12 de abril de 2011.
Seu celular vibrava irritante e insistentemente em cima de sua cama, quase zombando de sua cara. Ele estava sendo com as costas apoiadas na cabeceira da cama, com as pernas dobradas coladas ao peito enquanto o celular zumbia e remexia na sua frente.
Ele não podia atender aquele maldito aparelho. Mesmo que fosse importante, Tyler não ia aguentar ouvir o que tivesse de ouvir.
Tyler odiava ser realista, porque a realidade sempre é um saco. A sua realidade pode estar boa, mas provavelmente a do seu vizinho pode ser um horror. Seu vizinho pode viver bem, você pode estar sofrendo como as pessoas no inferno. A verdade é que sempre alguém estaria vivendo o céu enquanto outra pessoa estaria vivendo um verdadeiro inferno. Tyler não conseguia viver bem sabendo disso. Tyler se perguntava como as pessoas conseguiam viver sabendo disso.
Josh sempre disse a ele que as pessoas vivam assim porque mesmo que estivesse tudo bem no exato momento, a realidade poderia virar e toda aquela paz podia acabar. Viver ignorando a dor outros podia ser um alento a própria dor que para eles poderiam surgir. Tyler não entendia isso. Tyler sabia que Josh não entendia isso também.
Enfrentar a realidade das coisas era difícil, por isso ele gostava de imaginar.
Imaginar um dia bom, com pessoas boas, em um mundo bom. Tyler gostava de imaginar que todos eram felizes, inclusive ele. Imaginar era uma das poucas coisas que ele gostava.
Mas Tyler odiava ter que olhar para o celular e saber que tinha que atender porque era importante. Porque ao atender, ele saberia se sua realidade seria tão feliz quanto sua imaginação.
Era a mãe de Josh que ligava para ele, Laura Dun, que depois de sua mãe, era a mulher preferida dele no mundo. Tudo o que ela passou com um filho com câncer era de se admirar. Laura era um exemplo de força e fé. Tudo o que ele não tinha no momento.
Ele sabia que devia ser forte e espirituoso, devia isso a Josh.
Há algumas semanas atrás, Josh havia feito uma ligação para ele do hospital. Seu amigo estava tão alegre do outro lado da linha que tudo que Tyler sabia fazer era sorrir, no entanto ele não pôde evitar o choro quando Josh falou que os médicos finalmente achavam que ele estava curado do câncer. Só mais alguns exames precisavam ser feitos para descobrir se Josh estava mesmo curado, livre do câncer.
Não foi nada fácil viver com Josh doente. Sua alma ficava pesada ao ver Josh passar mal durante a noite, seu coração apertou ao ver ele perder peso, Tyler não conseguia evitar as lágrimas quando Josh não conseguia nem se mexer direito de tanta dor que sentia em alguns dias. Tyler morreu um pouco ao ver o brilho nos olhos de Josh se perder quando ele teve que raspar o cabelo.
E depois de três anos sofrendo com um câncer maldito, Josh tinha uma esperança. Eles tinham uma esperança.
Tyler mal havia conseguido dormir na noite passada, os resultados dos exames sairiam naquele dia e ele tinha medo do que a realidade tinha para ele. Ele tentava ter esperança, mas sua mente pregava peças e o enviava imagens de um Josh pálido e sem calor, sem vida, depois de tanto sofrimento. Ele temia ouvir que Josh teria que sofrer mais e que sua morte estava mais próxima.
E com a mãe de Josh ligando para ele a cada segundo, só podia confirmar o que sua cabeça tanto insistia em acreditar.
Josh iria morrer.
Tyler nem percebeu que chorava. Ele não podia acreditar nisso. Não era verdade. Sua mente estava errada e ele provaria isso.
Tyler pegou o telefone com a mão trêmula e atendeu a chamada, levando o celular até a orelha muito lentamente.
— A-alô? — ele sussurrou e por um segundo pensou que Laura poderia não o ouvir.
— Tyler, graças a Deus. — ele notou que a voz dela estava nervosa, porém também aliviada — Por que demorou tanto para atender?
— Eu estava no banho. Desculpe. — mentiu descaradamente — O que aconteceu, tia?
Ela riu. Tyler ficou apreensivo.
— Os exames apontaram que ele está bem, filho — ele sentiu o mundo congelar, sua boca se abriu e nada foi dito — Joshua vai ficar bem, ele vai saiu dessa e agora é pra valer.
Então Tyler surtou. Ele riu, chorou, agradeceu e provavelmente gritou um pouco. Laura não pareceu se importar, ela estava no mesmo estado do que ele.
Seu Josh ia ficar bem.
Eles iam ficar bem.
Talvez a realidade decidiu ser legal com ele, pela primeira vez em três longos anos.
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Notas: olá, amores! Como estão?
eu sei que demorei e eu realmente não tenho uma desculpa pra isso. mas por favor, não me odeiem :( eu só tava sem vontade pra postar assim como tava com vontade de fazer qualquer coisa. perdão :(
mas então, eu gosto desse capítulo, eu gosto como a sensação de tudo estar bem soa, porque às vezes tudo temos isso. Esse lampejo de esperança na tempestade. E depois vem a calmaria junto ao sol. É algo clichê mas é uma sensação boa.
enfim, frens, espero que estejam gostando e que fiquem comigo! |-/
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My only fren // joshler
Fanfiction"Fique vivo, fique vivo para mim Você vai morrer, mas agora sua vida é livre" Aquela em que Josh Dun é o único amigo de Tyler Joseph e tem câncer.