Família

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Um dia bonito.

Sim, aquele era, sem sombra de dúvidas, um dia muito bonito.

A noite estava fresca, uma brisa gélida soprava e o ar ainda tinha cheiro de verão. Tudo parecia mais colorido, especialmente no Clã Hyuuga.

Ainda que tenha se mostrado impassível no decorrer do dia, Hiashi sentia-se eufórico e ansioso.

Pela primeira vez faria um jantar. Semanalmente participava de reuniões e jantares importantes com o Hokage e os conselheiros, mas agora era diferente. Seria um jantar em família, dessa vez com todos reunidos.

Admitia que parte da euforia era a saudade do genro, da filha e do neto.

Por mais que tentasse, não era uma pessoa muito presente na vida do pequeno. As obrigações e deveres de líder acabavam o impedindo de muitas coisas, inclusive de participar ativamente dos momentos em família. Contudo, na medida do possível, Hinata o informava sobre seus afazeres diários e sobre desenvolvimento de Boruto.

Apesar de tranquilizá-lo, não era o mesmo que estar por perto.

Ela lhe confidenciou que o menino tornou-se tão tagarela quanto o pai, sempre balbuciando palavras que só ele próprio entendia. Além disso, vinha arriscando alguns passinhos. Ele só se mantinha em pé por pouco tempo e, geralmente, apoiado em móveis firmes.

Os relatos da morena enchiam o peito do velho Hyuuga de saudades. Havia pouco mais de três meses que não encontrava o garoto e mal esperava para pegá-lo no colo.

Os empregados da família principal prepararam um verdadeiro banquete. A sala de jantar foi perfeitamente organizada e decorada com todo bom gosto e requinte e Hiashi correu para se arrumar, já que em alguns minutos os convidados chegariam.

Estava terminando de vestir um de seus tradicionais kimonos brancos, quando escutou batidas na porta. Reconheceu as vozes de cada um, inclusive de Hanabi, que fora recebê-los. Ao terminar de se arrumar, direcionou-se ao hall de entrada.

Foi aí que se deparou com uma cena que quase fez seu coração explodir de alegria: Boruto dando passinhos vacilantes em sua direção, com Hinata e Naruto logo atrás à uma distância segura o suficiente para apará-lo caso caísse no chão.

— Bobô! — ele pronunciou o que era para ser um "vovô", cambaleando e esticando os bracinhos gorduchos, fazendo Hanabi e o casal Uzumaki sorrir bobamente.

Boruto se desequilibrou um pouco, dando um susto em todos, mas logo recuperou o equilíbrio e voltou a lenta caminhada em direção ao velho Hyuuga.

Hiashi agachou, esticou os braços e, quando o pequeno o alcançou, levantou-se com ele no colo quase em prantos de tanta felicidade.

— É bom te ver, otou-san. — Hinata falou, sorridente, cumprimentando-o com um abraço tímido e o homem retribuiu, desajeitado. Eles ainda estavam se acostumando com tamanha intimidade e, por mais que não fosse a pessoa mais afetiva do mundo, o Hyuuga vinha dando o seu melhor.

— Também é bom te ver, filha.

Cumprimentou o genro com um aperto firme de mãos e todos foram para a sala de jantar. Entre conversas, risadas e provocações, Hanabi deixou o vinho que tomava falar mais alto.

— Ei, pai! — gritou, sentada na outra extremidade da mesa, a voz embolada por conta da bebedeira. Naruto colocou as mãos na boca, soltando uma risada estrangulada e Hinata meneou a cabeça em reprovação, enfiando uma colherada de mingau na boca do filho. — Faz um discurso!

— Hana! — Hinata cutucou irmã, repreendendo-a.

Todos achavam que Hiashi, no mínimo, ignoraria o pedido da caçula, todavia, para surpresa geral, ele se levantou e olhou profundamente o rosto de cada um. O silêncio reinou, juntamente da expectativa.

— Obrigado por tudo. — ele falou com um olhar sincero. — Esse momento é como um presente para mim. Obrigado por isso.

Todos sorriram, só a Hyuuga mais nova que cruzou os braços, emburrada.

— Isso não foi um discurso!— pronunciou, tomando o restinho do vinho na taça enquanto seu pai se assentava no lugar. Estava pronta para comentar mais alguma coisa a respeito, porém foi impedida. — Ai! — reclamou, encarando a irmã, após receber um chute bem dado na canela.

Naruto gargalhou da expressão severa no rosto da esposa e Hiashi repuxou os lábios em um sorriso minúsculo, quase imperceptível, pensando no quão importante aquelas pessoas eram para si. 

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