Ela parou. O que ela sente por ele? Nunca parou para encontrar uma palavra para o que sente em relação ao Miguel.
He: Não sei. Paixão?
Ali: Paixão?! Você arriscou um casamento de anos por um fogo de palha, Helena? – brava –
He: Mas, não foi você que disse que eu tinha que...
Ali: Para, para. Eu disse que eu sou a favor da felicidade. Mas Helena você precisa se conhecer melhor. Se você vai jogar sua vida pro alto, que seja pra viver um amor avassalador, daqueles de te fazer virar o mundo. Agora você me diz que acha que é paixão? Paixão é coisa que os garotos pra quem damos aula sentem.
Helena ficou em silêncio, jamais ouviu tanta verdade jogada na sua cara dessa maneira, ainda mais vindo da sua cunhada.
He: Ele disse que me ama.
Ali: O que? Assim também não, como uma pessoa se apaixona fácil assim?
He: Caramba, Alice. Você é muito contraditória.
Ali: Sabe o que eu acho? De verdade. Que antes de tudo isso, você precisa saber o que sente por ele. Minha cunhada, pelo amor de Deus. Seja mais honesta com você mesma. É sua vida, de ninguém mais.
Ficaram em silêncio por um tempo. Mas Alice teve um pensamento intrigante e deixou Helena nervosa.
Ali: Será que ele vai contar para o Pedro. Sabe... Sobre o beijo de vocês.
He: Não! Ele não seria louco.
Ali: Ah, não sei. Pensei nisso sem motivo especial.
He: Na verdade o que me preocupa mais, é outra coisa.
Ali: Mais que esse beijo? Nossa, e o que é? – curiosa –
He: Não consigo fazer amor com Alonso. Ele viajou nos últimos dias, mal conseguimos nos ver nas ultimas duas semanas, ele chegou nessa madrugada e me procurou, mas eu não consegui. Sem motivo algum, apenas não consegui. Tenho medo de não conseguir mais.
Ali: E com a tentação dormindo bem no quarto ao lado deve ser mais difícil ainda.
He: Na boa, Alice. Esse tipo de comentário realmente só me deixa pior.
Alice riu, mas não que isso fosse um assunto para rir.
Naquela tarde, Alonso apareceu na Escola.
Alo: Oi, amor? – entrando na sua sala –
He: Alonso! Que surpresa boa.
Alo: Saí mais cedo da empresa hoje, vim de taxi pra irmos tomar um café antes de ir pra casa, o que acha?
He: Nossa, eu vou amar. Faz tanto tempo que não fazemos um programinha assim. – sorrindo –
Alo: Então vamos. – pegando o material dela. –
Alonso já havia conversando com Alice, pra que ela ficasse para esperar fechar a escola e assim ela fez.
Helena e Alonso estavam indo para o estacionamento, um garoto ousou cantá-la. Foi discreto, era apenas um garoto amigo de um aluno. Porque os alunos embora a achassem atraente, nunca ousaram fazer o que esse garoto fez. O seu erro foi não ter feito isso em um dia que Alonso não estivesse na escola.
Ela sequer deu importância, era automático ignorar certar tontices.
Alo: Ei! – indo em direção ao garoto – O que foi isso?
He: Alonso, por favor, o que está fazendo? – indo de encontro com o marido –
Alo: Qual é moleque? Tá querendo apanhar?
He: É só um menino, amor. Para com isso. – segurando o marido –
O garoto não queria discutir, colocou as mãos no bolso e saiu do estacionamento.
Alo: Vai embora mesmo! Ou eu te meto a mão na cara! – gritando –
He: Alonso, para com isso! Ele é uma criança, tá querendo ser processado? Ou pior, preso!?
Ele foi com ela até o carro, todo clima havia mudado, Helena odiou o que Alonso fez. Na verdade nunca o viu daquele jeito.
Ela dirigiu e ele percebeu que havia estragado tudo. Foram direto para casa. Ele não ousou perguntar para ela o porquê ela dirigia para casa. Ele sabia.
A relação entre Helena e Alonso piorou demais desde seu ataque de ciúmes na escola, passaram-se dois dias desde então e mal se falavam.
