Aquela era uma tarde tranquila. Sentado no sofá e afundado no próprio tédio, Naruto surfava pelos canais da televisão com o controle em mãos e uma bacia de pipoca entre as pernas. Hinata estava do outro lado do balcão que separava sala de cozinha, atenta em fatiar os legumes para o jantar daquela noite.
Ele bocejou longamente e continuou atento ao canal de esportes, contudo, Himawari surgiu a sua frente. Com quase quatro anos, a menina já se mostrava excepcionalmente inteligente para a própria idade.
Era uma mocinha engenhosa e muito — frise o muito — curiosa.
Assim que os lindos e grandes olhos azuis chocaram-se com os seus, ele soube o que estava por vir. Ah, e como soube.
— Papa. — a voz doce e melodiosa ecoou, fazendo-o retirar os olhos da imagem da TV. Hima estava na ponta dos pezinhos, apoiada no sofá. — Pu quê o céu é azul?
Naruto respirou fundo e contou até dez mentalmente, tentando pensar em uma resposta satisfatória. Nada veio a sua mente. Vivia perguntando-se como um ser tão pequeno era capaz de fazer perguntas tão difíceis. Toda vez que Himawari surgia com esse tipo de indagação sentia-se um jumento. O pior de tudo é que sempre se tratava de assuntos dos quais ele sequer refletiu sobre.
Hima o olhava esperançosa, cheia de expectativas, como se saber o porquê do céu ser azul fosse uma necessidade.
— Ah, Hima... — coçou a nuca, sentindo-se perdido, ainda tentando pensar em algo. — Porque sim.
— Puquê sim não é resposta, papa.
— E como você sabe disso? — indagou, intrigado, arqueando uma sobrancelha loira.
— Mama me contou.
Ótimo, era só o que faltava. Planejava usar o porque sim e o porque não em todas as respotas para a menina, mas agora seus planos foram arruinados. Soltou um longo suspiro, desistindo de pensar.
— Simplesmente é azul, Hima. Papai não sabe a resposta.
Ela concordou com a cabeça e esticou os braços para que ele a pegasse. Naruto colocou o balde de pipoca do outro lado do sofá e o fez, colocando a menina entre as pernas. Himawari se manteve quieta por alguns instantes, concentrada na televisão, enquanto o shinobi pulava de canal em canal. Resolveu colocar em um filme aleatório.
Após brigas, rompimentos e reviravoltas, o casal se beijou ao pôr do sol e a cena desapareceu, dando lugar aos créditos do filme. Naruto soltou um suspiro entediado só que, ao contrário de si, Himawari fitava a tela perplexa, quase que em choque.
— Papa, o que é isso?
— Isso o que?
— Isso que eles fizelam.
— Um beijo.
— Beijo? — ela levantou a cabeça, fixando os orbes azulados no rosto paterno. Ele reprimiu uma risada, achando graça de toda aquela curiosidade exagerada. Sabia que a garotinha apenas estava na fase de descobrir o mundo, por isso tentava se manter paciente ao responder todas as perguntas, mesmo que fossem cansativas.
— Isso, um beijo.
Ela voltou a olhar para a tela, onde os créditos ainda rolavam, um pouco pensativa.
— Papa.
— Hmmm. — respondeu, com a boca cheia de pipoca, mudando de canal outra vez.
— Eu quelo beijar também.
Por pouco Naruto não morreu engasgado com a pipoca. Após uma crise de tosse, encurvou o peitoral e fitou, horrorizado, o rosto da criança.
— Você não pode! — ele nem conseguiu controlar o próprio tom de voz, de tão indignado que estava. De repente sentiu uma sensação ruim na altura do estômago e um gosto amargo na boca.
— Pu quê?
— Chega de porquês! — soltou, rodeando os braços ao redor do corpinho, apertando-a contra seu peitoral.
— Mas puquê eu não posso?
Ora, porque não! Porque ela era a princesinha dele, somente dele! Céus, só a imagem dela rodeada por meninos quase o fez infartar. Mas não importava. Resolveu que a protegeria de todo e qualquer moleque em potencial. Protegeria ela do mundo inteiro, se fosse preciso.
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Paternity
FanfictionA vida presenteou Naruto com momentos significativos, mas agora ele vivenciaria algo ainda maior e mais importante que tudo que já experimentou: a paternidade. › Pequenos contos sobre a família Uzumaki.