Parafuso

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Hinata não sabia o que fazer, por isso esticou o braço e segurou a mão direita do marido, apertando-a de forma protetora.

— Fique calmo, Naruto-kun. — falou, os olhos perolados fixos no rapaz loiro. A coluna dele estava enrijecida, tamborilava os dedos no queixo e batia o pé esquerdo no chão freneticamente.

— Eu estou calmo, amor.

É óbvio que ela não acreditou naquelas palavras. Hinata conhecia Naruto bem o suficiente para saber tudo o que estava sentindo. Sabia quando ele ficava com raiva, triste, feliz. E por isso soube que, naquele instante, o rapaz estava prestes a entrar em colapso.

— Se você já está assim com o ultrassom não consigo nem imaginar seu estado quando chegar o momento do parto. — Sakura falou, soltando uma risadinha enquanto se divertia às custas do semblante ansioso do amigo.

Naruto rolou os olhos, envergonhado e ao mesmo tempo irritado. Só Sakura mesmo para provoca-lo em um momento como aquele.

Hinata encontrava-se deitada na maca, a blusa levantada e o ventre molhado por um gel azulado.

Quando terminou de configurar a aparelhagem e ligar o monitor, Sakura virou-se com o transdutor e começou a passa-lo pela barriga da ex-herdeira dos Hyuugas. Os olhos verdes pareciam compenetrados na imagem do computador que, para Naruto, não passava de uma simples imagem escurecida. Era como observar uma pintura escura com borrões brancos.

— Oh, encontrei. — Sakura sorriu, os olhos brilhando em expectativa. Apertou um pouco mais o transdutor na barriga da jovem. Então, os três, com os olhos fixos na pequena tela, observaram os contornos serem formados aos poucos. Contornos de um pequeno nariz, cabeça e corpinho.

Naruto sentiu um nó se formar na garganta.

Ele já havia visto todo tipo de bebê. Bebês gordinhos, magrinhos, grandes, pequenos, com cara de joelho ou bonitinhos. Mas aquele não era qualquer bebê.

Era seu filho. Sangue do seu sangue.

Fruto de um amor.

— E aí, Sakura-san? — Hinata indagou, sem conseguir conter a emoção. Parecia tão nervosa quanto o marido.

— É um menino! — a rosada anunciou, sorrindo. — Ainda não acredito que serei tia. — olhou para cima com um ar sonhador.

Um menino!  A ideia de um rapazinho correndo pela casa, vestindo laranja e fazendo bagunça fez o coração do loiro quase sair do peito. Céus, um menino! Seria pai de um garotão!

Hinata brilhou quase que literalmente com a notícia. Parecia flutuar e o Uzumaki nunca a achou tão linda como naquele instante.

— Vocês já sabem como irão nomeá-lo? — Sakura perguntou, a curiosidade falando mais alto, enquanto pegava um lencinho no armário próximo, entregando-o, logo em seguida, a ex-Hyuuga para que ela limpasse a barriga suja de gel.

Enquanto limpava, Hinata olhou de soslaio para o marido. Há alguns dias, os dois conversaram e concordaram que o loiro escolheria o nome.

Naruto passou madrugadas pensando e, só agora, olhando no fundo dos olhos perolados da Uzumaki, tudo ficou claro.

Uma pessoa morreu para que seus sonhos pudessem se realizar. Uma pessoa sacrificou a própria felicidade para que ele vivesse e fosse feliz. Hinata estaria morta se não fosse por essa pessoa e, com Hinata morta, ele jamais constituiria uma família. Ele jamais entenderia, verdadeiramente, o que é o amor.

Aquilo tudo só estava sendo possível por causa de Neji e essa é uma dívida que nunca poderia ser paga — e uma dívida da qual faria questão de jamais se esquecer.

Seu filho teria no nome o mesmo significado que o nome do tio.

— Boruto. — anunciou, convicto.  — Ele se chamará Boruto.

E Hinata sorriu em concordância, contendo as lágrimas que quase transbordavam de seus olhos perolados.


Observações importantes:

O nome do capitulo é esse porque o significado de Neji é "parafuso",  uma vez que o movimento de seu kaiten parece o movimento de um parafuso.
Mesmo que "Boruto" se pareça com "Naruto", é um nome que vem da palavra bolt. Ou seja, também significa parafuso.
Nesse capítulo, Hinata está no terceiro mês da gravidez.
Espero que tenham gostado!

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