You Belong With Me

Capítulo 8

 
 
         Natsu 
 
- Eai capitão, pronto pra dar mais uma vitória pra Fairy Tail? - disse Jellal enquanto estávamos no vestiário.
 
- Você não sabe o quanto. Com medo Jellal? - disse um pouco debochado e o mesmo riu.
 
- Eu não sou o Gray - disse rindo e eu o acompanhei após escutar um "Hey! calado".
 
     Segunda-feira, provavelmente o dia mais odiado por todos, mas essa segunda era diferente. Hoje começam os jogos, pessoas de diversas escolas vem assistir e torcer. 
 
     O meu domigo se passou normal após a visita da Luce no sábado a noite, ela deve ter saído pelo domingo, as cortinas do seu quarto ficaram fechadas o dia todo.
 
     Apesar de já termos nos trocado, nosso jogo iria ser o último a acontecer. Aproveitei pra dar uma volta e ver algumas competições que estão acontecendo agora, como a da Juvia que está em uma competindo contra a Merendy na natação. As duas são fenomenais, mas eu duvido muito que a Juvia perca, ela tem um contato incrível com a água. 
Ao lado, no meio de toda aquela gente consigo ver Gray,  torcendo com tudo pela namorada. Pensei que a única a fazer isso era Juvia, parece que me enganei.
 
     Erza, mais conhecida por Titânia, acaba de derrotar mais um dos adversários no tatame de taekwondo. E ao contrário do que muitos pensavam, a Levy não faz parte das competições de jogos intelectuais, ela está inscrita como corredora. Mesmo sendo bem baixinha a velocidade que ela consegue alcançar impressiona.
 
     Mesmo depois de ter caminhado por quase toda escola, por conta do acúmulo de pessoas ou pelo tamanho dela eu não consigo encontrar a única pessoa que eu não vi até agora. Sei que ela não vai estar em nenhum dos jogos, mas achei que ela estaria aqui ao menos pra me assistir. 
Eu só espero que em meio a minha busca eu não acabe esbarrando com a Minerva. Desde semana passada ela está com uma conversa sobre eu ter que aumentar minha popularidade como capitão e por ser seu namorado, tendo que fazer coisas como passar a sair com os caras em bares, festas bombadas e mudar esse meu lado "frouxo" como ela chama. Sinceramente eu não estou nem um pouco afim de escutar de novo toda essa ladainha que ela chama de lição. Pra mim estou ótimo desse jeito e não vou mudar tão cedo por culpa de uma popularidade ridícula.
 
- Aí - ouço após sentir alguém trombar nas minhas costas com um pouco de força.
 
- Me desculpe eu parei de repente e... Lis? - me espantei um pouco depois de me virar, de todas as pessoas quem eu menos esperava encontrar era ela, e eu ainda digo que a escola é grande.
 
- Natsu? Natsu! - ela me da um abraço apertado e eu acabei rindo pelo seu exagero.
 
- Sim sou eu, e você é a Lis não é? - disse a imitando e a mesma assentiu rindo - Como você cresceu garota, seu cabelo também está mais curto, está diferente, um diferente bom.
 
- Obrigada, você também não está do mesmo jeito que te vi pela última vez, estive te procurando mas soube que você não está mais com nossos amigos - ela parece ter tomado um feição meio séria, eu sabia. 
Iria responder quando Minerva entra no meio de nós dois sem mais nem menos, e já sabendo do que se tratava apenas bufei revirando os olhos.
 
- O que é agora Minerva? - disse sem interesse e a mesma me olhou com desdém, sem se importar com o meu mal humor ou o pingo de paciência que me resta.
 
- Natsu precisamos conversar, eu já lhe disse que você não pode continuar assim, estamos em plenos jogos, você como capitão e meu namorado tem que chamar a atenção necessária pra nossa reputação e.. - a cortei antes que dissesse mais besteiras.
 
- Só se for a sua reputação né Minerva? Ah por favor, todos aqui sabem muito bem que você só se importa com si mesma. Além do mais nós já falamos sobre isso, se quer um destaque a mais ou simplesmente aparecer coloque uma melancia no pescoço, mas eu não mudo e ponto.
 
- Olha aqui eu... - ela é novamente interrompida, dessa vez por Lissana que pega em meu pulso e me puxa aos poucos, me fazendo ficar um pouco longe de Minerva. Com seriedade estampada em seu rosto e convicção disse.
 
