Encontrar o amor verdadeiro é uma tarefa árdua para algumas pessoas, mas para Bernardo Villa Real e Ivy Blanco surgiu ainda na adolescência. As circunstâncias os separaram, mas o destino tratou de uni-los novamente. Situações querem afastá-los, mas...
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Ivy Blanco
Finalmente o ano estava acabando e minhas esperanças sempre se renovavam com a chegada de um novo ano, sem contar que completaria mais um ano de vida em Janeiro. Como hoje é sábado, levanto bem cedo e vou caminhar no Parque Nacional da Tijuca.
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O lugar é lindo e dá uma paz, sem contar com a paisagem que é maravilhosa, a Vista Chinesa com sua exuberância (foto1), a estrada cercado de verde e cheirinho de terra molhada (foto 2), a Mesa do Imperador com sua imponência (foto 3 e 5) e as maravilhosas quedas d'água que tem em toda a extensão do Parque (foto 4). Desço a Serra do Parque e em meia hora estou na garagem do prédio, chego em casa e David está jogado no sofá assistindo um filme. - Madrugou Baby? - Fui fazer uma caminhada no Parque Nacional da Tijuca e recarregar a bateria. Te chamei, mas você estava em coma profundo. - Palhaça - me joga uma almofada - estava cansado mesmo. Semana de final de ano é uma correria naquele administrativo. - Eu que diga. Estou atolada de fatura para os planos de saúde e ainda preciso fazer compras. - Que tal irmos as compras hoje? - Sério!? Você tá mais pra ficar de pijama no sofá. - Não quero ficar em casa em pleno sábado! - Vou tomar um banho e nos encontramos em meia hora aqui na sala e aproveitamos e almoçamos por lá mesmo. - Amo almoçar no shopping - fala batendo palmas. - Meia hora. - Tá mamãe. O trânsito estava intenso nas ruas, resolvemos ir ao Barra Shopping, lá encontraríamos tudo o que precisávamos e depois iríamos a orla caminhar um pouco. O dia foi bem produtivo e conseguimos comprar tudo, não faríamos uma grande ceia, afinal, somos só nós dois, mas aproveitaríamos pra nós fartar de comida natalina. No domingo resolvemos ir a praia, estamos próximos ao quebra mar quando avistamos os rapazes do luau. Eles estavam com pranchas de surf e saíam do mar. - Ivy, aqueles não são os rapazes do luau? - São. - Será que eles nos viram? - Não sei David, mas espero que não. O loirinho é muito pegajoso e tem um papo estranho. - Como assim? - Você acredita que veio se jogando pra cima de mim e querendo saber da minha vida, depois perguntou se não estava afim de ir para um lugar calmo pra ele sentir meu sabor, pode isso? - Que cachorro, desculpe os cachorros, mas já queria entrar no meio das suas pernas sem te conhecer direito? - Primeiro David que os cachorros antes de procurarem as cadelas as cortejam, segundo não sou o tipo que sai abrindo as pernas, até porque nunca fiz isso e terceiro não saio falando de minha vida pra quem não conheço. - Auto lá dona Ivy Blanco, que história é essa de "nunca fiz isso" - Faz aspas com os dedos - você é virgem? - Pra seu governo Sr. David minha intimidade diz respeito só a mim, mas como estou generosa hoje vou te responder. Sou virgem. - Em que século você vivi Ivy? - Neste meu caro. O fato de nunca ter tido experiência sexual não quer dizer que sou alienada. Cresci numa Fazenda no interior do Estado e meus pais tinham um zelo grande por mim, meu primeiro beijo na boca foi com o filho da patroa de meus pais, Bernardo Vila Real, trocávamos carinhos, mas nada com a intensão de termos relação sexual. Éramos crianças e depois ele foi embora e nunca mais o vi. - Você ainda é apaixonada por ele!? - Digamos que nossa história não teve um ponto final e sim reticências. Muitas coisas precisam ser esclarecidas antes de um the end. - E se você o reencontrasse um dia, acha que seria capaz de um the end ou um to be contínuos? - Não sei dizer David. Ele foi o meu primeiro amor e nossa história foi interrompida por alguma coisa que não sei. - Como assim não sabe, ele não ligou ou enviou mensagem? - Não. Pelo que D. Sofia falou na época, ele saiu com os amigos e chegou de manhã e o pai não gostou e o colocou de castigo e naquele ano ele não veio e no seguinte também e depois foi morar fora do país. - Será que ainda está fora do país, já viu no Google? - Não sei se ainda está fora do país e