Capítulo 15

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Todos, incluindo o rei prenderam a respiração, perplexos diante daquela cena incomum. Alex deu um passo à frente.

― Elisie, é melhor irmos...

― O que disse? Não quer se casar comigo? Alteza?

― Ouviu bem, eu me nego a casar com você. ― Os lábios de Elisie se abriram, mas nenhuma palavra saiu. O rei se inclinou no trono para ouvir melhor. Os outros desviaram os olhos, mas continuavam atentos.

― Por que? ― Elisie conseguiu por fim, sussurrar. Os olhos imediatamente se tornaram úmidos. Dixon não respondeu, enrugou a face em desgosto e saiu do salão.

― Querida, há mais príncipes, escolha Alexyan, é filho de meu irmão. Ele será marques um dia, e pelo que eu soube a relação de vocês é boa.

― Majestade, altezas, me retirarei.

― Sim, sim. Pode ir, pedirei que Ramon leve chá ao seu quarto.

Ela não seguiu diretamente para o quarto, passou um bom par de horas perambulando pelos corredores, embora seu corpo congelasse.

― Alex, não precisa ficar me seguindo para todo canto. Pensa que eu correrei ao quarto de Dixon e farei uma cena?

― Não é isso... estou preocupado com o seu coração partido. ― A princesa gargalhou parando ao lado de um janelão.

― Meu coração partido? Eu não estou de coração partido. Eu o queria vivo, e agora eu o tenho vivo.

― Então por que parece deprimida? Você percorreu o castelo quase todo.

― Procuro em vão as gargalhadas de Jeremy pelos cantos desse castelo. ― Alex finalmente se desfez da armadura de indiferença que carregava desde quando pisaram em Vrisan. Chorou encostado na janela.

― Eu... eu pensei que você não estava sentindo a falta dele. Eu pensei que você fosse insensível...

― Ele era meu... nosso filho, nossa criança que criamos por três anos. Sinto tanta falta dele que meu coração falta parar. Mas o que eu podia fazer? Eu queria que Dixon vivesse uma vida que nunca teve chance naquela.

― Vamos procurar por Melinda.

― Farei isso, mas agora não. Precisamos resolver o assunto do inverno.

― Majestades... ― Gritou Briana correndo até eles. Alex olhou ao redor preocupado.

― Briana, não nos chame assim. Não somos mais reis.

― Desculpe, é que fiquei muito feliz com a notícia que eu consegui revelar.

― Como assim?

― Eu tentei um de meus feitiços de memórias. E vi as minhas memórias dessa nova vida. Eu ainda sou filha dos meus pais. E sou muito amada.

― Você pode recuperar a nossa também? ― Perguntou Alex.

― Sim, me sigam. ― Briana os levou até aquele quarto que Elisie havia encontrado quando chegou ao castelo na primeira vez. Um quarto estranho com uma cama redonda bem no centro. Mas esse não tinha os objetos sinistros, nem correntes ao redor da cama.

― Que lugar é esse? Não parece ser um quarto como os outros.

― E não é. É um quarto de tortura real. É aqui que os príncipes, filhos reais ilegítimos ou crianças nascidas com deformidades são castigados ou assassinados em segredo. Mas essa sala nunca foi usada. ― Completou, analisando as expressões de Elisie. ― Sentem. Briana mordeu o dedo e escorreu as gotas de sangue no grande prato de prata que ela encontrou no canto do quarto.

Princesa Feroz  (Livro II )Onde histórias criam vida. Descubra agora