Capítulo 35

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O tempo passou e entardeceu, as chamas foram controladas e a fumaça se dissipou no céu. Anna, Samuel e um bombeiro entraram na loja.
O aperto no coração de Anna ao olhar ao redor, seus pés tocam o chão escurecido,as marcas de destruição que ficaram em todo lugar.
As cortinas azuis,o vaso de flores,as estantes de madeira,o sofá marrom,as mesas; tudo consumido pelas chamas.
Ela olha onde costumava ficar seus queridos livros,a maioria deles virou cinzas, somente algumas enciclopédias escaparam.

- O que pode ser feito? - perguntou Anna ao bombeiro,sua voz esboçava dor.

- Não podemos falar nada ainda, mas o que sabemos é que encontramos algumas pistas do que aconteceu.

- Como assim? - pergunta Samuel.

- Encontramos um cigarro perto do aquecedor, alguém deve ter deixado....

- Como se ninguém entra lá e os únicos que entram sou eu e o Samy?! - ela questiona já interrompendo o rapaz.

-  Verdade, e nenhum de nós fumamos. - complementou Samuel.

- Não podemos tirar conclusões precipitadas, vocês tem algum sistema de segurança ou algo assim?

- Temos. - responde Anna - Alarmes, câmeras de vídeo,as imagens das câmeras vão para o meu computador.

- Sugiro que leve as informações amanhã para os policiais averiguarem. Acho que isso é seu,- o oficial entrega o avental azul-Com licença. - o bombeiro se retira.

Anna olha só seu redor com os olhos marejados,seu olhar desolado era eminente,ela perdeu seu chão.

- Então... É isso mesmo? - ela pergunta segurando o avental que estava cheio de cinzas, uma das poucas coisas que o fogo não destruiu. - Eu perdi tudo? Minhas histórias, meu sustento, minha segunda casa... tudo isso se foi mesmo?

- Anna ... - Samuel coloca a mão sobre o ombro encharcado de Anna. - Não veja isso como um infortúnio mas como uma oportunidade.

- Que oportunidades pode surgir de uma situação dessas Samy? - ela pergunta sem um pingo de esperança- Você não vê? Eu perdi tudo...

- Lembra que você ia fazer a reforma? Talvez seja hora de reconstruir.

- Reconstruir?

- Sim Anna, veja que tudo isso aconteceu quando não havia ninguém aqui,Deus preservou a vida dos nossos clientes e a nossa também. - ele segura sua mão direita - Sei que tudo isso que aconteceu hoje é doloroso mas você tem que ser forte.

- Eu não sei se consigo... - ela fita o chão e uma lágrima teimosa caiu de seu rosto.

- Anna, você não está sozinha. - ele delicadamente levanta o rosto dela é a olha com ternura - Você tem a Deus, ele vai te ajudar e eu vou estar com você... Sempre.

- Promete?

- Com minha vida.

Ambos selam um beijo casto de amor é um longo abraço. Em momentos diferentes assim,o amor é como bálsamo.

☆★☆

3 dias depois...

Por algum motivo resolveu caminha sozinha,talvez para pensar um pouco, fugir um pouco da correria do dia a dia. Colocar os sentimentos em ordem.Ouvindo musica, caminhava lentamente, a tarde estava cinza.Enquanto andava, ela passa por um muro de pedra, ela escuta o som de uma gaita de foles.Curiosa, ela vai explora.Bemjamim acompanhava cada passo de sua dona.

Ela viu pessoas chorando, homem e mulheres vestidos de preto,crianças segurando as mãos de seus pais, os mais velhos consolavam os mais novos,todos de preto mostrando o luto.Aproximou-se lentamente para ver melhor. Ela pode ver uma garota, de cabelos loiros, ajoelhada na chuva, ao lado do caixão. As lágrimas desciam lentamente no rosto da garota, ela mantinha a cabeça abaixada,a chuva encharcava seus cabelos.

Anna vê soldados todos fardados, alguns com trompetes e outros instrumentos tocando a marcha fúnebre, a menina loira tinha um rosa branca nas mãos,ela toma a flor nas mãos e deposita sobre o caixão.

Ao ver aquela cena de dor, ela leva os olhos para o céu:

¨Mestre, eu não consigo entender...Por mais que eu tente eu não consigo compreender o por que de tanta dor , tantos sofrimentos. Por que Senhor? Por que temos que lidar com a morte,com a dor,com o sofrimento,Por que?¨

Enquanto Anna lembra do dia em as chamas tomaram sua loja, o quanto que chorou sozinha.o quanto seus joelhos ficaram machucados de tanto tempo clamando e chorando.

Anna foi tirada de seus pensamentos quando viu um homem ficar à frente do caixão, o homem tinha uma voz rouca e calma e lia assim:

2 Coríntios: 12; Nesse homem me gloriarei, mas não em mim mesmo, a não ser em minhas fraquezas. Mesmo que eu preferisse gloriar-me não seria insensato, porque estaria falando a verdade. Evito fazer isso para que ninguém pense a meu respeito mais do que em mim vê ou de mim ouve. Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar. Três vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim. Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte.

"Senhor,eu posso ter tudo e também não posso ter nada. O que me importa é que o Teu amor me sustenta."


A Menina da Biblia AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora