Bother (Peter Parker)

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♪ ♫ ♩ Wish I'd died instead of lived

A zombie hides my face

Shell forgotten with its memories

Diaries left with cryptic entries ♪ ♫ ♩

Uma música do Stone Sour soava através dos meus fones de ouvido.

Fazia Sol lá fora, mas dentro de mim chovia. Encarar as paredes do meu quarto tornaram-se a minha rotina desde que eu me vi sozinha no mundo: há um mês eu perdi os meus pais em um acidente de carro. Eu não tinha forças e nem vontade de continuar.

Meu tio mudou-se para a minha casa, alegando que eu precisava de cuidados. Ele insistiu para que eu voltasse a estudar, insistiu para que eu retomasse a minha vida. Passaram-se três meses até que ele conseguiu me convencer a deixar o meu quarto.

No meu primeiro dia de aula, o ônibus em que eu estava foi assaltado. Os bandidos exigiram os celulares de todos os passageiros, o dinheiro do cobrador e tudo o mais que eles perceberam ter algum valor... incluindo o meu colar. Era um simples cordão que se atava ao redor de um rubi, uma das poucas lembranças materiais que me restaram de minha mãe. E eu fui obrigada a entregar para o assaltante... o cano frio de sua pistola apontada contra a minha testa.

Eu não entrei em pânico. Se ele resolvesse atirar, estaria me fazendo um favor: eu veria os meus pais novamente... mas ele não o fez.

Apressados, eles desembarcaram do ônibus apenas para serem surpreendidos por um homem em um collant vermelho e azul. A coisa mais bizarra que os meus olhos já registraram.

"Vejam, é o Homem-Aranha!", um garotinho gritou.

Todos se levantaram e colaram o rosto contra as janelas do ônibus.

Exceto eu.

Quem diabos era o Homem-Aranha?

Eu não fazia ideia, porém ele estava determinado em parar aqueles criminosos, enrolando o quinteto com... teias? Parecia tudo fruto de minha imaginação...

O Homem-Aranha prendeu aqueles caras em um poste e recuperou os objetos roubados, trazendo para dentro do ônibus. O dinheiro devolvido ao cobrador, os celulares aos passageiros, um broche de diamantes para uma simpática velhinha, um relógio de ouro para um homem robusto de terno (que não pegou de volta o seu pertence, dizendo para o 'herói' aceitar o valioso objeto como forma de agradecimento) e, claro, o meu colar.

"De quem é isso?", ele perguntou. Os olhos de sua máscara estreitando-se...

Ele era realmente muito bizarro.

Timidamente eu levantei a mão. Seus olhos voltaram ao tamanho original e ele veio em minha direção.

"Senhorita...", ele disse, alcançando-me a joia.

"Obrigada.", respondi, pegando o colar.

Mesmo usando uma máscara e luvas, pude perceber que ele ficou sem jeito quando a minha mão tocou a dele.

"Eu nunca vou esquecer o que fez por mim... por todos.", eu o informei, também sem jeito, pois a forma como ele me olhava - mesmo que por trás daquela máscara...

"N-Não tem problema.", ele gaguejou, deixando o ônibus rapidamente.

***

No intervalo, eu fui para uma área mais isolada e arborizada do campus. Estava me sentindo deslocada, como sempre. Ninguém se aproximava de uma garota nerd... e eu entendo. Não conseguia trocar mais de duas palavras com uma pessoa sem ruborizar ou sem aquele constrangedor silêncio logo se instalar. E tem mais: eu preferia ficar sozinha mesmo. Não tinha paciência para aquelas garotas fúteis, que os pais dão tudo de mão beijada, sem questionar. Eu tinha que trabalhar e trabalhar duro pra pagar a faculdade e, ainda assim, meu tio me ajudava, pois não conseguia dinheiro o suficiente.

Marvel Imagines [por: Star Sapphire]Onde histórias criam vida. Descubra agora