Amar

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Uma esposa. Um filho. Uma família.

Naruto ainda tentava se convencer de que tudo aquilo era real. Parecia um sonho. A alegria era tanta que às vezes se sentia sufocado. Agora ele entendia o que era literalmente quase morrer de felicidade.

Se contasse ao seu eu de sete anos de idade sobre o próprio futuro, provavelmente receberia como resposta uma gargalhada zombeteira. Antes, a infelicidade havia se tornado rotina em sua vida. Por mais odioso que seja, convivia dia após dia com a dor, a sensação do vazio. Dormia e acordava com aquele nó na garganta e a sensação de que algo faltava.

Em muitos momentos, pensou em desistir. Parecia uma opção segura, tentadora e mais fácil que continuar levando. Era difícil viver sozinho, ainda pior não colocar as dores para fora ou não poder compartilhar com alguém.

Era difícil não conhecer o amor.

Iruka foi o primeiro a lhe apresentar uma nova perspectiva. Pela primeira vez, alguém se preocupou com ele, alguém quis cuidar dele. Já não estava sozinho. Depois, o Time 7. Seus primeiros amigos, os irmãos que nunca teve.

Então, quando deu por si, sua vida estava cheia de novas pessoas. Algumas ficaram, outras se foram. Todas marcaram sua vida.

Mas nenhuma o marcou como ela.

Ela sempre esteve ali. Escondida, mas esteve. E ele foi burro ao ponto de não notar.

Mesmo sem perceber, mesmo que fosse um babaca que não presta atenção nas coisas, ele já a tinha.

Os anos de rejeição nunca o deixou entender os profundos sentimentos que Hinata carregava, mas quando finalmente compreendeu, percebeu que nunca esteve sozinho.

Já estavam casados há pouco mais de dois anos e todos os dias, ao acordar ao lado dela, se perguntava como era possível amar tanto uma pessoa. Algo lhe rasgava interior e parecia que a qualquer instante seu coração explodiria de tanto amor.

Hinata era sua calmaria, suave como o sopro do vento e bonita como um sonho.

Nua de riso, alma e coração.

Nenhum verde, azul ou qualquer outra cor existente no mundo seria capaz de substituir o infinito daqueles olhos perolados.

Já era quase onze horas e Boruto dormia, trajando um pijama bem quentinho de algodão, aconchegado entre os ursinhos de pelúcia. Ele só conseguia dormir com alguém presente e o pai foi a escolha daquela noite. Naruto o cobriu com uma coberta fina e, antes de sair, depositou um beijo estalado na testa do filho.

Encostou a porta, tentando não fazer barulho, se direcionando até a sala, os passos ecoando pelo corredor. Antes de chegar em seu objetivo, deteve-se no caminho, a audição captando um som melodioso vindo do cômodo ao lado. Sabendo o que iria encontrar, atravessou a porta da cozinha e se encostou na batente.

Hinata cantarolava, mexendo o quadril no ritmo da música e lavando a louça. Ela parecia compenetrada no que fazia, afastando hora ou outra uma mecha de fios negros que insistia em cair sobre seu rosto.

O loiro se aproximou com passos lentos e empurrou com o dele, o quadril dela. A kunoichi o olhou de esguelha, ainda ensaboando um prato.

— Quer ajuda, amor? — ela meneou com a cabeça, recusando.

— Não precisa, Naruto-kun. Você é péssimo com trabalhos domésticos.

Ele se posicionou atrás da jovem, rodeando a cintura com os braços e afundando o nariz na curvatura do pescoço feminino.

— Eu sou ótimo. Não sei de onde você tirou essa ideia. — falou em tom brincalhão, acariciando a barriga dela por cima da camisola.

— Da última vez você quebrou três copos tentando lavar a louça. — pronunciou entre uma risada, continuando a enxaguar os inúmeros talheres e pratos situados na pia.

Naruto distribuiu uma sequência de beijinhos pelo pescoço da esposa, que travou no lugar, suspirando, dividida entre continuar o que fazia e afastá-lo de si.

— Naruto-kun! — tentou exprimir em tom carrancudo, sem sucesso. — Eu preciso terminar.

Ele não parecia inclinado a soltá-la . Virou-a para si e inclinou o corpo, beijando os lábios da esposa de forma apaixonada. Ela logo cedeu, rodeando os braços ao redor do pescoço dele.

— Eu amo você, sabia? — ele falou após separarem os lábios. Hinata corou, fazendo-o rir. Achava engraçado como ela ainda era tão acanhada, mesmo após tanto tempo juntos.

— Sabia. — respondeu, sorrindo pequeno, contente. — Você me diz todos os dias.

Ele a prendeu ainda mais entre seus braços, puxando-a para um abraço apertado. O rosto dela se iluminou.

— E eu vou continuar repetindo, para sempre.

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