Um músico profissional

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Não posso dizer que me tornar um músico profissional tenha sido uma decisão, ou mesmo plano de vida, pois antes do serviço militar cheguei a trabalhar em duas empresas promissoras. As coisas aconteceram naturalmente comigo.

Naquela época os jovens como eu trabalhavam como "contínuos" , profissão que foi extinta com a chegada dos moto-boys. Hoje não conheço alguém que trabalhe como Office-boy, justamente pela praticidade e rapidez nas entregas, vantagem que a motocicleta nos dá.

Como disse em outro capítulo, no tempo de serviço militar me envolvi com más influências e acabei usando drogas por um curto período de tempo, mas tempo suficiente para acabar com a paz de minha família. Mas logo depois que abandonei estas práticas ruins, fui convidado a participar do movimento gospel, deixando minha igreja e me juntando ao pessoal da Igreja Renascer em Cristo.

Me lembro de um acampamento em que estávamos reunidos no jardim, e a Bispa Sônia Hernandes falava sobre identidade, na conversa me perguntou qual meu nome artístico, Nunca havia pensado nisso, então me veio a ideia do apelido dado por um dos meus tios, Mozart, que me chamava de Déio 10.

Bispa Sônia completou o Pseudônimo com o meu próprio sobrenome, daí veio Déio Tambasco.

Mas não vivíamos disso, eu e meu amigo Robinho que me acompanhava na "aventura gospel" tomava três conduções comigo a cada evento, fosse show ou culto, descíamos do ônibus do outro lado da rua, direto para o palco.

Certa feita tocamos com um cantor que, após o culto, gentilmente nos deixou na porta da Igreja, o detalhe é que já era mais de uma da manhã, então esperamos ali até as cinco, pra então caminhar até o metrô mais próximo. A vida Gospel não era assim tão glamourosa como hoje.

Viajávamos de ônibus para todos os cantos do país, as vezes leito, outras convencional mesmo, amávamos aquilo mais que tudo, e não tinha falta de dinheiro que nos impedisse de sair de casa. Sinceramente sinto falta deste amor, que vai além de palavras e frases de efeito em redes sociais.

Ali com o Katsbarnea começou a minha carreira profissional na música, e mesmo sem os grandes "cachês" que vemos hoje a gente vivia bem, dava pra fazer o que queria e comprar nossos instrumentos. 

Conforme fui crescendo e amadurecendo na idade e experiência, minha música bem como a profissão foi ganhando força e notoriedade. Os erros e sofrimentos foram me dando força e capacidade de superação. Não havia meios de dar errado, se não fosse tocando guitarra poderia ser ando aulas ou gravando uma video-aula, curso, palestra, não havia mais limite, eu estava enfim inserido no cenário musical.

Tive meu período na noite paulistana, tocando em bares, foi divertido mas um tempo muito perigoso pra alma, não tinha estrutura emocional na época, e acabei sucumbindo algumas vezes. Logo deixei a noite, e voltei a tocar na igreja, mas como músico contratado do grupo de louvor, o Renascer Praise.

Depois da penúltima saída do Katsbarnea, fui convidado a trabalhar com o amigo Dudu Borges no estúdio, iniciando assim a minha formação na produção musical. Comecei como editor, afinador de voz ( não se assuste com isso, a maioria dos "grandes cantores" do mercado passaram pela minha afinação de voz, ou de outros editores como eu ) gravando para seus clientes, etc...

Num dia, outro amigo me mandou uma música para produzir, o Ivan Miyasato estava me testando, então depois de ouvir o resultado me mandou mais quatorze músicas do mesmo cantor. Sou muito grato a ele, que me inseriu como produtor musical, e depois disso produzi muitos trabalhos. Ivan nunca me escondeu seus segredos, me ensinou muito em pouco tempo de amizade. Anos depois também me chamou para tocar em alguns DVDs de sua produção, e assim fui ganhando estrada no sertanejo.

Também trabalhei por um tempo como diretor de uma dupla sertaneja, sob a supervisão do Dudu Borges que era o produtor, e depois de sua saída do estúdio da Igreja, assumi sua posição como gerente.

Hoje profissionalmente sou Coach, e atuo principalmente com artistas e grupos, líderes etc... Não dá pra deixar as artes, ainda canto e toco, mas na área de Coaching posso ajudar muitos artistas em sua carreira e missão de vida


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