Capítulo 10

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 A situação não podia ser mais desagradável. Constatou Elisie, constrangida.

Olhou para fora da carroça, estava em uma estrada deserta, com um pequeno burro desnutrido pastando do outro lado, e um homem desconhecido completamente nu enlaçado ao redor de seu corpo, seu antigo corpo.

Elisie tentou se desvencilhar do abraço do homem, porém para sua desgraça ele despertou, abriu enormes olhos claros para ela. Elisie não falou nada por um instante, não havia pensado que ao pular naquele circulo todos os três seguiriam para caminhos diferente.

― Desculpe perguntar isso..., senhor, mas..., mas quem sou eu? E aonde estamos? ― O homem finalmente saiu do transe. Se sentou, Elisie puxou para si a manta que cobria seus corpos.

― Elisie?

― A-Alex? Como... acho que em nossa vida passada erámos amantes.

― Desculpe, vou virar de costas até você se vestir.

― Que lugar é esse? Você consegue identificar? ― Perguntou colocando as calças bufantes.

― Não faço ideia, veja se tem algum documento em suas roupas. ― Elisie sacudiu o amontoado de tecido, depois sacudiu as roupas de Alex. Uma pedra de ônix caiu do bolso da calça, interligada a ela estava um fio com um pedaço de madeira, cujo nome Arkin Macléia estava talhado em letras perfeitas. Elisie entregou a pedra com o pedaço de madeira para Alex.

― Fui um soldado do exército de Darkeng no passado. Isso explica minha paixão inexplicável por aventuras. ― Se gabou, finalmente se virando para Elisie.

― Como eu sou? Diga-me, querida esposa, como eu sou no corpo de Arkin Macléia?

― É completamente diferente de quem eu conheço. Você é ruivo, e tem olhos violetas. Há uma cicatriz em sua bochecha direita. E eu? ― Alex não percebeu o que fez até que sua mão sentiu o calor do rosto de Elisie.

Ela era quase a cópia idêntica de sua outra eu. Os mesmos cabelos castanhos lisos e longos, os lábios rosados e cheios, os olhos de um castanho claro que atraia a atenção sem muito esforço. Alex não conseguia descobrir o que nas duas era diferente.

Era certo que havia uma grande diferença, talvez na forma como ela o encarava agora no corpo dessa desconhecida.

― Continua linda. E Briana? ― Elisie olhou em volta, o desespero voltou com força, não queria perder a bruxa. Desceu da carroça, prestes a correr sem rumo atrás da bruxa.

― Estou presa. ― A voz veio de algum lugar no céu. Alex e Elisie se encaram. ― Sou metade de uma alma, não tenho como me juntar ao meu corpo.

― Desculpe, não pensamos nisso e te colocamos em perigo.

Não se preocupe, majestade, eu sou o vento agora. Até que vocês terminem o que vieram fazer, ficarei por aqui. E creio que serei de alguma ajuda.

― Obrigada.

― Briana, você consegue ver lá do alto? Tente ver onde estamos e qual o caminho para Darkeng.

A bruxa que era vento soprou para o alto, entre as nuvens e viu o continente inteiro em poucos segundos. Desceu.

― Estamos na estrada de Darkeng, é só virar a carroça e seguir reto.

― Obrigada, bruxinha.

― Já disse para não me chamar assim.

Alex prendeu o burrinho a carroça e seguiram para Darkeng.

― Quem você acha que eu sou?

― Provavelmente a filha de um nobre, acho que estávamos fugindo. Veja as malas.

Princesa Feroz  (Livro II )Onde histórias criam vida. Descubra agora