Capítulo 5 – Pavor!
O menino não hesitou em abraçar Lúcia.
– Tome cuidado, querido. – Aconselha aquela reconfortante voz a Saulo.
Saulo não conseguia responder, apenas chorava, e em questão de segundos adormeceu.
Começara mais um sonho, porém aquele sonho era diferente. Ouvia uma respiração profunda, não enxergava nada, caminhava na escuridão com os braços estendidos procurando se localizar.– Onde estou?
Uma imagem começa a surgir na sua frente.
– Uma cama? – Questiona Saulo baixinho para si mesmo.
A respiração vem de lá, Saulo então se aproxima lentamente, a escuridão é assustadora.
– Quem está ai? – Pergunta Saulo esperando alguma resposta.
Saulo continua dando passos lentos em direção a cama quando começa a conseguir ver uma pessoa sentada na cama, de cabeça baixa e respirando forte. Ele reconhecia aqueles cabelos brancos.
– Dona Lúcia?
Saulo ainda não sabe ao certo o que vê, a pessoa está com as mãos juntas como se estivesse rezando e cabeça baixa. Então o menino reparou que seus pulsos estavam sangrando, e sangue escorria por seu pescoço, ela vestia o uniforma que usava para trabalhar todos os dias.
Saulo parou de caminhar, ficou com medo de continuar andando.
– O que acon.... –
Saulo é interrompido por um forte estrondo que se ouve quando Lúcia simplesmente é arremessada na parede atrás dela, com os braços abertos, acima do nível da cama, como se estivesse sendo pressionada contra a parede. Seus olhos eram de pavor olhando reto para frente.
Saulo ao recuar de susto cai sentado no chão em algo molhado, olha para a própria mão e viu que estava sentado em sangue. Quando olhou novamente para Lúcia, ela continuava com a cabeça reta para frente porém com o olhar arregalado olhando para baixo, em direção a ele.
A boca de Lúcia abre lentamente e um grito alto vai aos poucos surgindo de sua boca.
– AAHHHHHHHHHHHHH!
As roupas dela começam a rasgar misteriosamente ao mesmo tempo que feridas profundas são formadas em seu corpo, como se chicotes com pregos a agredissem.
Saulo vê aquelas feridas aparecendo e não consegue se mover, não sabe o que fazer.
O pescoço de Lúcia começa a sangrar e um corte horizontal começa a surgir lentamente no canto do pescoço, da esquerda para a direita na perspectiva de Saulo para a direita até dar a volta. O sangue escorre por todo o corpo de Lúcia que cai na cama e logo em seguida no chão sem a cabeça, que ainda se encontra na parede, desta vez com os olhos completamente brancos.
A boca de Lúcia abria ainda mais e lentamente, sangue começava a sair por ela, a língua foi se contraindo para dentro da garganta até surgir novamente pelo buraco onde era seu pescoço.
O corpo sem cabeça que estava no chão começou a se mover e se arrastar, mas Saulo não havia notado, estava petrificado olhando aquela cabeça derramando sangue pela boca.
Saulo sentiu uma pegada forte em sua canela e quando olhou viu o corpo decapitado de Lúcia o segurando, antes que pudesse ter qualquer reação ouviu um grito alto e olhou novamente para a cabeça, que se encontrava indo em alta velocidade em sua direção com a boca aberta como se fosse o morder com violência.
– AHHHH!!!! – Grita Saulo apavorado e dando um salto da cama.
Quando acorda, está deitado na cama empoeirada do bloco 22 com a chave em mãos, a luz do quarto está acesa.
"Será que isso foi um sonho?" se questiona Saulo em pensamentos. Aquilo havia sido estranho, o sonho havia sido assustadoramente convincente. Quando se move para levantar ele percebe algo estranho, sua canela estava doendo um pouco, quando olhou havia uma marca de mão feita de sangue.
Saulo queria chorar, mas sabia que seria inútil, estava sozinho e apavorado.
Levantou-se, não sabia quanto tempo havia passado, olhou para a janela e viu que já era noite. Não poderia ficar ali para sempre, e entrou em uma grande dúvida. Durante a noite seria mais fácil para caminhar sem ser visto, porém seria muito mais assustador. Como conhecia a fazenda como a palma de sua mão, e a lua estava cheia iluminava bastante, não seria difícil se deslocar pela fazenda. Mas ainda sim decidiu ficar aqui até amanhecer, estava muito amedrontado.
A luz do quarto começou a fraquejar, aquele era o motivo que faltava para Saulo sair dali antes que a lâmpada se apagasse e ele ficasse completamente no escuro naquele local onde havia tido sonho tão horrendo.
Levantou lentamente e foi em direção a porta.