- Desculpe ter que atrapalhar uma possível discussão mas por conta do evento na escola os representantes de alguns esportes estão sendo convocados a comparecer ao Grêmio. - eu fiquei um pouco surpreso pela forma com que ela lidou com a situação, parece que não foi só a aparência que mudou em Lissana.
 
- Por qual motivo o Grêmio convocaria os representantes em meio a seus próprios jogos? - Minerva joga seu costumeiro sorriso desafiador. Normalmente esse sorriso desmascara qualquer mentira, mas Lissana permaneceu como estava, o que de certa forma deve ter surpreendido Minerva, mesmo que ela jamais admitiria em voz alta.
 
- Como eu havia dito, somente alguns deles foram convocados, e antes que venha me dizer mais besteiras - fez uma pequena pausa - Nada do que acontece dentro do Grêmio lhe diz respeito, sugiro que não se intrometa em assuntos sem consentimento, com licença.
 
     A frieza presente em sua voz e a forma como as palavras foram postas fizeram com que uma Minerva possivelmente irritada desse meia volta pisando fundo na direção oposta a que seguiríamos se realmente fossemos ao Grêmio. A minha sorte é que ela realmente faz parte do Grêmio, ou fazia, antes de viajar. Lissana me guia até um lugar afastado da multidão, sendo assim pouco movimentado.
 
- Obrigada Lissana, se eu continuasse ali eu iria explodir e ela também - eu disse e ela sorriu minimamente.
 
- Ok, mas fique ciente de que não vou usar essa desculpa de novo, eu nem faço mais parte do Conselho - disse rindo sem graça e eu fiquei incrédulo.
 
- Como assim você não faz mais parte do Conselho? não acredito que inventou todo esse papo de Grêmio, e se ela resolvesse tirar satisfação? - eu disse a olhando ainda em choque, eu bem que desconfiei.
 
- Eu sei, mas ou era isso ou era isso. Além do mais aquela lá se faz de corajosa mas não iria tentar tirar conclusões com a Erza no comando do Grêmio, ela não arriscaria a tal ponto. - disse rindo pelo nariz, mas tenho que concordar, diante da Erza nem a Minerva tem vez. - Eu acabei de te ajudar não força a barra mocinho.
 
- Tudo bem, não está mais aqui quem falou - tive que dar uma risada pelo modo que me repreendeu - Te devo uma.
 
- Sei um jeito de me devolver o favor - ela disse sorrindo e eu fiquei confuso, fiz sinal para que continuasse - Quero que você tome uma atitude.
 
- Atitude? Sobre... - imagino sobre o que seja, só quero que ela me confirme.
 
- Oras Natsu, sobre a Lucy. Acha que eu não sei que vocês não são mais amigos?  - Vish, exatamente o que eu pensei. Eu já estava ciente que com a volta dela esse assunto viria na bagagem, mas não imaginei que seria tão rápido. - Não sei ao certo o que você aprontou enquanto eu estava fora, e quero ouvir cada detalhe, mas não hoje, vamos deixar isso pra outro dia.
 
     Ufa!
 
- Lis, finalmente te achei, estamos precisando de você no clube, as pessoas querem conhecer nossa fundadora - disse Bisca toda sorridente a alguns metros de distância - Olá Natsu!
 
- Olá Bisca, soube que você e Alzack por fim se acertaram, parabéns - ela corou um pouco mas aumentou o sorriso.
 
- Sim, Obrigada! Até Natsu, e boa sorte no jogo.
 
- Obrigada - a mesma se vira indo embora e Lissana se vira pra mim alguns passos a frente.
 
- Ainda vamos ter nossa conversa Natsu, até mais tarde. - ela diz começando a correr de costas e fala um pouco mais alto - Não se esqueça do meu favor, irei cobrar hoje mesmo.
 
- Que? Como assim? Lis volta aqui, o que eu tenho que...fazer? - a mesma já havia sumido entre a multidão distante quando pronunciei a última palavra.
 
     Dou uma risada de nervoso e logo após um suspiro. Lissana me conhece muito bem a ponto de me deixar nesse estado de propósito sabendo que minhas reações seriam confusas.
Talvez ela esteja querendo me ensinar a "andar com as minhas próprias pernas", sem precisar depender dela ou outras pessoas pra fazer alguma escolha ou simplesmente tomar uma iniciativa, mas que iniciativa? Como eu faço isso quando minha idiotice foi grande o suficiente pra apagar tudo que eu já tinha andando até aqui?
 
     ...
 
- Salamander, a que devo a honra? - disse com um sorriso debochado assim que percebeu minha presença.
 
