lembranças

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   - Vem Kitto! - gritou Scotty correndo em direção ao laboratório de seu pai.

   - Me espera! Você é meu irmãozão, deveria me esperar! - respondeu Kitto correndo atrás dele.

   Os dois eram apenas meras crianças, Kitto com 9 e Scotty com 11. Haviam perdido a mãe ao nascer de Kitto, então ela nunca a conheceu. Eram cuidados por uma babá, dona Elisabeth, uma senhora de quase 50 anos, mas que tinha um espírito jovem. 

   Kitto tinha cabelos lisos, curtos e ruivos, mas não aquele ruivo quase louro, mas sim aquele ruivo quase preto, num tom vermelho vinho, seu corpo não era definido e possivelmente nunca fosse, tinha olhos cinzas.

   Scotty tinha cabelos quase iguais aos de Kitto, porém, eram totalmente negros, quase do mesmo tamanho, apenas um pouco menor, olhos também cinzas.

   Senhorita Elisabeth caminhava atrás deles. 

   - Crianças, lembrem-se que seu pai está ocupado.

   - Mas nós queremos vê-lo! -gritou Scotty.

   Seguiram para o laboratório de seu pai, ele se encontrava no fundo do quintal abaixo de uma grande mangueira, era apenas uma pequena cabana de madeira, porém havia uma passagem que levava a um laboratório subterrâneo com mais ou menos o tamanho de um estádio de futebol. 

   Quando se aproximaram da barraca, um grande amigo de Scotty chegou à cena. Scotty e Peter se conhecem desde o jardim de infância. Na época a escola era única, tanto para Beatos quanto para Hominum. Porém, quando chegaram à segunda série, foi decretado que deveria haver escolas específica, pois os Hominum não precisavam de tratamentos especiais, assim como os Beatos, portanto, os dois eram Hominum e foram colocados na mesma escola. 

   - Aonde estão indo? - disse Peter que chegou próximo a eles e os cumprimentou.

   - Estamos indo ver o papai. - respondeu Scotty.

   - Que legal, também quero ir. - disse Peter.

   - Pois então vamos! - disse Kitto que começou a correr - não me pegam! - gritou ela.

   - Pego sim! - gritou Scotty que começou a correr atrás dela - Vamos Peter. - então ele também foi atrás.

   Ao chegar no velho barraco, abriram um armário de ferramentas e no fundo dele havia uma porta que dava em um elevador que levava ao subterrâneo. Ao chegar lá, haviam várias máquinas espalhadas aleatoriamente por todo o lugar, frascos com coisas borbulhando e fumaçando, várias lousas com cálculos enormes por todas elas, onde não se poderia identificar o começo ou o fim. 

   Caminharam pelo laboratório bem atentos e fascinados à tudo. Mesmo Kitto e Scotty passarem ali várias vezes, tudo sempre estava diferente.  
  
   Enquanto caminhavam, um som de piano aumentava. Era Beethoven. Continuaram caminhando até enfim achar seu pai. Ele estava na frente de uma enorme lousa fazendo enormes cálculos e gráficos e tomando café. Usava um jaleco branco bem clássico, um óculos bem grande e tinha o cabelo também grande e bagunçado, seus cabelos não eram brancos, pois tinha apenas 27 anos, seu nome era Will, mas seus ex colegas de trabalho o nomearam Victor Frankenstein por suas idéias loucas.
  
   - Papai! - gritou Kitto que logo disparou ao seu encontro.

   - Espera filha! Papai está ocupado. - nem mesmo olhou para eles, estava terminando seus cálculos.

   Kitto logo parou e meio triste ficou observando. Will pegou sua xícara de café e foi em direção a eles e se abaixou em frente a Kitto e beijou sua fronte.

   - Me desculpa meu anjinho, papai está muito ocupado, mas prometo que quando terminar brinco com vocês, tudo bem?

  Kitto apenas balançou a cabeça em sinal de sim.

   - Senhor, já faz mais de uma semana que o senhor não sai deste laboratório. - disse Dona Elisabeth.

   - Já? - perguntou ele - que dia é hoje anjinho? - perguntou à Kitto.
  
   - 15 de março. - respondeu ela.

   - Não, é 17. - disse Scotty.

   - Senhor, não querendo me envolver, mas o que o senhor está fazendo realmente é mais importante que seus filhos?

   - Senhorita Elisabeth, isto irá revolucionar o mundo e trará o equilíbrio ao nosso mundo denovo.

   - Sim, o senhor já me disse isso, mas...
 
   Então foi interrompida por Will.

   - Espera! É isso! - então se levantou e voltou a lousa, bateu sua xícara de café na mesa que derramou um pouco de sobre a mesma.

   Voltou a rabiscar na lousa.

   Ao terminar se afastou e sorriu abrindo os braços.

   - Terminei! - Will voltou correndo e pôs Kitto nos braços, a abraçou e começou a girar - muito obrigado! - então a pôs no chão - Anjinho?

   - Oi? - perguntou Kitto denovo.

   - Vocês não me pegam! - então saiu correndo saindo do laboratório e Kitto, Scotty e Peter foram juntos.

   - Pego sim! - respondeu ela.

   Will sempre brincava com os três à bastante tempo, porém, por causa deste projeto, parou bastante com as brincadeiras e raramente saia do laboratório. Sabe, aquele amor de um pai de verdade, um pai que está ali como pai e mãe, que morreria para proteção de seus filhos. Esse era Professor de engenharia mecânica, biologia e física Dr. Will James Rock, mais conhecido por Dr. Victor Frankenstein.

   Dona Elisabeth que não havia saído se aproximou da grande lousa e observou os cálculos. Não estava entendendo muito, mais o que entendeu bastou. Olhou mais ao redor e encontrou uma porta com um aviso: " Sigiloso". Ao entrar, havia várias peças mecânicas e no final uma mesa com outra lousa atrás só que coberta por um pano. Logo seguiu até ela, porém não retirou o pano. Sobre a mesa havia alguns papéis. Ao abri-los, eram vários recibos de encomendas de peças e ferramentas e um diário de campo. Então logo abriu e leu o começo. " anos venho procurando um jeito de dar à meus filhos um bom futuro, como qualquer pai que se prese, me preocupo e amo muito eles. Mas pra isso tenho que proteger este mundo das pessoas ruins. Hoje tive uma idéia em relação a isso, mas irei precisar dos dois, eles serão essenciais..."

   Dona Elisabeth logo soltou o diário e seguiu até a lousa e logo puxou o pano. Agora tinha certeza. Will Rock é louco. Soltou tudo e correu deixando alguns papéis e relatório caírem no chão.

   - Wi... Will... precisamos conversar. - disse ela quando chegou perto dele que rolava com seus filhos na grama.
  
   - Claro. Diga. - respondeu ele se sentando.

   - À sós.

   - Sinto muito senhorita Elisabeth. Mas o que tiver à dizer, pode dizer para todos nós.

   - Tudo bem então.

  "Amo meus filhos... seria capaz de fazer de tudo para os ver felizes, para os ver crescer em um mundo onde possam ser o que quiser e que a felicidade seja seu objetivo... que nada os possa impedir disso."

Guardiões: Filhos Da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora