Capítulo 4

450 35 77
                                    

        Natsu
          Me troquei, avisei aos garotos que no dia seguinte haveria treino e fui andando calmamente em direção a minha casa.
           Assim que cheguei já pude sentir o cheiro da comida do meu velho.
     - Cheguei! - eu disse enquanto jogava minha mochila em um canto da sala e ia em direção à cozinha.
     - Ótimo, o almoço está quase pronto. - disse meu pai quando adentrei a cozinha e me sentei na bancada.
           Fui andando bem devagar na direção das panelas e com o máximo de cuidado coloquei o dedo ali pra provar.
     - Tira a mão daí moleque. - disse meu pai em tom autoritário.
     - Sem graça! - eu disse emburrado por ter sido pego no flagra, e o mesmo começou a rir.
    - Então, como foi a escola? - perguntou meu pai enquanto nos servia.
     - Normal - eu disse sem expressão alguma.
     - hum, filho, aconteceu alguma coisa com você e a Lucy? - meu pai me perguntou pela milésima vez. 
     - E lá vamos nós de novo! - eu disse entre um suspiro, não sei como as minhas conversas com o meu pai sempre acabam caindo nesse assunto. - Pela milésima vez pai, não aconteceu nada. Porque você continua perguntando isso?
    - Oras, por que vocês viviam grudados, e agora você não vai na casa dela e nem ela aparece mais aqui. No começo achei que vocês tinham brigado, mas uma briga de melhores amigos não dura todo esse tempo...dura? - disse meu pai. 
Ele sempre gostou muito da Luce. Quando ela vinha aqui em casa, seja pra dormir ou somente almoçar meu pai fazia a festa, talvez um agradecimento por tudo o que ela fez por mim na época.
    - Nós não brigamos pai, só decidimos nos afastar, quer dizer, eu decidi me afastar dela. - eu o respondi enquanto comia e ele me olhou sério.
     - Essa é nova, e o que te levou a fazer isso? - meu pai perguntou me fazendo o olhar brincalhão.
     - Pode parar de se fazer de bobo senhor Igneel, você sabe muito bem que eu gosto dela. - eu disse e ele levantou as mãos em forma de rendição junto à uma risada.
     - Ok ok, mas minha dúvida é, porque decidiu se afastar ao invés de se declarar? - ele perguntou me fazendo dar outro suspiro.
     - Vamos analisar o caso sim?- eu disse e ele assentiu. - Ela me vê e me trata como um amigo, sempre foi assim, não acha que eu me declarando só iria acabar com a amizade que a gente tem?
Ele me olhou confuso. 
    - Que amizade? Se não percebeu, essa amizade que você tanto presa já acabou, você deu um fim nela quando decidiu se afastar. - ele disse me fazendo voltar a refletir sobre isso. - Meu filho, tem certeza de que isso foi o certo a se fazer? sabe, se esconder dos problemas não vai fazer eles se resolverem, é preciso os enfrentar cara a cara, pense sobre isso ok? É apenas um concelho que lhe dou.
           Apenas concordo com a cabeça e termino meu almoço, será que isso é realmente o certo? Em um ponto meu pai tem razão, a partir do momento em que eu me afastei nossa amizade não é mais como antes, isso se ainda formos amigos. Pego minha mochila na sala e subo pro meu quarto, me deito e sem nem perceber acabo caindo no sono.
           Acordei com o som de notificação do meu celular, eram os caras do time de basquete me convidando pra ir comemorar com eles em um bar da cidade, e eu recusei como sempre. Não gosto muito desse tipo de programa, principalmente o que vem depois de litros e mais litros de bebida.
 Não iria conseguir dormir de novo então me levantei e fui tomar um banho, saí do banheiro já vestido e estava usando uma toalha menor pra secar o cabelo. 
Passo em frente a janela e a vejo em seu quarto, usando fones de ouvido e fazenso uma coreografia engraçada, pelo menos eu acho. 
Dou uma risada e abro um sorriso continuando a observa-la. Quando ela percebe que eu estou vendo sua performance ela para na hora, me olhando super constrangida. Começo a rir da sua reação e ela pega o caderno e escreve meio sem jeito.
    A quanto tempo está aí?
           Ela pergunta já um pouco mais calma e menos vermelha, pego meu caderno em cima da escrivaninha e com o meu canetão azul escrevo:
 