Helena sabia que no fundo, não era só por causa do ciúme de Alonso, o beijo do Miguel tinha grande parte nisso.
Alice conversava com ela naquela tarde, já haviam chegado da escola, Helena não encontrou ninguém em casa, mas a luz do quarto do filho estava acesa, ela sabia que ele estava lá.
Antes de Alice ir para a sua casa, puxou Helena para perto e disse em voz baixa:
Ali: Helena, você precisa falar com o Miguel o quanto antes! – sussurrando –
He: O que? Pra que? Está ótimo como está, eu mal vejo ele aqui. – sussurrando –
Ali: Você precisa perguntar pra ele se ele contou sobre o beijo de vocês pra alguém. Isso é importante. Olha lá o seu filho, sabe se lá o que ele tem na cabeça.
He: Alice!
Ali: Só estou avisando. – saindo –
Helena sabia que aquilo era importante, mas apenas não tinha coragem pra olhar nos olhos de Miguel depois do que fizeram naquela noite.
Ela olhou para cima e pensou no filho, estava distante de Miguel por opção, distante de Alonso por consequência dos atos dele e dela, mas não conseguia se lembrar do porque não conversava com o filho nos últimos dias, estava pensando somente em si e seus problemas.
Subiu as escadas e deixou seu material no quarto, depois foi até o quarto de Pedro e bateu na porta.
Ninguém respondeu então ela abriu devagar a porta, não queria ser inconveniente, mas estava preocupada.
Pedro estava deitado na cama, os fones no ouvido o tiravam de qualquer coisa que envolvesse o mundo real.
Os olhos permaneciam fechados, mas Helena sabia que ele ouvia musica, seus pés balançam no ritmo de algo que tocava em seu celular.
He: Pedro? – aproximando-se devagar –
Não queria assustá-lo, mas antes de chama-lo novamente, ele a percebeu ali.
Pe: Oi, mãe. – sentando-se e tirando os fones do ouvido –
He: Me desculpa, não queria entrar assim, mas você não me ouviu. – sentando-se perto dele –
Pe: Não tem problema, mãe. – sorrindo –
Eles ficaram em silêncio.
He: Filho, tá acontecendo alguma coisa? Quer conversar? Não sei, você tá diferente.
Pe: Ah, mãe. É que... Aconteceu uma coisa que eu não gostei.
Helena sentiu um frio no estômago, Miguel contou tudo a ele, o que ele deve estar pensando?
He: Fala filho! – nervosa –
Pe: É o Miguel...
He: O que ele fez, filho? Me conta, ele inventou alguma coisa pra você, foi desrespeitoso ou... – sendo interrompida –
Pe: Não, não é nada disso, mãe. Ele nem sabe de nada disso. Não é segredo nenhum pra senhora que eu sou doido pela Raquel. Mas quando eu a pedi em namoro na semana passada, ela disse que está apaixonada pelo Miguel.
He: Como é que é, Pedro? – levantando-se –
Ela não conseguiu disfarçar. Aliás, sequer percebeu que sua reação ao ouvir isso era muito estranha e comprometedora.
Pe: Mãe, calma. Eu vou esquecer ela. Não precisa tomar minhas dores. – rindo –
Helena riu, foi a suposição mais inocente que ele poderia ter para a reação dela.
He: Claro, é que eu não gosto de ver assim, filho.
Pe: As férias da faculdade estão aí. A família do Douglas tem casa em Miami, vamos viajar e passar um tempo fora, vai ser ótimo.
He: Claro, também estou pensando em viajar.
Pe: Acredito que o Miguel já não vai mais estar aqui, então irei sem problemas, porque não posso viajar e deixar meu convidado sozinho – rindo – Mesmo sabendo que ele tem você.
Ela se assustou quando ouviu ele dizer isso, mas tinha certeza de que Miguel não falou nada para Pedro, ou seu filho sabe disfarçar muito bem.
He: Por falar em Raquel e Miguel, onde eles estão?
Pe: Meu pai deu uma semana de folga para Raquel.
He: Como? Sem nem falar comigo, você contou isso pra ele?
Pe: Claro, mãe. Foi por isso que ele deu uma semana de folga pra ela, ela viajou, foi ver a mãe dela. Eu confesso que me sinto melhor, mãe.