- Calado prego! - disse e ele riu pelo antigo apelido.
 
- Droga, tinha esperanças de que vocês tivessem se esquecido disso - disse fingindo estar decepcionado e dessa vez fui eu que dei o sorriso debochado.
 
- Impossível. Então, como foram as lutas? - me refiro ao clube de boxe no qual Gajeel da aulas para "iniciantes". Digo isso por que os caras são verdadeiros monstros, não no tamanho mas sim nas habilidades e na força, seja dentro ou fora dos ringues.
 
- Ótimas, eles aprendem rápido, também, com um treinador como eu. - disse convencido.
 
- Iludido. Parece que esse ano estamos com a vantagem, ninguém está pra brincadeira. Você soube contra quem iremos jogar hoje? - podem achar o absurdo que for, por que é verdade, o próprio capitão não tem ideia de contra quem a escola vai competir.
 
- Tá de brincadeira comigo né? - ficou incrédulo mas quando eu neguei ele riu pelo nariz - Pelo visto nesse tempo longe você só cresceu no físico, nenhuma novidade pra mim. Jogaremos contra Oracion Seis, Erick voltou pra quadra e seu objetivo é simplesmente nos esmagar.
 
- Erick? Isso vai ser interessante, na última ficamos empatados, não vou cometer o mesmo erro duas vezes. - Erick é um "rival" de longa data, mas somente durante os minutos de jogo, fora da quadra somos até amigos, um cara legal porém competitivo.
 
 
-  É...Natsu - Gajeel me chama e eu o olho, ele parece meio receoso - Bom, é que mesmo os jogos terem apenas começado muitos de nós ganhamos em alguma modalidade, sem falar que a nossa data está próxima então decidimos que iríamos hoje a noite em uma Pizzaria, só pra nos divertimos um pouco. O pessoal já está dentro e mesmo não sendo como antes você também é nosso amigo, o que me diz? Topa?
 
     Por essa eu não esperava, aposto que o meu sorriso está maior que meu próprio rosto, só de pensar que vou sair com eles de novo depois de tanto tempo me alegra. Eu tenho que tomar uma atitude não? Pois bem, vou começar com isso.
 
- Claro - o mesmo sorri e logo some das minhas vistas enquanto anda nos corredores do clube de boxe na direção dos vestiários.
 
     No fim eu acabo por desistir de procurar a Luce. Minha partida seria daqui a pouco e eu preciso me aquecer junto do time antes de entrar. Sem falar que estava ficando a tardinha e começando a ventar.
 
     Algumas vezes me encontro com Minerva, que nada faz além de me ignorar completamente, certamente fazendo birra por ter ouvido um não. É sempre assim com a maioria das pessoas, elas discordam ou não aceitam o que Minerva propõe e ela os ignora, os excluindo do seu círculo como se não fossem nada. Ela apenas volta a falar comigo com a desculpa de eu ser seu namorado, mas na minha opinião é só pra não ficar mal falada.
 
     Alguns minutos mais tarde eu me encontro entrando no Ginásio com meu uniforme coberto pela blusa de frio que coloquei mais cedo. Quando eu pensei no quanto isso estaria cheio eu estava certo, a arquibancada abarrotada com um misto de pessoas de escolas diferentes torcendo animadas, com cartazes, faixas e gritos de guerra e motivação. As Líderes de torcida estão posicionadas cada grupo em um lado do Ginásio,  aguardando somente o começo do jogo. 
Alguns de nossos adversários são vistos mais a frente, seja conversando, se aquecendo ou até mesmo cumprimentando alguns dos jogadores do meu time. Passei alguns breves minutos conversando com os garotos e revendo algumas estratégias que montamos durante nosso treinamento na semana passada.
 
     Chegou o momento, ao longe posso ver que alguns dos professores presentes vieram assistir a partida, mais a frente, em um pequeno palco improvisado vemos Makarov, o terceiro na sucessão de diretor. Após um discurso desnecessário e realmente entediante aos presentes, os diretores se cumprimentam com um simplório aperto de mãos, passando a anunciar o time adversário, que por ser de outra escola, entra primeiro. Quando a hora de entrarmos está perto os garotos vão andando na frente, iria com eles mas fui impedido por alguém me chamando.
 
- Natsu! - me virei no momento em que reconheci essa voz. Ela estava com as mãos apoiadas no joelho enquanto respirava ofegante aparentando ter corrido bastante.
 