     Tempo suficiente pra ver seu show!
           Viro o caderno com um sorriso, o vermelho que havia há pouco sumido do seu rosto voltou com tudo, me arrancando uma risada. Ela me olhou irritada e escreveu:
     Para de rir! Que vergonha 
           Ela escondeu o rosto atrás do caderno, ela fica tão fofa desse jeito. Estava pensando no que escrever até que meu pai aparece na porta.
     - Ah já acordou? Eu terminei de fazer a janta, vem comer. - diz meu pai com um sorriso.
     - Ok já estou descendo. - disse o devolvendo o sorriso.
            Ele assentiu e fechou a porta, eu teria que me despedir, nossas conversas sempre são tão curtas.
     Tenho que ir, até.
           Ela fez uma cara como se já soubesse o que eu iria dizer. Me levantei pra ir embora mas ela fez um sinal para que eu esperasse. Me sentei novamente e ela escreveu:
     Parabéns pelo jogo de hoje, você é realmente um bom capitão. Me deixou orgulhosa!
           Ela virou dando uma risada, que infelizmente, eu não pude ouvir.
     Fiquei feliz em saber que estava lá.
           Ela me deu um pequeno sorriso e escreveu.
     É claro que sim, eu prometi pra você não foi?
           De imediato fiquei surpreso, ela ainda cumpre a promessa que me fez não é? Mesmo depois de tudo o que eu fiz, mesmo depois de tanto tempo, ela está sempre lá por mim.
 Antes que eu pudesse responder ela abre o sorriso mais lindo que eu já vi e como se tivesse lido meus pensamentos escreve.
     Eu sempre vou estar aqui por você.
           Essa frase com certeza me deixou muito feliz. Abri um sorriso alegre e só o que consegui escrever foi um simples.
     Obrigado!!
           Ela assentiu ainda com o sorriso em no rosto, após alguns segundos deu uma risada e escreveu.
     Você não tinha que ir?
           É mesmo, esqueci que tinha que ir jantar. Apenas dou uma risada pelo esquecimento e assinto acenando pra mesma, me levanto e fecho as cortinas descendo em seguida.
           Chego à cozinha, me sirvo e me sento em frente ao meu pai que está quase terminando de comer.
     - O que você estava fazendo que demorou tanto? - ele perguntou com uma sobrancelha arqueada.
   
     - Conversando com a Luce. - eu disse enquanto comia.
     - Então vocês ainda conversam pelo caderno? - disse ele rindo.
     - Sim, por que? - eu disse confuso pela risada repentina.
     - Nada. - ele disse e após algum tempo em silêncio continuou. - Você devia chamar ela pra jantar aqui qualquer dia desses em uma das suas "conversas".
           Quase me engasguei quando ele disse isso, tossi um pouco enquanto o mesmo se levantava da mesa rindo e indo lavar seu prato.
    - Porque isso agora? - eu não estava entendendo o motivo do convite.
     - Nada de especial, só estou convidando ela para jantar aqui, não é como se isso nunca tivesse acontecido. - ele diz.
     - Pai, o que você está aprontando? - eu disse desconfiado, aí tem coisa.
           Ele me olha indignado como se eu houvesse dito uma coisa terrível, e depois da um sorriso enorme, eu sabia, aí tem coisa.
     - Vou pensar. - respondi e ele me olhou desafiador.
     - Isso não é um pedido, é uma ordem! - ele disse dando um sorriso mais que vitorioso. Apenas suspirei voltando a comer.
     ...
           Nesse momento estou indo pra escola. Hoje vai ter treino pesado, por que semana que vem começam os tão esperados jogos interescolares, e o esporte predominante na nossa escola é o basquete. Por conta disso nossos treinos são bem puxados e cansativos, e eu como capitão tenho que estar presente em todos esses treinos.
           Adentrei o ginásio já avistando algumas líderes de torcida se aquecendo. Elas ensaiam em um espaço aberto ao lado, mas sempre fazem o alongamento aqui dentro, mas especificamente quando os garotos estão aqui.
           Depois de colocar o uniforme e fazer o aquecimento começamos nosso treinamento. Para termos mais privacidade nos treinos a escola nos permitiu utilizar os dois primeiros horários, mas depois ficamos na escola pra pagar as horas perdidas. Se olhar bem não prejudica muito, o ruim mesmo é ter que ficar aqui depois da escola estudando durante duas horas enquanto os outros alunos estão em casa fazendo sei lá o que.
           Como era o primeiro dia de treino os liberei meia hora mais cedo, exceto...
     - Jackal você fica. - eu disse olhando seriamente em sua direção, ele não achou que eu tinha esquecido de ontem não é? - Você vai treinar o resto do tempo, e trate de resolver seu problema de expulsão com o grêmio, ou eu mesmo te tiro do time com razões justificadas. - o disse entregando o tal aviso e saindo sem nem mesmo olhar pra trás, ele mereceu.
           Do vestiário fui direto para o intervalo, não estava afim de aturar o meu grupo então só peguei um suco de caixinha e fui pro terraço da escola, lá é o melhor lugar pra ficar quando se quer sossego.
 Sentei perto da berada e fiquei observando o movimento, até que ouço o barulho da porta se abrindo e a Luce entrando de uma vez.
Ela estava de cabeça baixa e nem mesmo m viu, e isso me fez estranhar. Após jogar minha caixinha de suco fora fui andando em sua direção, quando a mesma me notou ali ficou espantada, mas não tanto quanto eu, ela estava chorando?
           Ela estava com o rosto vermelho e tremia um pouco enquanto as lágrimas desciam. Arregalei os olhos ao ver essa cena, e o sentimento de preocupação me veio a tona juntamente com a pergunta:
     Quem fez isso com ela?

You Belong With MeOnde histórias criam vida. Descubra agora