A Menina da Biblia Azul

Capítulo 40

A moça de cabelos castanhos como chocolate volta a sua querida livraria. Seus pés tocam o piso de madeira escurecido pelo fogo e pelo tempo. A passos lentos, calmos e pesados que faziam o assoalho ranger,a moça caminhava pelo local, onde outrora, abrigava lindas histórias dentro dos livros.O vento de primavera levava a saia e os cabelos para trás. Através dos óculos redondos, seus olhos castanhos grandes e brilhantes como os de uma coruja, pareciam viajar pelo cenário de pura nostalgia.

A luz do sol poente atravessava as janelas que não eram abertas a Muito tempo. A jovem toca uma das prateleiras, ela passa a ponta de seus seus dedos levemente sobre as prateleiras e ficam sujos de cinzas.Anna respira fundo, olha ao seu redor e percebe que se passou um ano desde que tudo aconteceu. 

" Como o tempo passa rápido..."

- Anna?

Thomas a chama escorado ao batente da porta, fazendo-na sair de seus pensamentos. Naquele momento, os seus olhos piscam, ela volta a sua realidade: equipamentos de construção, máquinas, pedras, cimento,areia e muitas pessoas do lado de fora trabalho.

- O que? - Anna se vira na direção da porta aonde estava tomas e esfrega os olhos.

- Está tudo bem? Parece um pouco pálida.

- Está tudo bem, só estava pensando um pouco.

- Está na hora de recomeçar não é? Sei que recomeços são difíceis mas são necessários para nos tornar mais fortes.

- Faz tanto tempo que não venho aqui... - diz ela em um suspiro lento e profundo.

- Sei como dói recomeçar, mas uma obra não é um lugar apropriado para uma dama. - anos riem- Posso te deixar em casa se quiser.

- Obrigada Thomas, mas quero fazer uma coisa antes.

- Tenho que checar algumas coisas da obra, sugiro que você saia. Prometo que vai ficar tudo bem. - Thomas sai.

Cuidadosamente, ela coloca de volta o sininho em cima do patente da porta.A brisa bate e faz o sino tocar, como ela amava aquele som adocicado, era como música para seus ouvidos. Ela sai do local e decide ir para a pracinha, tomar um sorvete e descansar. Ela andava com um olhar brilhante como as pérolas, a cada passo um novo sonho. 

 A pracinha estava colorida de flores pela chegada da primavera, o sol com seu calor derretia a neve das árvores, o perfume das margaridas se misturava com o doce aroma dos jasmins, as crianças brincavam de pega pega, um casal de velhinhos tomava sorvete em um banquinho, um vendedor de balões muito simpático presenteou Anna com um um balão amarelo. Ela vai para um balanço, ela observa o amor de Deus pintado naquele belo cenário e conversa com seu criador:

¨ Mestre... Já é primavera, fazia  muito tempo que não apreciava as flores que o Senhor mesmo criou. Eu fico pensando, quando quando eu não for tão jovem como sou hoje, que histórias vou ter para contar? Será que enxergarei a Tua beleza do mesmo jeito, de forma que, meu coração ainda escreva poesias e exulte ao Senhor? Talvez... Quando o passar anos me atingirem e meu vigor não for mais o mesmo, voltarei aqui nesta praça e agradecerei tudo que fez por mim. Talvez as flores mudem, as árvores fiquem marcadas pelo tempo e meu coração não seja mais o mesmo... Será que o tempo levará os meus sonhos? Tenho medo de não sonhar mais... Mas algum dia, minha fé em Ti estará mais forte, aprenderei a suportar algumas coisas de maneira diferente... Um dia não serei a Anna dona da livraria dos sonhos, serei a Anna esposa e mãe, que cuida dos seus como a águia cuida dos seus filhotes. Quem sabe sabe serei mais forte para proteger os meus... Sei que um dia notarei que minha jovialidade sera marcada por experiências, serei mais sábia, mais forte, domarei meus impulsos com mais facilidade,meus olhos enxergarão o mundo de outro jeito, compreenderei o que hoje tenho dificuldade de entender. Senhor faça-me caminhar em teus caminhos e , que minha fé não possa se perder...¨

Ela se levanta do balanço, percebe que o sol estava dando lugar as estrelas. Em um simples gesto, ela solta o balão ao céu, vendo-o sendo carregado pelo vento para o horizonte, até onde a sua vista pudesse alcançar.

¨O passado é história, o futuro é incerto presente é uma dádiva ... ¨