Capítulo 03

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Na manhã seguinte, Alex acordou sozinho, recebendo de bom dia apenas o perfume deixado nos travesseiros.

As concubinas o aguardavam na sala de jantar para o desjejum, eram moças lindas, de rostos gentis, meigos e ansiosas por uma pequena atenção do rei.

Era nítido que estavam descontentes, estavam ficando velhas sem dar à luz a nenhuma criança. Se perdessem a hora, iriam morrer sem glórias.

― Majestade. ― Saudaram todas curvando-se assim que ele surgiu na escada.

― Bom dia, deviam ter começado sem mim, perdi a hora.

― A sua primeira mulher, a rainha é a mais importante, sabemos. ― Murmurou Ysdora, a primeira moça que Elisie havia levado, ela a resgatou de ir para o templo das sacerdotisas no segundo ano depois da morte de Dixon. Era tagarela, quase sempre rude, tinha enormes olhos lilases e cabelos loiros esvoaçados. Acabou se tornando uma grande amiga para Alexyan.

― Ysdora, por favor, não comece.

― É verdade, eu vi quando você entrou e não saiu do quarto dela. Fiquei por muito tempo, esperando pela brecha da minha porta.

― Senhoritas, eu não toquei em nenhuma de vocês, não pretendo realmente tomar nenhuma como minha, espero que entendam.

― Mande-nos para o templo das sacerdotisas. Porque pelo que parece, nossas vidas aqui será o mesmo que lá. ― Retorquiu Safira.

― Mulheres que nunca terão o prazer de dar à luz a uma criança? Lamentável, não é? ― disse Elisie, sentando-se à mesa. ― Se não querem acabar como eu, espero que façam o que puderem para conquistar nosso marido.

― Elisie. ― Exclamou Alex irritado

― Alex, precisamos de um herdeiro, você sabe.

― Jeremy é suficiente.

― Claro que não é. ― ele não possuía o sangue dos Leican, nem dos Allen. Apesar de Elisie ama-lo, talvez os deuses desaprovassem alguém reinar sem ter o sangue predestinado. E Elisie sabia o quanto os deuses eram cruéis quando desaprovavam alguma coisa.

― Apenas tenha um filho, Alex, por favor. ― O clima tornou-se pesado, as concubinas ficaram em silêncio com os olhos fixos em seu desjejum, e os ouvidos focados na conversa dos reis.

― Então vamos ter um filho, eu e você, Elisie.

― Você sabe que eu não posso.

― Você tentou? Não, depois daquele acidente você apenas começou a se auto intitular como infértil. ― A rainha, bateu os talheres na mesa. A face pálida tornou-se rubra.

― Levante-se, precisamos visitar a prisão de ossos. ― Era a sétima reclamação que chegava ao castelo, coisas estranhas estavam acontecendo com frequência na prisão. Segundo relatado nas cartas, começaram a aparecer prisioneiros mortos em um poço.

É certo que em uma prisão sempre há mortes e brigas, todavia nesse caso era magia perversa de uma bruxa, pelo que foi escrito nas cartas, eles conseguiam sentir o pesado ar das trevas pairando sobre aquela prisão no meio do pântano. Depois de procurar por todos os continentes do mundo, a bruxa apareceu, tardiamente, mas apareceu.

Elisie não queria admitir, porém carregava no peito uma pequena chama de esperança, não importava se a bruxa fosse maligna, ela estava preparada para sacrificar o que fosse preciso.

― Não use o cabelo assim, e use sapatos confortáveis. Teremos que atravessar uma extensa área a pé.

― Sou a rainha, não preciso caminhar.

Princesa Feroz  (Livro II )Onde histórias criam vida. Descubra agora