nunca pesquisei sobre ele, mas não importa, tenho minha vida e está boa como está. - Sinto te dizer Ivy, mas se você não fechar esse ciclo de tua vida sempre existirá os "e ses" e os "porquês". Aprendi a duras penas que precisamos fechar uma porta pra abrir outra. - Quanto a isso não posso fazer nada. Bernardo quem me deixou e após a morte de sua mãe e irmã não me procurou. Soube que esteve na cidade com o pai e não pensou em mim, portanto, por mim esse ciclo está lacrado. - Espero que sim Ivy. O destino é cruel ás vezes. Ficamos em silêncio por um tempo e logo caímos na água. Almoçamos num quiosque e fomos embora. A semana do Natal começou agitada no hospital, um acidente na Av.das Américas deixou vários feridos e depois de atendidos no Hospital Municipal Lourenço Jorge, os que tinham plano de saúde foram transferidos e a leva de faturas de planos de saúde foi grande. Na quinta-feira estávamos saindo para almoçar quando meu nome é anunciado no sistema de som do hospital. Sigo até a recepção e pergunto para Joana o que desejam. - Olá Joana. Me chamaram na recepção algum problema com alguma guia médica? - Oi Ivy, não há problema algum, aquele senhor que deseja falar contigo - ela aponta para as cadeiras de recepção. - Obrigada. - De nada. Sigo para as cadeiras e logo um senhor se levanta. - Ivy Blanco!? - Sim Sr...? - Me chamo Adilson e sou advogado - tira um cartão de seu termo perfeitamente alinhado e me entrega. - Em que posso ajuda-lo? - Podemos ir a um lugar mais tranquilo, o assunto é de seu interesse. - Estava indo almoçar, se puder me acompanhar agradeço. - Será melhor falarmos em um local mais calmo. Saímos em direção ao restaurante que sempre almoço com David que hoje ficou de ir ao banco. Nos sentamos numa mesa reservada e logo fizemos o pedido. - Então Dr. Adilson de que se trata? - Vou direto ao assunto senhorita. Represento o espólio do Sr. Abelardo Vila Real, ele faleceu a uma semana e deixou um testamento, nele a senhorita herdou 50% da Vinícola Villa Real junto com seu filho Bernardo Villa Real. - COMO É QUE É? - Meu tom de voz sai mais alto do que o normal. - Calma senhorita, deixe-me explicar. - Dr. Adilson não estou aqui pra brincadeiras de mal gosto. Não conheço o Sr. Abelardo Villa Real e muito menos quero herança que não me pertence. O único que tem direito a isso é o filho dele e não eu. - Senhorita Ivy eu lhe entendo, mas não posso fazer nada a respeito. O testamento foi aberto semana passada e foi desejo do Sr.Abelardo que você tivesse parte, quanto ao Bernardo, ele já está ciente e caso a senhorita queira vender a vinícola somente o Bernardo poderá comprar. - Eu não quero o dinheiro de ninguém, dê a minha parte para o Bernardo e está tudo bem. - As coisas não são assim senhorita, as cláusulas são claras, não pode vender pra terceiros, não pode doar para o Bernardo e nem abandonar. - Como assim abandonar? - Terá que administrar a sua parte pessoalmente por seis meses em Caxias do Sul. - Eu tenho meu trabalho aqui e minha vida está aqui, não posso simplesmente abandonar tudo porque um velho louco resolveu que me daria metade de algo que nem sabia que existia. - Eu entendo, por isso a senhorita tem um mês pra se organizar e tomar posse de herança, caso contrário o Bernardo perderá a parte dele. - Como assim? - Simples senhorita, uma parte está vinculada a outra, se a senhorita não tomar posse em um mês as terras irão e leilão e com isso o vinhedo e a marca Villa Real não existirão mais. O Bernardo perderá tudo que o pai construiu. - Porque ele fez isso? - Creio que tudo está explicado nesta carta - ele abre a parta e tira um envelope pardo com documentos e um outro com uma carta. Terminamos de almoçar e sigo com a cabeça e mil por hora para o trabalho. Não consigo me concentrar em nada, a imagem de Bernardo vem a minha mente e uma angústia toma meu peito. Hoje David não voltaria comigo para casa e agradeci mentalmente, precisava pensar e ver o que faria com essa bomba que caiu no meu colo. Tomo um banho quente e coloco meu pijama mais confortável, esquento o empadão de camarão que está na geladeira e pego uma Coca-Cola e me sento no sofá. Termino de comer e pego os envelopes na minha bolsa. Examino os documentos e vejo que estão reconhecidos em cartório, pego a carta e começo a ler.
