Capítulo 16

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Debaixo das frenéticas folhas da macieira recém-criada, Elisie sorveu o chá de hortelã lentamente. Perdera a conta de quantas vezes elogiou Briana por sua rapidez e perfeição.

As únicas coisas que faltavam naquela recriação perfeita do jardim de Dixon, era seu dono e seus cães. Porém sua ausência não causou dor a Elisie, era madura o suficiente para se contentar com a vida e a união que teriam. É por Jeremy, usou essa desculpa diversas vezes, apesar de que antes que ela soubesse da presença de Jeremy no castelo, insistiria na união com a desculpa de ter Dixon ao seu lado.

― Mamãe! ― Gritou Jeremy do início da passarela de pedras. Correu até ela.

― Meu amor, por que está aqui fora usando apenas essa capa fina? Não parece, mais ainda é inverno.

― Desculpa, mamãe, eu queria ver você. ― Elisie o pegou no colo, dando-lhe vários beijos em sua bochecha.

― Eu não sumirei novamente, agora ficaremos juntos para sempre, meu amor.

― E papai? Eu chamei papai, mas ele não me ouviu. Eu não gosto daquele loiro.

― Meu amorzinho, Dixon é o seu único pai, o príncipe Alexyan, apenas cuidou de nós enquanto o papai resolvia um enorme problema.

― Mas eu gosto do papai Alex. ― Elisie suspirou.

― Jeremy! ― Dixon se aproximou, indignado. ― Venha, eu já não disse para ficar longe dessa mulher?

― Mamãe...

― Ela não é sua mãe.

― É sim. ― Gritou Jeremy, Elisie o acalmou e pediu para que a serva o levasse para seu quarto.

― Ele é só uma criança.

― Sim, por ser uma criança, eu ficaria muito grato se a senhorita não o confundisse.

― Dixon...

― Princesa, eu não dei minha autorização para me chamar pelo meu nome. ― Elisie mordeu a língua, controlando-se ao máximo.

― Alteza... o que achou desse jardim? Parece familiar? ― A raiva sumiu instantaneamente de seu semblante, Dixon por um momento foi sufocado por uma amargura sem explicações.

Encarou o jardim, sentiu o aroma das rosas, parecia familiar, mas desde que nascera, aquele lugar era somente um campo verde com poucas árvores secas, então de onde vinha aquela sensação? Não sabia explicar, porém, pelo olhar dela, ela sabia.

Elisie se aproximou, pode sentir o cheiro de seu marido, ele ainda tomava banhos aromáticos, era doce.

― Deixe-me cuidar de você. Deixe-me ser sua esposa. Não importa que você não se lembre de mim, faremos novas lembranças. ― Ela acariciou a face de Dixon, e com a outra mão agarrou-se a capa que ele usava. Os olhos incrivelmente verdes de seu amado olhavam diretamente nos dela.

Sim, me olhe assim, descubra o amor escondido no fundo de seu coração, eu sei que há amor aí. Pensou Elisie aproximando os lábios dos dele.

― O que pensa que está fazendo?

― Eu ia beija-lo. ― As bochechas de Dixon enrubesceram, e seus olhos se desviaram dos dela, tímidos.

― Em Margoth todas as damas são depravadas como a senhorita?

― Não, claro que não. Eu só sou depravada com meu marido.

― Eu não sou seu marido.

― Ainda. Será quando meus bruxos terminarem de descongelar a terra. ― Dixon a afastou, fingindo analisar meticulosamente a pétala de uma margarida. Elisie disfarçou o sorriso que ameaçava escapar de seus lábios, estava amando ver seu sempre rude e inexpressivo príncipe Cordial tímido e indefeso. Agora ela era a má da história, quem destruiria mundos e reinos se ousassem fazer-lhe mau.

Princesa Feroz  (Livro II )Onde histórias criam vida. Descubra agora