A Culpa É Minha

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P.O.V Leo

Piper permanecia sob observação dentro da UTI respirando através de máquinas. A crise alérgica causada pelo molho doce de chocolate com avelã fechou as vias respiratórias dela, e, claro, eu realmente sentia que estavam exagerando demais com essas medidas, mas então nos explicaram.

Quando uma crise alérgica dura mais que uma hora, então a atividade se agrava cada vez mais, os brônquios se fecham cada vez mais até se colarem e os sintomas, como ficar empolada, ficam mais visíveis.

Demoramos demais até chegar aqui e isso resultou em Piper numa cama de hospital e com um montante de médicos tentando fazer de tudo para que ela volte ao seu estado saudável.E pra finalizar a noite, eu sentia lá no fundo que a culpa era minha. Sabia que a noite estava boa demais com todos felizes e Reyna parecendo mais entregue a mim, e aí eu estraguei tudo com aquela troca idiota! Eu poderia simplesmente ter dito meu truque pra fazer strikes, mas não, eu precisava fazer aquela brincadeirinha e causar uma crise alérgica na minha melhor amiga.

– Ei. – Reyna me chamou – O médico que está atendendo a Pipes disse que ela já está quase boa e que vai precisar ficar aqui até depois de amanhã em observação, daí volta pra academia.

– Eu estraguei tudo. – murmurei. Odiava minha auto piedade e preferia mil vezes fingir que tudo ia dar certo, mas aquilo era pessoal demais, profundo demais pra não merecer atenção e culpa.

– E como você ia saber? Vamos ser honestos, Leo, você nem tinha experimentado o molho e nem sabia o que tinha nele, muito menos a Piper. A culpa disso não é sua, nem de ninguém. – ela falou me abraçando e eu a abracei de volta.

– Você acha que Jason vai me perdoar por ter causado isso?- Aposto que ele nunca te culpou, a única pessoa que lhe culpa por tudo isso é você mesmo.

– Falando assim soa como se eu fosse melodramático. – reclamei.

– E você não está sendo nem um pouco dramático agora, não é? – e aí estava a dose diária de ironia e sarcasmo que Reyna sempre reservava por mim.

– Eu te amo. – falei a puxando para um beijo calmo. Nos beijamos sem pressa e paramos antes que o ar acabasse.

– Droga! Odeio quando você me desarma falando essas coisas, por que você não pode ser o garoto idiota 24 horas por dia pra que eu possa discutir com você?

Ri anasalado pelo modo sem jeito que ela ficava quando eu fazia aquilo, principalmente por saber que estava falando sério toda vez que eu dizia que a amava, e mesmo ela não respondendo a mesma coisa na maioria das vezes, eu já sabia que ela me amava.

E era por isso que eu ainda não havia revelado nosso segredinho sujo.

Jason estava sentado na sala de espera um pouco afastado de nós, as mãos esmagando o copo de água que ele pegara num dos corredores meia hora atrás. Talvez ele mesmo estivesse se culpando por tudo que Piper estava passando e sendo mil vezes mais duro consigo mesmo do que eu estava sendo comigo.

– Acho que ele quer ficar sozinho um instante. – Reyna sussurrou pra mim.

– Você acha? – perguntei incerto.

– Aham, e também acho que você deveria tentar pensar positivo como eu estou tentando fazer. Sabia que já são quase duas da manhã?

- Já? – ela assentiu e me puxou pelo braço, provavelmente me puxando para alguma cafeteria do hospital.

Instantes depois estávamos sentados naquelas cadeiras frias de metal bebericando cafés quentes com chantilly e tentando fazer com que os mini sanduíches que os acompanhavam descessem goela abaixo.

A Second Change For UsOnde histórias criam vida. Descubra agora