Capítulo 5

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        Lucy 
   Ele me encarava com a feição assustada e o olhar preocupado, eu não devia ter vindo justo ao terraço, eu sabia que as chances de encontrar alguém aqui eram grandes, mas no desespero resolvi ignorar.
           Tentei o despistar secando rapidamente as lágrimas e dando um sorriso forçado, mas acho que não funcionou.
     - Luce você está bem? - me perguntou enquanto se aproximava aos poucos.
     - Hum? Ah sim, estou. - o respondi e ele me olhou sério. Segurou fraco meu braço me levou até ele, me abraçando de leve.
     - Mentirosa. - ele disse me apertando um pouco mais contra si. Como eu senti falta desse abraço. Retribui o mesmo o apertando também. - O que houve?
            Dito aquelas palavras me lembrei do ocorrido de alguns minutos atrás e afundei meu rosto em sua camisa.
           "'As primeiras aulas foram um saco, principalmente por uma delas ser ocupada pela Aquarius. Eu gosto dela, o porém é que ela é extremamente exigente e a paciência dela nem sequer existe.
 Eu e as meninas estávamos saindo da sala quando os meninos chegaram e começaram a formar aqueles pares. Eu que não sou burra de ficar segurando vela fui andando na frente pra comprar algo pra comer.
           No meio do caminho dei de cara com Minerva e algumas amigas dela. Apenas fingi não ter visto elas como sempre faço e tentei desviar o caminho, mas uma delas me impediu ficando a minha frente, tento pelo outro lado mas elas me cercam de novo, fazendo aquela brincadeirinha idiota.
    - O que é Minerva? - digo sem paciência.
    - Calma estressadinha, eu só quero falar com você. - disse tranquila como se fossemos íntimas. 
     - Eu não tenho nada pra falar com você. - disse séria.
     - Eu só estou tentando ser educada, somos colegas de classe não é? - como é que ela tem coragem de dizer uma coisa dessas?
     - Só se for pra você, eu não tenho nada haver com você e seu grupinho. - eu disse praticamente cuspindo as palavras, a possibilidade de ela ter algum tipo de amizade comigo me dá nojo.
     - Ok, eu tentei não apelar, mas você é realmente muito idiota. - ela disse olhando para a as outras meninas. No começo não entendi muito bem, mas então elas ficaram cada uma de um lado meu corpo. Não encostaram em mim, mas eu sabia que iriam caso eu tentasse sair.
     - Isto é um conselho que eu estou dando, nada mais. O Natsu não precisa de você, só eu já sou de bom tamanho. Então, não fica achando que vai virar amiguinha dele de novo, por que não vai. - disse tentando me assustar com o olhar, mas isso não funciona comigo. Saí do meio das garotas e troquei minha posição com Minerva a encarando da mesma forma, a deixando desconfortável.
     - Você pode até ser a namoradinha dele, mas não tem moral alguma pra dizer o que ele faria ou não. O Natsu que eu conheço não faz e não faria nada que você pensou em colocar nas suas ameaças, que inclusive não me afetaram. Você e esse seu grupo não tem poder algum sobre mim e muito menos sobre minhas ações e escolhas, e se eu decidir me aproximar dele eu vou me aproximar e nem você nem ninguém vai me fazer voltar atrás. - disse sem desviar o olhar. Ela parec ter ficado meio aborrecida, mas acabou por rir.
     - Você está certa em um ponto, o Natsu é idiota demais pra fazer algo com alguém como você, aquele lá não mata nem formiga. - disse rindo, antes de voltar com a pose e me dizer - Então suponhamos que você dê seus pulos e consiga se aproximar dele, acha mesmo que ele quer essa aproximação vinda você? Por que pelo que eu saiba foi ele que te abandonou, e quando uma pessoa deixa a outra quer dizer que o que ela quer é distância, não?
     - Ele não me abandonou, ele só...ele só...se afastou. - eu disse começando a ficar meio afetada com suas palavras.
     - Lucy, você não acha que está se iludindo demais? Eu já conheço esse conto de vocês dois, essa história já é meio velha não acha? Vocês já foram melhores amigos, mas não são mais, acha que se ele quisesse somente se afastar teria ficado dois anos te tratando com tanta ignorância? O tempo passa e as coisas mudam, o Natsu já superou isso, a prova viva sou eu, agora é você quem precisa parar de ficar apertando a mesma tecla. - a esse ponto meu olhar estava triste, eu não queria ouvir tudo isso logo dela. - Além do mais, aposto que você não sabe nem o motivo pelo qual ele se afastou, como pode dizer tantas coisas se nem pode provar que é verdade?
     - Você também não tem prova alguma sobre seus argumentos. - tentei revidar.
