada, me deixando ainda mais constrangida, que belos amigos eu tenho. O sinal tocou anunciando o fim do intervalo, me levantei antes de todos e voltei pra sala enquanto eles tentavam parar de rir, sacanagem.
...
As aulas finalmente tinham acabado e agora eu estou com as meninas na arquibancada do ginásio da escola esperando a partida começar. Os garotos da Sabertooh já tinham chegado e estavam se alongando em um canto da quadra, enquanto no outro canto os garotos da nossa escola faziam algum tipo de estratégia.
Cinco minutos e o jogo havia começado, Fadas de um lado e Tigres do outro, estranho fazer essa comparação cogitando que as Fadas são mais fortes que os tigres não é? Na primeira vez também pensei a mesma coisa, mas aquela frase "nunca julgue um livro pela capa" se aplica perfeitamente a esse tipo de situação.
Se eu dissesse que estava aqui somente para acompanhar minhas amigas eu estaria claramente mentindo, eu vim aqui não só para torcer pela minha escola mas também pelo Natsu, faço isso desde que ele entrou pro time de basquete.
Lembro-me que ele havia dito que foi convidado para participar do time depois que o antigo capitão o viu jogar, e ele disse que só aceitaria se eu prometesse que iria em todos os jogos torcer por ele, e eu cumpri, estando sempre na arquibancada torcendo por ele em cada jogo. E mesmo depois de tudo o que aconteceu continuo cumprindo fielmente minha promessa.
Ao final do jogo podíamos ver no placar nitidamente como as Fadas massacraram os Tigres com os últimos pontos marcados pelo novo capitão do time Natsu Dragneel. A euforia e comemoração era tão alta que as vaias da escola Sabertooh quase não eram ouvidas, o que realmente não faz diferença alguma agora. Alguns integrantes do time adversário saíram batendo pé, enquanto os outros foram parabenizar os vencedores.
Assim que o ginásio se esvaziou um pouco aproveitei que as meninas estavam ocupadas com seus respectivos namorados, e fui parabenizar o Natsu. São poucas as vezes que consigo fazer isso pessoalmente, digo, sem ser através de uma janela e por meio de um caderno.
Fui me aproximando devagar, quando me viu indo em sua direção o mesmo ficou surpreso, mas logo abriu um lindo sorriso. Pouco antes de chegar até ele Minerva passa por mim como um vulto, praticamente se jogando em cima dele e depois começando a falar um monte de asneiras que eu não fiz questão nenhuma de prestar atenção, enquanto Natsu olhava de canto de olho pra mim e tentava se recompor.
Ao perceber minha presença ela me olhou com deboche e depois deu um...sorriso? Se virou para o Natsu e me fez presenciar o que eu menos queria ver naquele momento, e se possível em momento algum.
Minerva tascou um belo de um beijo no nele bem na minha frente, o mesmo de início ficou meio surpreso e me olhou de canto de olho, mas ao ser "repreendido" pela namora que insistia ele acabou cedendo, fazendo Minerva me lançar um olhar vitorioso.
Já sentia meus olhos arderem, então pra não ter que pagar uma humilhação na frente de ninguém, simplesmente respirei fundo, abaixei a cabeça e sai dali a passos largos.
Ela fez isso só pra me provocar, afinal ela sabe que eu tenho uma paixão bem antiga pelo Natsu, e sabe qual é a pior parte de tudo isso?
Ela está conseguindo.
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You Belong With Me
FanfictionAs vezes me pego observando descaradamente sua janela, apenas esperando o momento em que aquelas cortinas negras se abram, revelando aqueles olhos ônix que sempre me hipnotizam. Não sei exatamente em que momento desses cinco anos eu me tornei uma bo...