Marvel Imagines [por: Star Sapphire]

The Gun Dealer - III

Eu acordei numa poltrona de uma velha casa de madeira. Não era a minha, eu tinha certeza. Havia alguns armários e armas de calibre pesado atrás de umas grades. Tentei me mover, mas senti uma dor aguda em minhas costelas. Olhei pra baixo, com dificuldade, e vi uma atadura envolvendo o meu corpo. Aquilo tornava a minha respiração uma tarefa complicada, pois estava apertado demais. Mas eu sabia... era assim que tinha que ser.

Frank abriu a porta do corredor e conectou seus olhos aos meus.

"Como está se sentindo?"

"Como se eu tivesse sido atropelada por uma frota do exército."

Ele soltou o ar, numa espécie de riso abafado. O jeito Frank Castle de mostrar que achou algo engraçado.

"Você vai se recuperar bem... é mais forte do que imagina."

Ele puxou uma cadeira e se sentou diante de mim.

"Faltou limpar o ferimento de seu pulso.", ele informou, largando uma bebida ao lado do próprio pé.

Olhei para o meu pulso. O contato com a corda causou um certo tipo de assadura, que levou a um corte ao seu redor.

"Deixe-me ver isso.", ele pediu, abrindo a mão.

Hesitante, coloquei a minha sobre a dele. Ele reparou como ela parecia pequena em comparação a sua. Eu percebi como eu parecia frágil perto dele. E tal vulnerabilidade não me incomodava. Não quando eu a sentia perto dele. Era estranho desejar ser protegida por alguém, quando eu sempre cuidei tão bem de mim mesma sozinha.

Trazendo-me para a realidade, Frank derramou a bebida sobre o machucado. Eu aguentei a ardência, sem emitir um som sequer. Ele olhou para mim novamente... cada vez que eu via aqueles olhos castanhos, sentia como se o meu mundo fosse desabar.

"Frank..."

Ele soltou a minha mão e se levantou. Eu me calei. Achei que ele poderia não gostar do que eu tinha pra dizer. Mas, ao contrário do que eu esperava, ele não foi para longe. Ao invés disso, parou na minha frente.

"Você ia dizer alguma coisa?"

"Eu quero... eu quero mudar de vida. Você... você me ajuda? Me ajuda a deixar esse inferno para trás?"

Ele se abaixou diante de mim, encarando-me daquele jeito que me fazia perder o fôlego. Então tocou o meu rosto... eu fechei os meus olhos, concentrando-me em seu toque. Frank pousou o polegar sobre a minha boca. Um gesto sexy, que me fez voltar a fitá-lo, surpresa.

Frank apoiou sua mão livre na poltrona e se inclinou sobre mim, devagar. Ele esperou algum sinal de negação, mas eu continuei estática, perdida a encarar aqueles orbes de chocolate. Convencido de que eu estava de acordo, ele plantou-me um beijo cauteloso nos lábios. Tão delicado que eu mal podia acreditar que o gesto vinha de um alguém como ele.

"Frank...", eu sussurrei, tocando o seu peito. Não querendo que aquele momento acabasse, eu voltei a beijá-lo, ignorando as dores que eu sentia.

"Se é o que você quer... é claro que eu ajudo você.", ele disse, afastando-se apenas o suficiente para me fitar.

"Obrigada...", eu segurei a sua mão, tentando convencer a mim mesma que aquilo era real. "Por tudo."

A Morte tinha me dado a chance de viver... de recomeçar. Mais uma vez.