Isso Não Pode Estar Acontecendo

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Estava no final da última aula, mas depois de ter passado as últimas horas sentada numa cadeira tentando não fechar os olhos e me render ao sono, eu comecei inconscientemente a sonhar acordada. A professora Hera estava dando aula de Educação Sexual para todos os alunos do 2º ano do ensino médio.

– E é por isso que devem sempre usar camisinha. - falava ela. Todos os professores que eu tive de Educação Sexual tinham olhares preocupados, mas os olhares de Hera eram de advertência do tipo " Se você não usar camisinha e engravidar, eu te castro e mato a criança", o que só fazia eu ter mais sono ainda.

– A senhora conhece Nietzsche? - perguntou acho que Travis Stoll.

– Sim, por quê? - falou Hera. Algo estava errado. Stoll prestando atenção na aula e fazendo perguntas sobre o assunto?

– A senhora tá sabendo que ele morreu de sífilis?

– Sim.

– E a senhora tá ligada que ele disse que não poderia ter aproveitado melhor a vida?

– Ainda não entendi aonde o senhor quer chegar, Senhor Stoll.

– Sífilis é uma doença transmitida pelo sexo, e se ele pegou significa que não usou camisinha, e ele disse que aproveitou bem a vida. Se ele morreu feliz por não usar proteção por que eu não posso fazer o mesmo?

A sala inteira explodiu em risadas, o rosto de Hera estava vermelho de raiva.

– Já pra sala do diretor, senhor Stoll! - ela gritou pra ele.

– Não. - Travis falou com um sorriso maroto.Ele mostrou o visor do celular que marcava dez para às 17 horas - A aula já acabou, a senhora não pode me obrigar a ir se sua aula já acabou. Falou tiazinha, até quinta.

Travis abriu a porta e saiu deixando Hera entre a perplexidade e a raiva. Depois de um tempo todo mundo foi embora seguindo em direção aos dormitórios, mas eu fui para a biblioteca da escola pensando em ler algum livro enquanto ouvia uma música qualquer, talvez Paramore.

Ao chegar lá quase engoli em seco. Caramba, aquele lugar era só INCRÍVEL! O piso era de porcelana lisa e escura, as estantes eram lotadas de livros classificados por por autor e gênero, o teto era abobadado lembrando a arquitetura romana e no final possuía colunas gregas de mármore polido. Avancei até um canto onde havia cadeiras de couro acolchoadas e me sentei abrindo um exemplar de Cidade dos Ossos.

Eu sou o seu americano.

Como um impulso pensei no que Jason havia falado para mim na noite anterior assim que Clary começou a descrever Jace. Eles se pareciam tanto. Os dois possuíam olhos apaixonantes, o humor sádico, a pose de bad boy e a auto-estima invejável. Eu me sentia uma Clary literária tentando entender tudo o que acontecia tão de repente.

Olhei de soslaio para o relógio que marcava 17:30. Ainda tinha tempo, o jantar era servido apenas a partir das 18:30 e eu queria muito ler aquele livro.

Eu nunca. Nunca irei fazer você se sentir inferior por estar comigo, eu sempre te farei feliz, Pipes.

Lágrimas escaparam do meu rosto banhando a página, Clary se sentia enganada por Luke e eu me sentia enganada por Jason. Agora já chega. Não sei o que está acontecendo comigo, eu estava legal, tinha superado isso e foi só ele chegar para que tudo voltasse a ser como antes. 

Poderia eu estar apaixonada por ele? Improvável. Mas preciso saber o por quê de ele vir até aqui com o objetivo de infernizar a minha vida.

Limpei as lágrimas que ainda restavam, fechei o livro e enfiei dentro da minha mochila. Saí da biblioteca determinada a dar um fim para isso. Caminhei até o quarto que Jason e Leo compartilhavam batendo fortemente na porta e quando ninguém abriu simplesmente abri eu mesma me deparando com Jason e uma garota morena se beijando. Um misto de raiva e pena surgiu em mim em relação á garota.

A Second Change For UsOnde histórias criam vida. Descubra agora