Capítulo 6

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6° Sonho de Amor (2017)

He: Tirar a prova? Ver se ele é bom de cama mesmo?! Não pode estar com o juízo perfeito, não é Alice? Está maluca? Não posso trair meu marido!
Ali: Calma Helena, fala baixo. – olhando para os lados – Trair é uma palavra forte demais. Encare isso como uma experiência. Antes de tudo, ninguém merece viver assim, como você está.
Helena ficou em silêncio por alguns segundos, como poderia simplesmente pensar naquilo? Trair seu marido. Em quem estava se tornando? Não!
He: Não! De jeito nenhum, Alice. As férias da escola estão chegando, ele não vai morar pra sempre na minha casa. Se o consultório não ficar pronto antes das férias eu vou viajar. Pro fim do mundo se for preciso.
Alice riu.

Naquela tarde, Alice não voltou para casa com a cunhada, Eduardo seu marido veio buscá-la.
Helena terminava de arrumar os papéis em sua mesa e checar se não havia esquecido nada, quando alguém bateu na porta de sua sala.
De imediato ela estranhou, pois ninguém a procurava aquele horário, era quando ela estava de saída. Então pensou que pudesse ser Alice, mas não.
He: Entra?
Era Miguel.
He: Miguel? O que tá fazendo aqui? – estranhando –
Naquele momento todo o tipo de motivos para ele estar ali passou pela cabeça dela.
Mi: Desculpa, mas é que eu saí do consultório agora, precisava estar lá para receber os equipamentos.
He: Quer um café? Alguma coisa? – nervosa –
Mi: Não, não se preocupe comigo. Eu sei que esse horário você está indo pra casa. Pensei se não se importaria em me dar uma carona. – rindo –
He: Ah! – rindo – Uma carona, claro que não me importo. – sorrindo –
Seguiram para o carro e depois para casa.
Tiveram uma conversa gostosa pelo caminho, Miguel e Helena descobriram varias coisas em comum além de adorar um passeio de lancha.
Coisas que gostavam e que não gostavam de comer, beber, assistir, fazer. Sentiam-se a vontade um com o outro.
Depois desse dia, Miguel sempre que conseguia, aparecia de surpresa na escola de Helena para conseguir um tempo a sós com ela. Principalmente naquela semana, onde Alonso precisou viajar e ficar fora da cidade por alguns dias.
Alice a primeira vez que viu aquilo, percebeu o que Miguel fazia e por isso não ficava na escola para voltar com Helena.
Conseguia então um momento só para eles.
Helena no fundo também sabia que Miguel gostava de ir para casa com ela, afinal ele tinha condições de ir de taxi, até de conseguir um carro.

