Em uma tarde, no intervalo entre as missões que Kakashi fazia questão de lhe enfiar, Naruto se encontrou mais uma vez sozinho em casa.
Hinata saiu algumas horas antes para resolver assuntos do clã Hyuuga, o que deixou seus dois filhos sob sua responsabilidade. Ele pensou que seria fácil, contudo, percebeu que cuidar de duas crianças ao mesmo tempo estava longe de ser uma tarefa simples.
A princípio, as coisas estavam tranquilas na nova casa da família Uzumaki. Naruto juntou dinheiro extra no ano anterior, pouco antes de Himawari completar um aninho de vida, e conseguiu comprar uma casa excepcionalmente grande com vista para o monte dos Kages. A brisa morna atravessava a janela e o único som no recinto era o barulho da televisão.
Mas não por muito tempo.
Tudo começou com um ruído que ele não soube a origem. Então, um barulho ensudercedor atravessou as frestas da porta, soando dolorosamente, seguido de sons de choros, fungadas e gritos infantis.
Fechou os olhos, contou até três e pulou do sofá, andando com passos duros até o quarto de Boruto. Lá, Himawari estava jogada no chão, berrando, com o rosto banhado por lágrimas. Boruto, por outro lado, rolava os olhos, aborrecido e com um carrinho de brinquedo em mãos.
— Mas o que é isso? — questinou, enfurecido e o loirinho arregalou os olhos ao vislumbrar o pai em fúria. — Boruto! — gritou por cima dos choros de Himawari, que se levantou e correu, cambaleante, para trás das pernas do pai, chorosa e soluçando. Ainda com um ano e meio, Himawari já conseguia exprimir palavras incompreensíveis e testava as perninhas vacilantes.
— Foi ela quem começou! — apontou o dedo para a garotinha, que se encolheu, lamuriando ainda mais alto.
— Não importa quem começou! — a voz de Naruto fez com que o menino olhasse para os próprios pés e estufasse as bochechas, emburrado.
— Mas...
— Não quero saber de mas. — interrompeu, Himawari ainda chorando logo atrás de si. — Ela é só um bebê e você já tem quatro anos. Agora peça desculpas.
— Mas eu não...
— Boruto!
Ainda emburrado, Boruto caminhou em direção à irmã. Naruto deu espaço, saindo de frente da menina, permitindo que o menino se aproximasse. Ele lançou um último olhar para o pai, na esperança de escapar, todavia, tudo o que recebeu foi uma expressão infeliz.
Olhou para a irmã. Os olhos dela estavam inchados por conta do choro e ela ainda fungava.
Ele murmurou um pedido de desculpas.
— Eu não escutei, Boruto. — o loiro advertiu e o menino suspirou longamente.
— Desculpa, tá?
— Ótimo. Agora abrace ela.
Um gemido desgostoso escapar pelos lábios do loirinho e o shinobi lançou um olhar de advertência a ele. Sabia que Boruto estava com o orgulho ferido, contudo, Boruto precisava aprender a deixar essa presunção de lado, ainda mais se tratando da família.
Sem muito ânimo, o menino encurvou e rodeou os braços ao redor do pescoço da irmã. Ela fez o mesmo com a cintura dele, afundando o rostinho na blusa laranja. O menino retirou os braços, contudo, Himawari continuou imóvel, ainda agarrada a ele.
Intrigado, o loiro observou a cena. Boruto tentava a todo custo se afastar, contudo, Hima se recusava a soltar o irmão. Cada vez mais o apertava, com o rosto escondido no ombro dele. Por fim, o loirinho desistiu de se debater e se rendeu aos encantos da bebê. Rodeou os braços ao redor dela e acariciou os fios negros e rebeldes. Naruto sorriu, satisfeito e se retirou do quarto.
Pelo resto do dia, Himawari não desgrudou do irmão.
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Paternity
FanfictionA vida presenteou Naruto com momentos significativos, mas agora ele vivenciaria algo ainda maior e mais importante que tudo que já experimentou: a paternidade. › Pequenos contos sobre a família Uzumaki.