Senhorita Ivy Blanco
Sei que não me conhece e que neste momento deve está se perguntando: O que levou esse homem a me dá metade de uma vinícola? Pois bem, vou explicar. Conheci Sofia na faculdade e me apaixonei a primeira vista, começamos a namorar e em seis meses ficamos noivos, Bernardo nasceu dois meses depois do nosso casamento. Com o tempo o casamento se desgastou, mas, embora Sofia tenha se divorciado de mim, eu ainda a amava. Quando Bernardo foi a primeira vez ao Rio de Janeiro ele voltou diferente e depois de uns anos indo para o Rio vi meu filho se transformar num homem. Certo dia o ouvi falando de você com os amigos e percebi que falava da mesma forma que eu quando falava da mãe dele, meu filho se apaixonou por você, mas precisava amadurecer, pois ainda havia o moleque irresponsável que fazia besteira. O enviei a Paris, talvez o meu maior erro. A distância só nós afastou e com isso, os afastou também. Minha remissão foi unir os dois na administração de vinícola e deixar que o tempo faça aquilo que os privei de viver, um grande amor. Pense como uma segunda chance do destino e aproveite para ser feliz e não cometer os mesmos erros que eu. Seja feliz. Abelardo Villa Real.
Meu Deus...Esse homem é um louco, como ele pode colocar a vida do Bernardo em minhas mãos? Preciso de um advogado para ver como reverter isso, não posso ficar com uma coisa que não é minha e ainda ter que conviver com Bernardo por seis meses, não sei se vou aguentar. Ouço a porta se abrir e David entrar cheio de bolsa de mercado. - Que cara é essa Baby? - Se eu te contar você não vai acreditar! - Então conta e aí vejo se acredito. - Vou ao meu quarto pegar algo, só um instante - pego os documentos e entrego para David ler. - Mais que merda é essa baby? - Herdei uma vinícola em Caxias do Sul. - De quem!? Que eu me lembre você tem só uma prima e essa está bem vivinha. - A história é longa David, senta que senão você cai. Conto toda a história para meu amigo e assim como eu ele fica perplexo. - Como pode um pai colocar nas mãos de uma pessoa que não conhece o futuro de um Império? - Estou me fazendo a mesma pergunta. - Você precisa de um advogado e acho que terá que ir ao Sul para ver o que se pode fazer. - Amanhã falarei com o jurídico do hospital e pedirei indicação de um advogado. - Quero ir com você. Podemos aproveitar que ganhamos quinze dias e viajarmos para Caxias do Sul. - Estou pensando nisso e será um prazer te ter comigo. - Agora vamos descansar que amanhã o dia promete. Bem que tentei dormir, mas minha mente não me deu descanso. Fiquei buscando uma solução para essa situações e não encontrei. Meu medo é que Bernardo pense que sou uma interesseira e a convivência nestes seis meses fique insuportável. Ainda tenho que pedir afastamento do meu emprego e ir ao desconhecido. Só espero que desta vez o destino não seja tão implacável comigo.
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