- Luce! você está bem? - a mesma fez somente um gesto me pedindo parar esperar, e assim fiz.
 
- Estou, é só que tive que correr muito até aqui e minha condição física me atrapalha um pouco. - deu um sorriso sem graça após se recompor.
 
- Onde você estava? Eu não te vi hoje o dia todo. Pensei que não viria - perguntei ocultando o fato de realmente a estar procurando.
 
- É que eu fiquei encarregada de ajudar a Lissana com o clube. Ela fez algo como uma exposição de livros pra doação, e como eu não iria fazer nenhuma competição decidi ajudar. - como é que Lissana não me disse nada? Eu fiquei entediado a manhã inteira, eu podia ter ido ajudar. Ela sorri e continua - Achou mesmo que eu não estaria aqui pra torcer por você?
 
     Corei um pouco e ela também, me dando um belo sorriso e dizendo.
 
- Boa sorte Natsu! - diz me mostrando um joinha e eu sorrio largo. Antes de a responder ouço alguém falar comigo.
 
- Capitão, temos que entrar em cinco minutos -  mesmo olhando pra trás eu não consigo saber quem foi, mas pela voz deve ser Alzack. Me viro novamente em sua direção e a vejo fazer sinal para que eu vá, mas antes de a deixar ir pra a arquibancada eu tiro minha blusa por cima do uniforme e a encaro.
 
- Luce, cuida disso pra mim, sim? - digo vestindo minha blusa nela, que parece ter ficado surpresa com a minha ação. Direciono meu olhar um pouco mais a fundo na arquibancada e vejo Lissana me observando, ela está sorrindo e pisca pra mim, como um sinal pra lembrar do favor que a devo. Mas o que eu faço? Na pressão do tempo acabo fazendo algo que não faria se estivesse pensado demais. A abraço e ao pé do seu ouvido profiro - Escute, se ganharmos hoje, quero que me de um beijo.
 
     Ao me separar da mesma foco em seu rosto completamente vermelho. Ela abre e fecha a boca diversas vezes mas nada sai. Quando enfim percebo o que disse o rubor em meu rosto se torna mais forte que o seu, me afasto imediatamente tentando dizer algo mas o diretor me interrompe.
 
- ...Fairy Tail - os gritos são ouvidos a distâncias e a única coisa que eu ouvi e entendi foi:
 
- Capitão, estamos entrando, se apresse. - um dos jogadores disse me tocando o ombro e tive que o seguir, deixando pra trás uma Luce paralisada e totalmente envergonhada. O que eu tenho na cabeça pra dizer uma coisa dessas do nada?
 
- Capitão você está doente? Suas bochechas estão muito vermelhas - Droy me pergunta e antes de o responder Jellal faz isso por mim.
 
- A doença que o Natsu tem se chama Lucy, não é mesmo capitão? - diz com um sorriso debochado e isso só serviu pra aumentar o meu rubor o fazendo gargalhar e todos os outros me olharem maliciosos.
 
- Não sei do que está falando... - tentei ser firme e fracassei miseravelmente, os dando mais motivos pra rir da minha situação enquanto entravamos na área do jogo, sendo aplaudidos e motivados por muitos dos presentes. 
Antes de iniciar o jogo consigo ver a Luce sentada mais ao fundo, um pouco encolhida e ainda meio vermelha. As mangas da minha blusa cobrindo por inteiro seus braços. Ela fica bem com a minha camisa. 
Mesmo meio envergonhada me dá um sorriso gentil, faço o mesmo antes de entrar em posição no jogo e ficar cara a cara com Erick, mais conhecido como Cobra. Sua audição aguçada e sua percepção avançada dão a ele várias vantagens durante um jogo, mas isso só torna a partida mais interessante.
 
- Pronto pra perder? - disse ele estralando os dedos.
 
- Você parece confiante, vamos ver se não muda de ideia no final do jogo quando minha equipe vencer a sua. - disse sorrindo e ele deu uma pequena risada.
 
- Veremos. - responde ficando ainda mais perto pra conseguir a bola.
 
     O silêncio é predominante, as pessoas ansiosas juntamente com os jogadores. Eu e Cobra não tiramos o olhar dos olhos um do outro, como se fossemos capazes de descobrir as táticas e pensamentos com isso. Somente o som de nossas respirações é ouvido enquanto todos esperam somente uma coisa. 
O som cortante do apito nos dá a permissão de começar enquanto a adrenalina toma conta do meu corpo, e eu só tenho uma coisa em mente.
 
     Vencer!