Voltando À Realidade

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P.O.V Piper

Não sei ao certo como acordei, meu cérebro simplesmente deu o comando de hora de acordar e assim que eu abri meus olhos decidi que aquela fora a pior decisão da minha vida. Minha cabeça começou a latejar e minha visão arder, além disso tinha um gosto estranho de metal na minha boca. Tentei passar a mão no rosto e senti aquele membro mole com um curativo bem na veia.Eu já sabia que estava num hospital, lembrava de quase tudo antes de ficar inconsciente e momentos depois ouvi as vozes de pessoas ao meu redor falando de medicamentos e maquinas. Notei algo jogando ar em meus pulmões que fazia cosquinhas e uma certa agonia. E o mais importante de tudo, me sentia morta de fome.

– Bom dia! – alguém cantarolou na porta e vi uma enfermeira ruiva aparecer com uma bandeja nas mãos atendendo meus pedidos.

– Bom dia. Isso aí é pra mim?

– Sim, minha querida, e nada com avelã. Suponho que queira ficar o máximo de distância possível disso, não é mesmo? – perguntou carinhosa e eu assenti – De qualquer forma está tudo bem. Eu trouxe aqui pra você um mingau de aveia, um suco de laranja e alguns biscoitos de água e sal.

– Você pode chamar o médico, por favor? Eu ainda me sinto um pouco tonta e eu tenho algumas perguntas também.

– Você não se lembra do que aconteceu?

– Lembro, mas preciso falar com ele.

– Espere só até ás 10 horas da manhã, ele está ocupado agora com um outro paciente, mas que tal comer essa comida deliciosa e depois tomar um banho? – a mulher ruiva era extremamente gentil e se retirou depois de piscar um olho pra mim advertindo que quando acabasse tudo era só apertar o botão ao meu lado e ela viria me ajudar no banho.

Quando terminei de tomar o suco e fiquei bicando um biscoito água e sal sem muita vontade tentei pensar em como parei aqui, mas de certa forma doía demais pensar e me deixava agoniada imaginar todas aquelas vozes se infiltrando no meu sono. Apertei logo o botão pra receber água fria na cabeça.

Não era a mesma enfermeira. Essa era mais velha, devia ter cerca de uns quarenta e pouco anos, no máximo quarenta e cinco. Como a outra, essa também amarrara seus cabelos loiros num coque e esfregava a mão em sua calça branca.

– Oi, eu sou a Marlee. Quer tomar banho, querida?

– Sim, por favor.

Andando até mim, ela me ajudou a levantar e desinstalar de mim todos aqueles aparelhos, me guiando para uma salinha no final do corredor. Um banheiro público, notei, e ainda por cima cheio de outras pacientes.

– Não vai banhar? – ela me perguntou confusa.

– Na frente de todo mundo? – questionei de volta.

– Oh, criança! Aqui só entra mulheres, fique tranquila, não garanto que todas elas se atraiam pelo sexo oposto, mas garanto que todas já conhecem a anatomia feminina. Não tem com o que se preocupar, querida. – ela garantiu.

– Tudo bem. – suspirei.

O banho foi estranho. Eu não me sentia relaxada, minha cabeça latejava mais e mais forte, além disso, me sentia cansada, queria e precisava dormir.

Marlee me ajudou a me vestir novamente com a roupa do hospital e a me deitar conectada nos tubos de respiração, sem contar que me devolveu meu celular onde estava baixado o PDF da minha mais nova descoberta literária.

– Obrigada. – agradeci.

– Sem problemas, querida, mas acho que não vai querer saber desse celular agora. O doutor está chegando e falta apenas dez minutos para iniciar o horário de visitas.

A Second Change For UsOnde histórias criam vida. Descubra agora