     - Tem certeza? Ele preferiu me beijar aquele dia ao invés de falar com a antiga amiguinha com quem não tem uma conversa de verdade há dois anos. - manti o olhar, mas por dentro aquilo doeu. - Natsu pode até ser bem estúpido, mas uma coisa que eu percebi nesse namorico foi que o que ele quer ele corre atrás, e bom, eu não vejo ele em lugar algum. Agora se me der licença eu tenho coisa melhor pra fazer do ficar olhando sua cara. - simplesmente passou por mim como se nada tivesse acontecido.
           Meu corpo ficou tenso e todas aquelas palavras rodavam na minha cabeça. Eu já havia parado pra pensar sobre o motivo dele fazer esse tipo de coisa, mas nunca imaginei ser algo assim, ele me quer longe? Por que? O que eu fiz pra ele? Eram tantas perguntas que só consegui me focar em uma coisa, o Natsu estava ficando ainda mais distante. 
Talvez Minerva esteja certa, não que eu dê confiança pras palavras dela mas olha, fazem sentido, e é isso que está me matando por dentro.
 Sem nem me dar conta as lágrimas já desciam de uma maneira que eu não conseguia fazer parar, eu posso até estar chorando por um motivo fraco, mas pra mim ele é tão grande que chega a doer. Cogitei vários lugares pra ir, e confesso que, só o que eu mais queria era chorar o que eu segurei até agora"
     - Me diz, o que houve? - ele tornou a me perguntar, novamente não obtendo resposta.
           Minha situação era um tanto quanto estranha, eu estava chorando nos braços do principal motivo da minha tristeza. Vendo que eu não iria o reponder ele simplesmente me apertou um pouco mais contra si e depositou um beijo na minha cabeça.
     - Se sente melhor? - ele pergunta ainda preocupado, já havia parado de chorar, só estava um pouco vermelha.
     - Sim, obrigada. - disse quase num sussurro.
     - Não vai mesmo me dizer o que aconteceu? - ele disse esperançoso, mais eu só neguei com a cabeça, o mesmo supirou e deu um sorriso fraco. - Tudo bem, mas saiba que quando precisar e só me chamar, promete?
           Solto uma risada fraca e assinto, o mesmo passa de leve a mão no meu rosto e vai embora. Desculpa Natsu, por mais que eu deteste a Minerva eu não afetaria seu namoro assim, não teria coragem de te prejudicar.
 Mesmo assim eu acabei saindo feliz de algum modo, sentia tanta falta disso, do seu abraço, sentia falta da sua presença, me sinto revigorada. Abro um pequeno sorriso enquanto observo a vista que tem do terraço da escola.
     ...
           Na hora da saída as meninas me fizeram algumas perguntas sobre onde eu havia ido no intervalo, mas eu inventei uma desculpa qualquer, o que parece ter dado certo.
           Vi de longe Natsu indo pra sua sala. Ele nunca gostou disso, eu costumava dar boas risadas com as reclamações dele de ter que aturar os garotos do time o azucrinando todo o tempo, ele ficava realmente zangado. Balancei minha cabeça no intuito de espantar essas memórias, eu realmente tenho apertado a mesma tecla todo esse tempo? 
Deixo esse pensamento de lado e vou pra minha casa.
     ...
           Estava atoa no sofá, não tinha absolutamente nada pra fazer, então decido ir pro jardim dos fundos da casa. 
Essa parte é a única que não separa minha casa da casa do Natsu. Quando eles se mudaram nós não haviamos colocado cerca, e como eu e Natsu brincávamos nessa área decidiram deixar assim, aberto. 
Coloco meus fones e seleciono uma das várias playlists que eu tenho, me deito na grama observando aquela imensidão de estrelas me lembrando do meu pai. 
Quando eu era pequena ele dizia que quando as pessoas morrem elas viram estrelas, pode até ser uma história pra criança mas acreditar nisso me deixa feliz, é como se de alguma forma meu pai ainda estivesse aqui, cuidando de mim.
           Fecho os olhos e um tempo depois alguém retira um dos fones do meu ouvido, abro os olhos lentamente fitando aqueles olhos ônix me observando com um leve sorriso nos lábios.
     - Sonhando? - perguntou ele se deitando ao meu lado e puxando um fone pra si, mas eu não me importei.
     - Talvez, e você o que faz aqui? - eu disse e ele ficou um tempo em silêncio.
    - Te vi lá de cima e resolvi vir aqui, você melhorou? - ele disse, e eu tive a impressão de que não era isso que ele iria dizer.
     - Melhorou?...Ah sim, foi do momento, não se preocupe já passou. - meu raciocínio é  mesmo lento.
     - Luce posso te fazer uma pergunta? Ou melhor, um convite? - ele disse se virando de lado e eu me virei também ficando frente a frente com ele.
     - Claro, o que é? - agora fiquei curiosa, um convite?
     - Você aceita jantar lá em casa no sábado? - ele disse me pegando de surpresa, de onde veio isso?
     - Jantar na sua casa? Por que? - é claro que eu já fui lá muitas vezes mas...
