Livre-se da culpa

141 22 14
                                    

    "A principal e mais grave punição para quem cometeu uma culpa está em sentir-se culpado."
Sêneca


Somos feitos de pele, sangue, ossos e CULPA!
A culpa nos maltrata nos martiriza. 
O pior sentimento que eu carregava comigo era a culpa.

A cobrança e a culpa andavam de mãos dadas. Eu me cobrava.                  Eu sentia - a me culpada.

   Assim como as cobranças e as exigências vinham desde a infância a autocrítica e a culpa também eram minhas companheiras de longa data.
   Lembro-me que até na escola eu era exigente com as minhas notas, era uma cobrança que não vinha da minha mãe vinha de mim. Eu tinha que tirar as melhores notas e não me contentava apenas com uma nota azul. Ficava triste se não conseguisse suprir minhas exigências.

E com a culpa vinha a tristeza; como ficava profundamente triste por pequenas coisas por viver com as culpas.

E você costuma sentir-se culpado?
 
Em uma das minhas sessões decidi levar para terapia esse assunto: culpa.

Quis levar esse assunto para a análise  porque estava sentindo - me muito culpada por uma situação que vivi com meu avô no último dia que o vi com vida, um mês antes de iniciar meu processo de psicoterapia. E com isso percebi o quanto eu estava cheia de culpas.

Porém razão e emoção mais uma vez não caminhavam juntas quando cheguei na sessão me faltava forças para falar, e invadiu-me várias emoções: medo de chorar, aliás medo de ter uma crise de choro, vergonha, culpa tudo junto e misturado.

Então comecei enrolando, contei uma história enorme e vários outros fatos para então dizer o que tanto estava me pesando a consciência.

Dois dias antes do meu avô falecer eu passei o dia no hospital com ele. Ele estava em fase terminal de câncer, muito, muito magro, não ouvia direito, não falava direito e em seus olhos a expressão era de muito sofrimento.
   Ao seu lado havia um outro senhor que estava fisicamente bem comparado ao meu avô que estava fisicamente pele e osso.
   Eu ia ficar com ele das 09h da manhã as 21 horas da noite, levei então dois livros achando que teria muito tempo para lê-lo.
   Lembro-me que mesmo afundado em tanto sofrimento físico, mesmo sem falar ou ouvir direito ao encontrar meu avô eu falei o que era tradição: Bênção vô! E ele não tendo forças pra responder o Deus te abençoe fazia com as mãos uma cruz em minha testa.

       Meu avô estava muito fraco, com muito dor e tinha consciência de tudo, queira levantar- se tirar o cubo de respiração, mas não tinha forças.
Minha missão era ficar atenta às suas mãos para que ele não  tirasse nada.

Na parte da manhã deu tudo certo e eu ainda consegui rezar o terço ao seu lado. Mas depois ele ficou muito agitado. Pela tarde o senhor que estava ao lado do meu avô faleceu, dormiu e morreu.

      De repente vieram vários médicos com aparelhos me mandaram sair e fizeram a massagem cardíaca naquele senhor. Lembrei - me então do pequeno Ian  que sofrerá duas paradas cardíacas.

Meu coração acelerou demais!
E eu fiquei com muito medo de passar mal naquele lugar. Paralisei, fiquei branca e com o coração parecendo que sairia pela boca. Em segundos eles saem falando a hora do óbito.
  
          Vê tudo isso acontecer tão de perto, refletir que a morte havia passado por ali, que seja lá o que for que se acontece quando alguém morre tinha acontecido bem ali ao meu lado me deixou paralisada.

  O medo entrou em ação junto com a vontade de chorar e o desespero. Mas eu tinha que cuidar do meu avô.

 Voltei para o quatro com muito medo de que meu avô moresse ali comigo lá, eu não sei qual seria a minha reação com esse pensamento voltei e meu avô estava com as mãos amarradas, ele olhou para mim e para as mãos como quem diz: tire isso daqui.

Antes e Depois Da TerapiaOnde histórias criam vida. Descubra agora