Problemática

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Naruto simplesmente não entendia qual era o problema entre Bolt e Sarada. Os dois eram como dois polos negativos: bastava entrar em contato para a repulsão ser instantânea. E, na semana anterior, quando Sakura pediu para que cuidasse da menina enquanto ela e Sasuke saiam em missão, esse fato sequer se passou por sua cabeça.

Naruto amava a afilhada e ficou muito feliz por poder passar um tempo com ela. O problema é que nem todos gostaram da notícia e, pode acreditar, o desgosto não partiu de Hinata ou Himawari. Ao chegar na residência Uzumaki, a primeira coisa que Sarada recebeu foi um olhar atravessado de Boruto.

E, desde então, os dias, antes tão calmos, tornaram-se um cenário de guerra.

Em uma manhã de terça-feira, as crianças tentaram se entender. Começaram com uma conversa, depois uma brincadeira e, antes que percebessem, as coisas saíram um pouquinho do controle. Os dois acabaram no chão, um rolando sobre o outro enquanto trocavam tapas e provocações nada amigáveis.

— Chega! — enfurecida, Hinata gritou do outro lado do cômodo, contudo, nem mesmo sua raiva foi capaz de pará-los. Determinada a acabar com a confusão, direcionou-se com passos duros até os dois e com muito custo os separou. Assim que a confusão e a gritaria findou, safiras e orbes negros se chocaram, furiosos. — Eu não vou aturar mais essa palhaçada!

O timbre zangado da mulher fez com que as crianças encolhessem os ombros. Apesar de ser um doce, a ex-herdeira dos Hyuugas conseguia ser assustadora quando lhe convinha.

— Sarada, para o quarto! — nada mais precisou ser dito. A garota correu até o cômodo com a cabeça baixa, sabendo que a bronca era mais do que certa. — E Boruto, você está de castigo e acho bom desfazer essa cara de quem comeu e não gostou! — falou mais alto, com o rosto avermelhado, rosnando como um cão valente. — Agora vou conversar com a Sarada e mais tarde com você. Pode ter certeza de que dessa vez você não me escapa!

Assim que a mãe sumiu no corredor, provavelmente atrás da Uchiha, o menino engoliu o seco. Da cozinha, Naruto reprimia uma gargalhada, achando a situação hilária. Segurando uma maçã, aproximou-se do filho e cruzou os braços.

— O que foi? Vai brigar comigo também? — Bolt questionou, revoltado, ainda sem acreditar que estava mesmo sendo injustiçado por causa daquela pirralha. Sarada foi quem começou, todavia, mais do que ninguém, sabia que para sua mãe ou pai não importava quem era o culpado. Independente disso, ele e a Uchiha-sabichona estavam ferrados.

— Não. — respondeu, dando uma mordida na maçã. — Você sabe que sua mãe cuida melhor dessas situações que eu.

O shinobi sentiu pena da expressão derrotada do filho, mas não era para menos. Mexer com a paciência de Hinata era como cutucar uma bomba relógio.

— Ainda estou tentando entender qual o seu problema com a Sarada. — proferiu, acomodando-se no sofá, atento a todo e qualquer movimento do menino.

— Ela é chata. — respondeu, jogando-se no tapete com o cenho franzido e um bico emburrado. — É metida e se acha a sabe-tudo.

Nada menos que o esperado; ela era filha de Sasuke, afinal. Naruto reprimiu uma risada com os próprios pensamentos. Sarada parecia-se cada vez mais com o pai e a situação de Boruto não era diferente em nada.

Talvez esse fosse o problema.

Ver Sarada e Boruto era como visualizar um filme da própria infância. Quando era criança, vivia em pé de guerra com Sasuke. A única diferença é que Sarada puxou o pavio curto da mãe — a testa também, mas isso não vem ao caso.

— Você também tem seus defeitos, meu filho. — retrucou, fitando o rostinho infantil, tão parecido com o seu. Ah, era tão nostálgico ver o filho tão grande, já com oito anos. E pensar que até um tempo o segurava no colo. — Coloque-se no lugar dela. Sarada está longe dos pais, nunca ficou aqui em casa e você não está colaborando com nada. Deve ser difícil para ela.

Bolt emudeceu, refletindo sobre as palavras do pai. Por fim, cruzou os braços, fingindo uma expressão irritada.

— Bem que o tio Shikamaru avisou que mulheres são problemáticas.

Naruto gargalhou alto.

— Acho que você está passando muito tempo com o Shikadai.

— Mas é mentira?

— É verdade. As mulheres são mesmo problemáticas. — afirmou com um sorriso grande. — Mas você viveria sem sua mãe e irmã? Eu não conseguiria. Mesmo sendo problemáticas, no fim, nós amamos elas, não?

Boruto confirmou com a cabeça.

— Apenas entenda o lado de Sarada e façam as pazes, ok?

E foi isso o que ele fez, mais tarde. Após se resolverem, o dia passou tranquilamente e, em um momento, quando a Uchiha-sabe-tudo ria de um desenho que assistiam na televisão, Boruto pensou que ela, mesmo sendo a garota mais problemática do universo, era bem bonitinha. 

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