     - Sim, É um convite meu e do meu pai. Aquele velho não vai sossegar até que eu leve você pra jantar lá em casa, ele gosta mais de você do que de mim! - ele disse indignado. E eu? começei a rir lógico.
     - Agora você entende como eu me sentia quando você dormia lá em casa e minha mãe ficava te mimando. - eu disse parando de rir e dando um sorriso.
     - É verdade, eu adorava os doces da dona Layla. - disse rindo e eu o acompanhei. - Mas enfim, aceita?
    - Claro. - eu disse sorrindo para o mesmo, que me retribuiu e voltou a olhar as estrelas, fazendo com que eu também me virasse.
           Ficamos em silêncio, apenas contemplando a noite enquanto escutávamos uma música do meu celular. Apesar de termos sido amigos e morarmos um ao lado do outro as coversas são raras e por isso o silêncio sempre toma conta, ou então alguém aparece atrapalhando. Mas dessa vez não, não havia ninguém, só que aquele silêncio que ia ficando meio constrangedor, então decido quebra-lo.
     - Os jogos começam semana que vem, como vão as coisas? - era um assunto besta, mas foi o único que me veio a mente.
     - Eu diria cansativas, bem cansativas. - respondeu fazendo uma feição de cansaço. - Os garotos tem treinado muito, e eu também, mas não é o suficiente para entrarmos nas nacionais. Eu gosto muito do meu cargo, mas as vezes eu tenho vontade de jogar tudo pro alto e renunciar.
     - É normal, sua posição requer paciência e muita resistência, o cansaço é evidente, mas o resultado é ainda mais, to errada? - disse e ele me olhou.
     - Não, está completamente certa, o orgulho e a felicidade ocultam totalmente todo o cansaço. - disse e depois olhou debochado pra mim. - E você Luce, não vai participar em nenhuma categoria de esporte?
     - Ah não começa, você sabe muito bem que eu e os esporte não nos damos nada bem. - disse rindo, mas é verdade, eu sou um desastre em campo.
     - Ô se sei hahaha, eu lembro de quando você tentou jogar futebol, mas o que chegou no gol foi seu tênis, e a bola ficou no mesmo lugar. - disse caindo na gargalhada e eu ri, não podia negar, é verdade. - Ah e quando tentou jogar handebol e fez gol contra, aquilo foi hilário e a Aquarius queria matar você.
     - Para de rir, ela quase me matou mesmo, eu fui salva pelo sinal. - disse ainda rindo
     - Você é realmente um desastre nos esportes. - ele disse me olhando e eu me emburrei, agora ofendeu. - Desculpa, desculpa, estava só brincando. - disse passando a mão na minha bochecha e dando um sorriso mais que perfeito, tem como ficar brava com um garoto desses? Apenas abri um sorriso.
           Ele me olhava e eu o olhava, não conseguia desviar o olhar então só continuei como estava até escutar.
     - Filha o que está...Ah Natsu? Quanto tempo, como vai? - minha mãe aparece na varanda nos fazendo sentar e nos afastar um pouco.
     - Eu vou bem, e a senhora? - ele disse.
     - Eu vou muito bem obrigada, mas nada de senhora, cade o "Tia Layla"? - disse minha mãe com as mãos na cintura.
     - Desculpa Tia Layla, acho que perdi o costume. - ele disse com um sorriso sem graça.
     - Sem problemas, não quer entrar? Fiz torta de pêssego. - juro que vi os olhos dele brilharem.
     - Eu adoraria, mas eu preciso ir, não avisei pro meu pai que iria descer, o velho deve estar me procurando pra jantar. - disse arrancando um suspiro decepcionado da minha mãe, nunca vi, pra mim torta de pêssego é só no aniversário e olhe lá.
     - Tudo bem então, mas eu vou cobrar em. - minha mãe falou rindo e acenando entrando logo em seguida.
     - Tem certeza que vai recusar uma raridade dessas? Ela parece bem animada hoje. - eu disse sorrindo.
     - Você sabe que eu amo as tortas da sua mãe, principalmente as de pêssego, mas realmente preciso ir, tchau Luce. - ele me deu um beijo breve na bochecha e saiu correndo em direção aos fundos da sua casa, se virou mais uma vez acenando enquanto sorria, acenei de volta e ele entrou. Acho melhor eu entrar também, está ficando frio, ele recusou, mas eu não sou boba de desperdiçar a torta da Dona Layla.
           Estava no quarto, em cima da cama e pensando sobre o convite do Natsu, eu deveria mesmo ir? por que sabe, faz tanto tempo. Antes eu aparecia lá o tempo todo, dormia nos finais de semana e Natsu também aparecia direto pra comer as guloseimas da Virgo. Eu sei que o Tio Igneel gosta bastante de mim, ele demonstra isso, e eu também adoro ele, por isso esse convite parece ter vindo das ideias dele. 
Natsu não faria isso do nada, faria? Ah quer saber de uma coisa? Dane-se tudo
                Eu vou!

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