Meu nome é Lorena

Epílogo

A Rainha do Bosque levou Lorena e Jim até o palácio novamente. A chuva havia parado de cair, e um arco-íris se formava no céu além das árvores. As crianças trocaram de roupa e sentaram-se à mesa com Gael e a rainha, comendo bolos de chocolate com cobertura, doces açucarados, frutas, pãezinhos, biscoitos e outras coisas que crianças adoram. Enquanto isso, a rainha contava histórias sobre monstros, heróis, heroínas e reinos. As três crianças fixavam os olhos nela enquanto comiam, vidradas nos contos. 

A pequena Ally estava em uma cestinha ao lado da mãe. Criaturas belas e pequenas – moças e rapazes – serviam a mesa. Eram brilhantes como as crianças-fantasmas, com uma aparência delicada e jovial. Em suas costas, Lorena jurava ter visto asinhas, quase transparentes, que mexiam sempre que as criaturas se movimentavam. Será que todos nesse lugar brilham? A menina pensou, olhando para as próprias mãos e se lembrando de que até ela havia brilhando quando estava no Lago Escuro.

Uma das criaturinhas, semelhante a uma jovem moça, penteava o cabelo da rainha.

- Quem são eles? – Jimmy perguntou baixinho para a mulher, referindo-se às criaturas.

A rainha sorriu.

- São fadas. – ela respondeu. – Fadas que tiveram que sair de seus próprios mundos, pois lá a magia estava condenada. Nós, humanos, destruímos esses mundos quando achamos que a natureza foi feita para nos servir. Com isso, o reino dessas fadas foi destruído; e eu as acolhi aqui, em meu bosque. Em troca, fados e fadas juraram me ajudar e a me proteger. Mas não, elas não são minhas servas. São meus amigos e amigas, fazem parte de meu povo. O que fazemos são apenas trocas de favores.

A fada que penteava o cabelo da rainha sorriu e piscou para Jimmy. Apesar de ser moreno, era possível ver a vermelhidão em seu rosto.

- Legal. – ele disse.

- Como chegou até aqui, Jimmy? – a rainha perguntou, mudando de assunto.

- Estava procurando Lorena – ele contou, tirando os olhos da fada. – À noite, quando vi que ela não estava na cama dormindo, fui procurá-la. Então, quando fui lá fora, vi pela primeira vez a casa de madeira. Juro que ela não estava ali antes. Eu entrei e chamei por ela, mas não tinha ninguém!

- Ninguém? – Lorena perguntou.

- Ninguém. – Jim afirmou. – Até um velho de vestido, tipo o Papai Noel, aparecer atrás de mim. Ele disse que sabia onde você estava. Eu o segui pelo bosque e depois ele sumiu! Aí, os mini-godzillas apareceram e me prenderam de cabeça para baixo. Foi horrível.

- Ah, o velho de vestido... Aposto que é o druida renegado. – a rainha disse. – Não confiem nele quando o virem, crianças. Ele se voltou contra a própria família para praticar o mal e atormentar e destruir as boas pessoas. Até mesmo fadas! Não sei como você conseguiu se desvencilhar dele, menina; ele é mesmo muito persuasivo.

- Então ele é do mal? – Lorena perguntou. – O que ele quer fazer?

- A Espada Dourada, como eu disse, é muito poderosa. Qualquer um faria de tudo para ser o Portador. Ele quer destruir a todos, inclusive a mim. – a rainha disse. – Se você tivesse entregado a ele, o rei Brenus provavelmente não teria vencido a batalha e você não teria me conhecido. E minha Ally ainda estaria amaldiçoada!

- Ah – Lorena sussurrou. – Eu sabia que ele não era legal.

- Gael ajudou Lorena! – o menino-pássaro disse, enfiando uvas na boca e lambendo os dedos.

A rainha olhou para Lorena e deu um sorriso, dizendo:

- Bem, Lorena... Acho que está na hora de você e seu amigo voltarem para casa.