Lucy
Ok, eu realmente retiro o que eu disse há algumas horas atrás, e atualizando a minha frase eu afirmo, essa noite com certeza vai ser longa.
Quando cheguei em casa mais cedo a primeira coisa que eu fiz foi fechar minhas curtinas, pra garantir que não veria ele pelo vidro da janela. E só pra fazer drama eu comecei a refletir a minha idiotice enquanto ouvia música no YouTube.
Algumas horas depois desse meu momento eu já estava pronta na sala esperando a Juvia e o Gray virem me buscar. Já fomos diversas vezes aquela pizzaria, é como um costume nessa época do ano, e gostamos muito de lá.
Ouço a buzina do lado de fora e saio deixando um pequeno recado pra minha mãe juntamente de um lanche pra quando chegar do trabalho. Eu não tenho visto muito ela ultimamente, ela trabalha cada vez mais e quando chega eu já dormi, quando eu acordo ela já saiu ou está saindo apressada pelo pequeno atraso. Virgo anda bem ocupada por culpa das preparações do casamento, o que faz com que eu tenha que ficar sozinha constantemente.
Gray staciona em frente a minha casa, com Juvia no passageiro, mexendo os braços pra me apressar a sair.
Entro no banco traseiro comprimentando os dois e recebendo alguns elogios da parte de Juvia. Mesmo com tudo que houve hoje só o que eu queria era me divertir um pouco com meus amigos e tentar esquecer por um tempo o ocorrido.
Agora a razão de todo esse drama está sentado exatamente ao lado da cadeira reservada pra mim, usando jeans pretas e cabelos rosados rebeldes. Eu mal entrei na pizzaria e a primeira pessoa em que eu foco é ele, como é que vou o encarar agora? Não, como ele vai reagir ao me ver? Foi mais ou menos assim a reação do meu subconsciente. Já meu corpo começou a palpitar, meu rosto a ficar vermelfavermeu estômago cheio de borboletas.
- Não vai entrar Lu? - Juvia disse um pouco alto por estar mais a frente com Gray, atraindo alguns olhares curiosos da nossa mesa, incluindo o dele. E só aí me dei conta que estava como um dois de paus parada bem na entrada do estabelecimento.
Saio do meu pequeno transe assentindo e seguindo até a mesa suspirando ao constatar que aquele lugar estava realmente reservado pra mim. Não ficaria surpresa se alguma delas me dissesse que foi proposital, conheço as amigas que tenho, e sei que adoram dar uma de cupido quando podem.
- Agora que todos já chegaram podemos pedir essa pizza logo? Eu tô morrendo de fome! - exclama Gajeel com a mão na barriga e após algumas risadas é repreendido pela Levy com uma cotovelada no braço.
- Ok Gajeel - Jellal se vira para um garçom e diz em um tom um tanto elevado - Uma pizza para a grávida aqui presente por favor!
As risadas dessa vez foram mais altas e até algumas pessoas que estavam em mesas próximas a nossas e que ouviram a conversa deram risada.
Desde que cheguei eu não troquei nenhuma palavra com Natsu, o clima não está nada pesado, mas o encontro de olhares é um pouco desconfortável.
Eu não estou acostumada a lidar com situações como essa, qualquer momento ou ação constrangedora entre nós era resolvida com algumas boas risadas de criança. Mas a mente de um adolescente trabalha de um jeito diferente, a gente tenta chegar em uma solução que esteja mais próxima do quesito maduro, o que na maioria das vezes não funciona. Alguns de nossos amigos pareciam perceber o clima estranho entre nós, mas ninguém disse nada.
O que aconteceu daí em diante era algo que eu já sabia. A conversa na mesa começou a ficar mais focada entre os casais e nas competições de hoje a tarde, até cada um ter um assunto próprio. Nosso pedido não tinha chegado então eu não tinha algo pra ocupar a mente, me fazendo pensar que não havia como aquela noite ficar pior.
Aprenda uma coisa que se chama lei universal, não importa o quanto esteja ruim, a vida sempre dá um jeito de piorar. Por obra do destino, ou não, Natsu e eu pensamos em fazer a mesma coisa, que seria beber água dos copos que eles deixam antes de entregar outras bebidas, e acabamos esbarrando nossos braços. E foi assim que meu suéter acabou tomando um banho, chamando a atenção dos nossos amigos na mesa e fazendo com que pela primeira vez depois que entrei Natsu me olhasse meio sem jeito.
- Desculpa, eu...não.. - ele levava sua mão a nuca constantemente na intenção de dizer algo.
- Não foi...nada - dizia mais baixo sem olhar diretamente em seus olhos.
- Afinal, o que tá rolando entre vocês? - Jellal disse enquanto me levantava pra limpar o suéter - Desde que aconteceu o jogo de hoje o Nastu está agindo estranho, pensei que fosse coisa dele, mas você também está estranha. O que vocês dois aprontaram? - ele nos olhava desconfiado nos deixando mais um pouco corados. Para evitar que o assunto rende por mais tempo digo.
- É melhor eu ir secar isso. - disse já me retirando e parando ao ouvir.
- Eu te ajudo. - disse andando ao meu lado ainda sem me olhar.
Fomos até um lugar mais afastado que fica próximo aos banheiros que são pouco movimentados. Peguei alguns guardanapos e comecei a tentar diminuir aquela água que até alguns segundos atrás espalhava pequenas gotas pelo piso onde eu passava. Eu estava meio atrapalhada, afinal eu só tinha duas mãos e ali eu estava secando a blusa, esticando ela pra enxergar melhor o local atingido e ainda segurando otras folhas do guardanapo da minha mesa que no caso já estavam completamente amassados entre meus dedos.