Naquela noite, Helena estava inquieta. Alonso viajou naquela semana e já a alertou que precisaria viajar novamente.
Aproximava-se das dez na noite quando ela foi até a cozinha, Pedro tinha ido buscar Raquel na faculdade depois de muita insistência.
Tomava um copo de suco quando mais uma vez foi surpreendida por Miguel.
Mi: Dessa vez eu não te assustei, não é? – rindo –
He: Não muito – rindo –
Não existia muito assunto e aquele silêncio era torturante. Antes que ela pudesse começar a perguntar sobre o consultório, ele se adiantou e fez uma pergunta um tanto estranha.
Mi: O que está achando sobre eu morar aqui com vocês? – aproximando-se –
Ela não se engasgou com o suco, mas poderia. Recuou alguns passos e colocou o suco na mesa.
He: Normal.
Mi: O que é normal pra você? – aproximando-se mais um pouco –
He: Ah, não sei, Miguel.
Mi: Eu sou normal pra você?
Ele tinha o olhar desafiador. O que ele pretendia com aquilo?
He: Você me deixa constrangida, está me deixando agora.
Ele se aproximava um pouco mais e agora não tinha mais pra onde recuar.
Mi: Por quê? – sussurrando –
He: A forma com que me olha, eu...
Mi: E como eu olho pra você, Helena? – sussurrando –
A situação toda já não estava mais sob controle.
He: Eu não sei diz... – sendo interrompida –
Mi: Olhe pra mim e tente.
Miguel a segurou delicadamente pelo queixo e a direcionou de frente para seu rosto.
Ela o olhou e a penetração daquele olhar foi tão intensa que parecia que ele conseguia ver o que ela via. Helena via em Miguel absoluto desejo, enquanto ele via nos olhos dela certa confusão.
Ele percebeu que a confusão estava sumindo, ela tomaria uma decisão.
He: Miguel, você é o amigo do meu filho. – desviando seu olhar –
Miguel a segurou no rosto e a fez olhar para ele dizendo firme:
Mi: Não! Eu sou o homem que está olhando pra você. Você está me olhando como a mãe do meu amigo ou como uma mulher?
Ela ficou um segundo em silêncio antes de responder.
He: Como mulher, mas que é mãe do seu amigo.
Mi: Vamos lá, Helena. Faça um esforço. Use sua imaginação que eu sei pelo seu olhar que a imaginação está solta. O amigo do seu filho está com ele. Ele só está em casa quando seu filho está. Quem sou eu agora, Helena?
Ela olhava para os olhos dele, mas depois não conseguia tirar os olhos daquela boca que parecia chamar pela dela.
Enfim sua decisão havia sido eliminada. Era a hora de dar início ao homicídio da vontade de ambos.
Miguel queria esperar que ela desse o primeiro tiro, mas aquilo que estava preso dentro dele estava louco para sair e quando percebeu, já dissera em alto e bom som.
Mi: Eu te amo, Helena.
Ela não disfarçou o susto e a ultima coisa que ele queria era assustá-la.
Mi: Olha, nem eu sei como eu te explico isso, mas eu já te conhecia antes mesmo de te conhecer, eu sei que parece confuso, eu só não quero que pense que...
O beijo inesperado que ela lhe dera fora perfeito.
Helena não conseguia simplesmente parar, queria deixar sua língua massagear a dele o resto daquela noite.
Estava rendida. Os braços dele agora apertavam suas costas. Sentia-se protegida e completamente excitada.
Mas o beijo parou. Pedro e Raquel poderiam chegar a qualquer hora.
Ela se afastou.
He: Não, isso é errado Miguel. – recuando –
Mi: Helena, estamos perdendo um tempo maravilhoso.  Fica comigo. – aproximando-se dela –
He: Não! Eu não sei onde eu estava com a cabeça. – recuando –
Miguel tentou beijá-la novamente, mas ela se esquivou.
He: Não, Miguel. Eu sou casada e amo o meu marido.
Ele ficou em silêncio por um tempo, depois se desculpou.
Mi: Tem razão, eu fui um idiota. Me desculpa. Se quiser eu posso sair daqui hoje mesmo e... – sendo interrompido –
He: Não, você não precisa ir a lugar nenhum. Afinal ninguém beija sozinho, não é? Eu tive culpa também.
O melhor a se fazer é esquecer que isso aconteceu.
Ele aproximou dela um pouco mais, ele não poderia saber, mas a respiração dela ficou desordenada.
Mi: Então isso nunca aconteceu. – encarando-a –
He: Isso.
Ele sorriu para ela e deixou a cozinha, ela não entendeu o porquê daquele sorriso.
Helena ficou sozinha ali, pensando no que acabara de fazer, que consequências aquilo teria no futuro?
Naquela noite, Miguel não dormiu. Alonso chegou de viagem naquela mesma madrugada.
Que perigo correram, ele poderia tê-los pego na cozinha.
Não queria sequer pensar nessa possibilidade.
O marido de Helena chegou cansado, tomou um banho e se deitou, mas depois de quase uma semana longe de sua mulher, ele ansiava por uma noite de amor com ela.
Mal sabia ele que a mulher que deixou em casa antes de viajar, não existe mais desde duas horas atrás, quando beijou Miguel.
Ela estava deitada de costas para ele, ele sabia que ela ainda estava acordada, não poderia ter dormido tão rápido assim, afinal conversaram antes de ele entrar no banho, isso não tinha mais que dez minutos.
Os lábios dele brincavam em seu pescoço, mas Helena não tinha reação alguma.
Alo: O que foi, Amor?
He: Nada.
Alo: Você está me evitando e não é de hoje.
He: São só alguns problemas na escola, Alonso. Não se preocupe. Já estou resolvendo isso.
Alo: Sabe que pode contar comigo pro que for, não é?
He: Claro que sim, amor. Me desculpa, eu não estou no clima. Prometo que te compenso outro dia. – beijando-o –

Quando o dia amanheceu, ninguém sequer viu Helena. Ela acordou bem cedo, Raquel nem havia levantado pra preparar o café, mandou um torpedo para Alice dizendo que a esperava na escola e que a corona de hoje não ia rolar.
Alice pensou logo no pior, correu para a escola, as cozinheiras e faxineiras ainda estavam chegando. Assim que entrou na sala de Helena a mesma tinha os olhos inchados, pelo visto não dormira bem aquela noite.
Ali: Meu Deus, Helena. O que foi que aconteceu? Parece que você foi atropelada. – aproximando-se dela –
He: Aconteceu, Alice. Eu o beijei, ele me beijou, o Alonso voltou de viagem, eu não consegui fazer amor com o Alonso e... – sendo interrompida –
Ali: Calma, calma.
Alice colocou seu material na poltrona ao lado, depois ligou a maquina de café, enquanto esperava disse:
Ali: Fala devagar, Helena.
He: Alice, se eu pudesse voltar atrás eu,.. eu...
Ali: Voltar atrás? Foi tão ruim assim?
He: Não, o pior é que não foi ruim.
Ali: O que é que foi então?
He: Eu tô me sentindo culpada, ele não sai da minha cabeça nem por um minuto.
Ali: Você fez exatamente o que?
He: Eu beijei ele, Alice! – andando pela sala – Está ouvindo alguma coisa que eu tô dizendo?
Ali: Eu tô! Mas pra que esse desespero, Helena? Foi só um beijo. O problema é se você não quiser que isso pare apenas nesse beijo.
He: Eu amo o Alonso, eu amo.
Ali: Ama.
He: Sim, eu amo. Nós temos uma família linda e...
Ali: E tem o Miguel. O que você sente por ele?

Sonho de Amor - 2017 [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora