13 de abril de 2014

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13 de abril de 2014.

“Joshua William Dun

18th June 1988 ★

20th December 2014 †

You will die, but now your life is free.
Take pride in what is sure to die.”

Quando Laura perguntou a Tyler o que deveriam escrever na lápide de Josh tudo o que veio na mente do garoto foram essas palavras, ele não sabia ao certo o porquê, elas só vinham repetidamente e ele sabia que era isso o que Josh queria. Laura havia o olhado de maneira estranha, como se perguntasse “tem certeza? Isso não é mórbido demais?”, mas o que? A morte não é isso?

Tyler suspirou, lendo aquelas palavras que rondavam a sua mente há quase 5 meses. Como ele queria odiar aquela lápide, como ele queria poder chorar em cima dela, ele queria gritar e amaldiçoar o mundo por aquela lápide existir. Porém aquilo só era concreto e o mundo não tinha culpa da morte de Josh. E não é como se Tyler ainda odiasse ou chorasse.

Há quase 5 meses Tyler não sabia mais o que era chorar ou odiar. Ele estava tão inanimado quanto o concreto daquela lápide e o gesso do túmulo em que estava sentado.

O túmulo de Josh.

Josh.

Seu único amigo.

Seu único amigo que morreu há quase 5 meses.

“Tyler olhava para as portas de metal do elevador com impaciência, desejando que aquela coisa fosse com mais agilidade. Era engraçado pensar que quanto mais temos pressa, tudo ao seu redor parece ir mais devagar. Ele havia ido comprar bolinhos na lanchonete do hospital para Laura, mãe de Josh, que estava com fome porque não comia nada desde do dia anterior, afinal seu filho teve uma crise durante a tarde e ela não queria sair do seu lado, aceitável.

Havia se passado algum tempo que Tyler havia colorido os cabelos de Josh e desde então o mais velho dos dois só havia piorado, sendo incapaz de sair da cama sem desmaiar de dor de cabeça. Tyler sentia-se culpado por isso, talvez se ele não tivesse topado a ideia maluca de Josh ele não estaria pior, ele tinha certeza que o processo químico tinha influenciado em sua piora, por mais que Joshua negasse.

Ele se lembrava da bronca que ouviu do médico de Josh e do olhar de desaprovação de Laura, isso caiu como um chumbo em seu peito, fazendo ele chorar a noite toda em sua casa ao chegar na mesma naquele dia.

Tyler foi arrancado de seus pensamentos quando as portas do elevador se abriram com um grande ruído, indicando que havia chegado no andar desejado. Ele saltou do elevador e em passos rápidos chegou na sala de espera (que nos últimos meses havia virado a sua segunda casa) e encontrou Laura sentada em uma daquelas cadeiras duras, com o olhar fixo na parede branca à sua frente mas ao mesmo tempo perdido.

— Tia, trouxe seus bolinhos. — sussurrou alto o bastante para a mulher ouvi-lo — É de creme, seus favoritos.

Laura pareceu notar sua presença e a contra gosto desviou os olhos da parede, o encarando com tristeza.

— Eu não estou mais com fome.

Tyler suspirou irritado, mas tentou não demonstrar sua frustração ao repetir.

— A senhora precisa comer, por favor. — Tyler se importava com ela como se fosse a sua mãe, vê-la naquele estado o levava ao desespero.

— Não, Tyler. — suas voz estava como aço e  ele engoliu em seco, com certo medo da aspereza da mulher que outrora fora tão doce.

My only fren // joshlerOnde histórias criam vida. Descubra agora