- Espera, deixa que eu te ajudo. - Natsu retirou cuidadosamente um dos guardanapos da minha mão, se agachou na minha frente segurando a barra do meu suéter olhando atentamente enquanto o enxugava.
Sua expressão era calma, o Natsu de minutos atrás não estava mais aqui, acho que pelo fato de não estar no meio de tanta gente já ajuda. E de repente me vejo em uma oportunidade de resolver o que aconteceu hoje a tarde, por que se foi isso que nos deixou assim é melhor resolver, eu acho.
- Natsu - obtive como resposta um resmungo - Sobre o que aconteceu hoje...
- Não se preocupe, eu não estou bravo com você, só...me surpreendeu - seu rosto tinha um leve rubor e notei que em curtos períodos de tempo o mesmo usava a língua para umidecer os lábios. Mas fiquei feliz por não ter se zangado.
- Olha, me desculpa mesmo assim, principalmente se eu tiver interpretado mal o que você queria dizer. - confesso que estava constrangida, só falta ele me dizer que eu entendi tudo errado, aí eu poderia considerar essa a pior noite.
- Não se desculpe, eu meio que...queria isso. - Hã? Alguém por favor me diga como é possivel a água da barriga subir pros ouvidos? Por que eu acho que foi isso que aconteceu.
No seu rosto repousava um sorriso meigo e simpático, não é atoa que eu não sou a única que se derrete com esse sorriso, infelizmente.
Jogou fora os papeis que usou, veio até mim depositando a mão direita no topo da minha cabeça a acariciando de leve com o dedão.
- Sei que nem chegamos a ficar brigados mas...amigos? - depois de começar a gostar do Natsu a palavra amigo me soa meio pesada quando é incluída na conversa.
- Os melhores, sempre. - mesmo não gostando muito de como aquela palavra soava meu sorriso não me permitiu demostrar isso.
Quando voltamos pra mesa nossos amigos nem tiveram tempo pra questionar qualquer demora da nossa parte, pois o garçom chegou trazendo na bandeija o cheiro de pizza que todos amam.
Eu e Natsu conversamos normalmente durante a noite, recebemos algumas zoações vinda dos meninos por estarmos em algum tipo de discussão e nos resolvermos depois de ir a um canto fazer sei lá o que. Enfim, após um tempo de vários rodízios, refrigente e conversas divertidas decidimos ir embora, estávamos em plena segunda-feira, não iríamos abusar.
Eu já sabia que as meninas iriam querer explicações, principalmente depois do nosso comportamento durante algum tempo na mesa. E quando Juvia vem até mim para me levar em casa sinto uma mão pesar em meu ombro esquerdo. Gray parou ao lado de Juvia e ao ouvir a voz do dono daquela mão reconheci de imediato.
- Podem deixar que essa moça aqui eu levo - Dou um sorriso mínimo, Juvia e Gray fazem uma cara de quem está boiando sobre o assunto.
- Certeza? se quiser levamos vocês dois, estamos de carro. - Gray nos propõe e Juvia assente concordando com a ideia.
- Nem pensar, vocês dois moram mais longe e já está tarde. Daqui até minha casa deve dar uns 20 minutos, podem ir tranquilos. - reponde Natsu. É mesmo, até agora não me perguntei sobre com quem Natsu veio, por que ele não dirige, então ele veio a pé?
- Lucy, não deixa ele falar por você, você vai voltar comigo não é? - se isso é preocupação? Não mesmo, é só a curiosidade dela apitando.
- Natsu tem razão, amanhã temos aula cedo e vocês tem uma viagem mais longa que a nossa, pode deixar que eu cuido dele - disse apontando para ele com um sorriso e ele riu.
- Não deveria ser ao contrário? - eu o repondi dizendo um "claro que não" fazendo uma voz meio grossa e caímos na risada em seguida.
...
- Cuidado! - Natsu consegue segurar minha mão antes que um tombo bem feio acontecesse ali.
- Obrigada - o olhei sem graça pelo que eu fiz e ele riu da minha cara, me deixando mais sem graça.
Já estamos andando a cerca de 15 minutos e ao passar em um lugar onde havia meio fio eu inventei de andar me equilibrando por eles. Natsu disse que eu acabaria caindo, mas não dei ouvidos, e acabei por quase cair no meio da rua.
- Aqui, segura firme - ele parou de rir e segurou minha mão esquerda com cuidado me ajudando a andar corretamente pelo trageto. Logo começamos a andar lado a lado no passeio e em meio ao silêncio decido o perguntar:
- Natsu, por que me fez aquele pedido? - ele parou de andar por um instante e olhou pra outro lado. Estava meio escuro e por isso não consegui ver muito bem a expressão que tinha no rosto, mas ele me respondeu um pouco acanhado.
- Eu não disse? Eu meio que...queria aquilo - Ele realmente me disse isso enquanto secava meu suéter, mas mesmo assim...
- Queria? - fico corada e começo a agir como um gravador que repete tudo que ele diz, que ótimo.
- É...queria. - a partir daí ele caminhou todo o percurso a pelo menos dois passos a minha frente, acho que fiz besteira de novo.
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You Belong With Me
FanficAs vezes me pego observando descaradamente sua janela, apenas esperando o momento em que aquelas cortinas negras se abram, revelando aqueles olhos ônix que sempre me hipnotizam. Não sei exatamente em que momento desses cinco anos eu me tornei uma bo...