Saulo virou-se assustado para frente e lá estava o jardineiro vindo lhe dar os parabéns. Sr. Luiz, era um senhor carismático e de bom coração, sempre levava Saulo para passear pelo jardim e pela estufa, pedia-lhe opiniões sobre os arranjos que fazia. Foram os dois que juntos fizeram a ornamentação para o velório e o enterro de Judith e Marcos, avó e avô de Saulo.
– Venha, tenho uma surpresa para você – Convida Sr. Luiz para que Saulo o siga.
O Jardim da fazenda Storm era enorme, tinha pouco mais que o tamanho de 2 campos de futebol onde era dividido em blocos quadrados, coloridos de acordo com as flores ali plantadas, haviam rosas, tulipas, jasmins, gira-sois, e muitas outras. A estufa o tamanho de um campo, dividida em corredores, abrigava as flores mais delicadas. Ele sempre passeava pelo jardim após suas aulas particulares de piano, que tinha em casa todo sábado, desde os 9 anos de idade.
Eis um desenho feito por Saulo para mostrar a sua professora de piano como era a fazenda.
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Chegando na estufa, o jovem Mário já os aguardava, ele era o ajudante do Sr. Luiz, o que assumiria o posto de jardineiro da fazenda futuramente.
– Vocês demoraram – Brincou Mário.
– Estávamos conversando no caminho, o jovem estava contando sobre seus presentes. E chega de papo, vamos mostrá-lo a surpresa.
Mário abriu a porta de vidro, que era toda desenhada com nuvens e anjos segurando flores. Entraram até o centro daquele lugar maravilhoso, e lá estava... Em um pedestal de madeira escura, todo entalhado com flores em relevo, e em cima dele, um vaso com um brotinho.
– Este é um broto de orquídea, esta era a preferida de sua avó – Disse Sr. Luiz enquanto contemplava o broto.
Sr. Luiz era o único que sabia daquela preferência de Judith.
– Que tipo de orquídea é essa Sr. Luiz? – Questionou Saulo, que estava curioso.
– Na verdade, eu também não sei, nem nunca vi. Sua avó apenas me confiou este segredo e disse que era importante, e era para você, Saulo. Então faz um mês que eu a plantei para te dar.
Saulo ficou por alguns segundos contemplando com curiosidade aquele broto. Naquele momento bateu em Saulo alegria por ver o carinho que sua avó tinha pelo único neto, por outro lado ficara triste em saber que seus avós não estariam presentes em seu aniversário.
– Sei que cuidará bem dessa flor. Mas agora vá, Lúcia está ansiosa para vê-lo. – Completou Sr. Luiz dando um sorriso.
Saulo saiu andando calmamente, e quando estava na porta da estufa deu mais uma olhada para a orquídea que já estava distante, então saiu pela porta e voltou a correr, desta vez em direção a horta.
Lúcia era a responsável pelo plantio e colheita, coordenando todos que trabalhavam na horta. E quando os pais de Saulo não estavam em casa, era ela quem cuidava do menino, e fazia comida em casa.
– Belo colar, querido. – Disse Lúcia ao ver Saulo chegar. – Nem em meus 45 anos de vida, vi algo tão bonito.
– Obrigado, era da minha avó.
– Muito lindo mesmo, e parabéns pelos 12 anos, seu presente está no meu dormitório, depois do almoço da uma passadinha lá para pegar, no momento estou muito ocupada. ok?
– OK! – Respondeu Saulo sorridente.
E assim ele foi, de setor em setor da fazenda.
Os funcionários da fazenda tinham seus próprios dormitórios, e dormiam lá se fosse de vontade. Porém todos gostavam tanto que lá, que lá moravam, normalmente eram famílias, onde a função passaria de pai para filho.
Já se passara duas horas que Saulo saiu de casa, estava quase na hora do almoço, então voltou correndo verificar se a comida estava pronta.
Quando passava novamente pelo jardim, Sr. Luiz o chamou para pedir um favor, mas antes que pudesse falar, estanhou algo.
– Saulo, seu colar está diferente.
O menino olhou o colar e ficou espantado. O colar havia mudado, tinha menos vermelho, e estava mudando para completamente branco. Um calafrio tomou conta de Saulo.
Sr. Luiz. que estava de frente para Saulo, viu o olhar assustado do menino, e antes que dissesse qualquer coisa, seu olhar agora também estava assustado. Abraçou o menino para que Saulo não olhasse para trás.