Ficaram em silêncio um pouco antes de Pedro completar:
Pe: Posso te ajudar com o café da manhã, afinal, você está sem empregada de novo e dessa vez a culpa é minha. – rindo –
Ela também riu.
He: Claro que quero sua ajuda. – rindo – E o Miguel?
Pe: Ele passou a tarde toda em uma agencia de empregos, estava entrevistando um pessoal pra trabalhar no consultório.
He: Ah, sim.
O silêncio predominou por alguns segundos.
Pe: Mãe, você e o meu pai estão bem?
He: Claro, por quê?
Pe: Meu pai disse que viria tarde hoje, você sabia?
He: Sabia.
Pe: Ah, interessante porque ele não disse isso, está em São Paulo pra uma reunião amanhã.
He: Ah, Pedro. Esse é um assunto que eu não quero falar agora. – se levantando da cama –
Pe: Mãe, sabe que pode desabafar comigo, não sabe? – em frente a ela –
He: Claro que eu sei, meu amor.
Helena acariciou com carinho o rosto do filho e disse:
He: Seu pai e eu não estamos concordando com algumas coisas, mas acho que isso vai passar, o trabalho estressa todo mundo. Mas não se preocupe com isso, ok? – sorrindo –
Antes de deixar o quarto ela perguntou:
He: Vamos pedir uma pizza?
Pe: Ah, mãe. Foi mal, mas é que já combinei de sair pra comer com o Douglas.
He: Ok então. Me virou com alguma coisa aqui.
Dizendo isso ela deixou o quarto do filho. Depois de duas horas que Pedro havia saído, o mesmo ligou para casa pra avisar Helena que dormiria na casa do amigo.
Depois de falar com o filho tomou um relaxante banho de banheira, vestiu um roupão e desceu para cozinha procurar algo pra comer.
Fez um sanduiche de queijo e encheu uma taça com o resto do vinho que encontrou na geladeira.
Ali ela se entregava aos seus mais ousados pensamentos, estava sozinha em casa, Miguel provavelmente estaria na represa, como sempre.
Já aproximava-se das onze da noite.
No balcão da cozinha ela estava encostava, cantarolava uma musica quando levou um susto.
Mi: Cadê todo mundo?
Ela quase deixou a taça cair ao chão.
He: Que susto, Miguel.
Ele riu, ela estava simplesmente linda e apenas de roupão.
Mi: Me desculpa, não fiz por querer. – rindo –
A situação era um tanto constrangedora, Helena o evitou desde aquele beijo. Eram quase desconhecidos de novo.
He: Pedro vai dormir na casa do Douglas hoje, Raquel está de folga e Alonso em viagem.
Ele aproximou-se um pouco mais de onde ela estava e passou por ela dizendo:
Mi: Então estamos sozinhos?
A voz era sedutora e ele sabia disso.
He: Parece que sim.
Mais uma vez o silêncio tomou conta, ele estava próximo a ela, ela estava sentada na banqueta, então tomou o resto do vinho em um único gole e levantando-se da banqueta foi em direção a geladeira ao lado de Miguel e disse:
He: Deve estar com fome, posso preparar alguma coisa pra você.
Mi: Só um suco, por favor.
Ele a encarava diretamente.
Ela abriu a geladeira, pegou a jarra de suco e quando começou a servir, percebeu que Miguel tirava a camisa.
Mi: Posso ficar assim?
He: Assim como? – tentando não olhar –
Miguel ficou na frente dela.
Mi: Assim, sem camisa. Não tem problema pra você não é? Esta muito calor aqui.
Ela corou um pouco ao olhar pra ele, em seguida completou:
He: Não, eu já disse que a casa é sua.
Então ele deu a volta no balcão, ficou atrás dela e sussurrou em seu ouvido:
Mi: O que acha de tirar também?
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Sonho de Amor - 2017 [Concluída]
Fanfiction"Você largaria tudo para viver um sonho?" Helena é diretora de uma escola particular em Sorocaba, vive uma eterna lua de mel com seu marido "Alonso" com quem é casada há mais de vinte anos. O que a tira desse feliz casamento são os sonhos quentes e...