LucyO som do telefone no andar de baixo me desperta de meus devaneios. Mais uma vez me pego observando descaradamente a janela a frente da minha casa. Mesmo sabendo que não vai acontecer, minha mente insiste em criar esperanças pra que aquelas cortinas negras se abram, e que o rosado dono daquele lindo sorriso o direcione pra mim, me deixando de certa forma hipnotizada.
Sentada na cadeira da minha escrivaninha, com o cotovelo apoiado em sua superfície e minha mão sustentando meu rosto olho mais uma vez para o papel em branco abaixo de mim, e solto um suspiro. Há horas que eu venho tentando completar aquela bendita música, as vezes penso que não seria uma boa ideia usa-lá, mas minha mãe insiste que eu só preciso abandonar esse meu bloqueio criativo, mas como?
Minha mãe chegou a algumas horas, mas seu humor não está tão radiante como de costume. Talvez seja pelo fato do acontecimento de manhã. Eu também me sinto meio mal, por mais que anos se passem, por mais que no dia a dia nós enfrentamos a vida com um sorriso, lembrar de alguém que algum dia já esteve presente junto a você dói bastante.
Do lado de fora do meu quarto a casa está completamente afundada em escuridão, e a única luz presente é a da TV ligada em um noticiário qualquer. Paro meus passos quando chego aos pés da escada, olho pra minha mãe, sentada de frente pra TV, completamente inerte aos acontecimentos fora dela.
Ando devagar até ela e calmamente me sento ao seu lado, seus olhos encontram os meus, e sem muita dedicação ela me mostra um sorriso forçado. Não digo absolutamente nada a ela, somente deito sua cabeça delicadamente em meu colo, acariciando os fios da mais velha. Presas em um silêncio calmo, ouvindo somente o som da televisão a nossa frente. Com sua mão apoiada em uma de minhas coxas, ela adormece, expressando o quanto precisava daquilo.
Um beijo no topo da sua cabeça e um pequeno sorriso bastaram para que em poucos minutos, eu também me juntasse a ela em um sono profundo.
...
- Lucy, hora de levantar. - abri meus olhos ao ouvir uma voz carinhosa me chamar. Olho para a pessoa a minha frente, Virgo - Bom Dia.
- Bom Dia. - me sento ainda sonolenta, e só então reparo melhor onde estou. Estava deitada na minha cama, e meu quarto ainda estava um pouco escuro, já que as cortinas permaneciam fechadas - Pensei que tinha dormido no sofá.
- E dormiu, quando eu cheguei vi as duas dormindo na sala. Ainda bem que meu irmão veio comigo pra cá, imagina só, eu não iria aguentar carregar duas mulheres desse tamanho. - disse em uma risada nazalada me fazendo dar um mínimo sorriso.
- Então Loke esteve aqui? - a vi confirmar e me lembrei de mais um detalhe - Onde está minha mãe?
- Loke tinha levado ela ontem pro quarto dela, mas ela já foi trabalhar, disse que precisava sair mais cedo pra voltar na hora do almoço. - ela me lançou um sorriso triste que eu retribui - não irei com vocês esse ano, me desculpa.
- Não tem problema, sei que você vai estar sempre aqui. - a dei um abraço logo dizendo - Também, você tem que ficar feliz, seu casamento está cada vez mais perto, deixa pra chorar no dia.
Me separei dela e a vi confirmar sorrindo animada.
- Sabia que eu vou ser tia? - arregalei os olhos.
- O Loke vai ser pai? - ainda estática a vi confirmar cada vez mais feliz.
- Sim! Áries, minha cunhada está grávida de algumas semanas. - fiquei branca. Que o Loke era comprometido eu ja sabia, mas que era com a professora Áries?? Por que eu sou sempre a última a saber dessas coisas? - Que foi? Você não a conhece? Ela trabalha na sua escola.
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You Belong With Me
Fiksi PenggemarAs vezes me pego observando descaradamente sua janela, apenas esperando o momento em que aquelas cortinas negras se abram, revelando aqueles olhos ônix que sempre me hipnotizam. Não sei exatamente em que momento desses cinco anos eu me tornei uma bo...