Olhos roxos

11 4 0
                                    

   Kitto estava fascinada pela beleza da cidade vista de cima. O céu sem nuvens realçava o brilho da lua e as estrelas piscavam como numa festa.
   — Vamos subir mais. — disse Jack olhando para frente. Logo Safira respondeu subindo mais ainda.
   — Porque tão alto? — perguntou Scotty olhando para baixo.
   — O mosteiro fica sobre uma montanha. Temos que ficar mais alto que ela pra evitarmos ser visto pelos moradores que vigiam a montanha.
   — Que montanha? Eu não vejo nada.
   — Você não pode ver com seus olhos Scotty, sinta-a e ela se revelará para você.
   — Eu posso ver. — disse Kitto apontando para frente.
   — Eu não consigo ver. — disse novamente Scotty.
   — Não se preocupe, quando chegarmos você verá. Pode descer Safira. Fique entre aquelas árvores, não há guardas ali.
   Safira logo se curvou descendo em alta velocidade e abrindo suas asas ao se aproximar do chão amortecendo a queda.
Ao pousar, levantou um quantidade considerável de poeira que foi o necessário para toda a montanha se revelar a Scotty.
   — Só tem dois jeitos de ver essa montanha. Ou você acredita de coração sem vê-la, ou encontra provas materiais que o fazem crer. — disse Jack descendo de Safira junto com eles.
   Safira se fez uma pequena novamente quando eles desceram e se pôs sobre o ombro de Kitto.
   — Ali está o que vocês procuram. Não podemos entrar pela frente, é cheio de armadilhas.
   Scotty e Kitto apenas concordaram e a seguiram para a parte de trás do mosteiro onde havia um buraco no grande muro, tiveram que se abaixar para passar, já que o buraco não era alto suficiente para passarem em pé.
   — Eu não posso ir, é apenas para vocês. — disse Jack.
   — Como assim? — perguntou Scotty.
   — Os guardiões são vocês e não eu. Minha missão como ajudante da salvação era apenas traze-los aqui.
   — Mas... — disse Scotty que logo foi interrompido por Kitto.
   — Ela está certa irmãozão. Mas saiba que se isso for uma armadilha, — disse Kitto a encarando — Você sofrerá consequências terríveis.
   Então se abaixou denovo e entrou no local.
   O muro não era apenas alto, como era grosso, quase impossível de ser perfurado ou derrubado.
   Quando entraram, tudo ali estava destruído, nenhuma luz estava acesa, haviam coisas quebradas para todos os lados e apenas o vento frio que batia em seus rosto e balançava levemente os objetos e outras coisas aleatórias ali jogadas era de amedrontar qualquer um.
   Eles caminhavam em um corredor bem atentos.
   — Kitto. Você também está se sentindo observada?
   — Sim. — respondeu ela olhando ao redor.
   Kitto logo pegou um arco e Scotty uma espada ao ouvirem barulhos a frente e uma sombra.
   Ao seu redor, olhos roxos apareciam e ao piscar sumiam de repente como se fossem teleportados para observa-los melhor.
   — Quem são vocês? — perguntou uma sombra que se pôs em sua frente a uns 15 metros de distância.
   Kitto ergueu seu arco em direção a sombra que logo ergueu as mãos em sinal de entrega.
   — Isso não é necessário. Por favor, sem brigas por aqui.
   — Quem é você? — perguntou Kitto ainda com a mira em direção a ele.
   — Não está óbvio? Se estamos em um mosteiro, obviamente sou um monge. E quem são vocês?
   Scotty lembrou-se das palavras de seu pai e tomando a frente disse:
   — Somos filhos de Frankenstein, procuramos por Mid.
   A sombra ficou calada por um tempo como se estivesse paralisada.
   — Quem é você!? — quase gritou Kitto apontando novamente o arco para o ele perto de atirar.
   — São vocês... — sussurrou o monge meio surpreso e retirou seu capuz.
   — O que? — perguntou Kitto.
   — Estamos esperando por vocês a anos. Venham! Tenho que lhes mostrar uma coisa. — disse ele meio animado e juntando suas mãos seguiu em frente e entrando para o templo.
   Scotty e Kitto se olharam e o seguiram.
   O caminho estava escuro, então  o monge, erguendo sua mão acendeu sobre ela uma esfera azul que brilhava forte que ficou suspensa sobre sua mão.
   Scotty e Kitto apenas o seguiam calados, sem o que perguntar ou julgar, pois além do mais, não havia o que perguntar, pelo menos não ainda.
    Logo o monge parou em frente a uma parede no final de um corredor sem saída. A madeira antiga começou a se separar dando abertura a uma escadaria escura que logo que o monge pisou no primeiro degrau, tochas se acenderam iluminando toda a escadaria.
   Chegando ao final da escada, um grande portão de aço cobria a passagem, porém, se abriu sozinho com a presença do monge, uma forte luz tomou conta de tudo e após eles passarem o portão fechou.
   Um local enorme, bem iluminado, bem arborizado, não parecia nada com o que havia no topo da montanha.
   Eles seguiram em frente até chegarem à uma casa de madeira. Dentro havia um velho monge barbudo sentado no chão meditando em uma sala vazia, composta apenas por algumas velas nos cantos das paredes.
   O jovem monge se aproximou do outro e fazendo reverência disse:
   — Sensei, são eles.
   O velho monge abriu os olhos e se levantando seguiu até eles e os observou sério.
   — Os filhos de Frankenstein... Os irmãos Rock. A quanto tempo espero por vocês. Scotty e Kitto. — disse ele com uma voz esganiçada e cansada — eu sou Mid. Venham, quero que conheçam alguém.
   Eles o seguiram calados preparando em suas mentes as perguntas que fariam.
   Dali saíram e o seguiram Mid que caminhava devagar com uma muleta em mãos.
   Chegaram a mais uma cabana, essa protegida com estátuas de guerreiros. Subiram a pequena escadaria de 5 degraus e ao entrar, um grande livro ali no centro se encontrava.
   Mid se aproximara do livro e o abrindo, começou a ler.
   — "Eu, Senhor do tempo e de tudo que foi criado, em minha sã sabedoria, respondi os clamores da humanidade que se virou contra ela mesma. Agora, Eu, assim como do barro criei a humanidade, da rocha criarei quem trará sua paz. Dois irmãos, do baixo nasceram e em ascenção entrarão para que a humildade volte a Terra. Os sonhos de criança o farão grandes heróis, pois além do mais, são os sonhos que tornam as pessoas os que são. Porém, não o farão sozinhos. Escolhi, de classes pequenas, quatro filhos da terra que se tornarão, com a ajuda desses meus Guardiões, mais do que até eles mesmos esperavam, pois, eu mesmo lhes darei seus dons."
   Scotty e Kitto ouviam atentamente,  até que ele parou e os olhou e fechando o livro seguiu até eles.
   — E esses guardiões, são vocês. Os filhos de Rock.
   Kitto tentou falar algo, mas nada saia de sua boca.
   — Eu também ficaria sem palavras.
   — Como encontraremos esses escolhidos? — perguntou Scotty.
   Mid voltou ao livro e continuou a ler.
   — "Pedirei a minha mãe que os revele aos homens, um sinal nos céus os revelará e os entregará meus dons. Ela os entregará em suas mãos quando estiverem prontos. Minha mãe é sua única mãe."
   — Não entendi essa última frase. — disse Kitto.
   — Ninguém a pode entender aqui. Há várias teorias, porém, nenhuma delas fazem tanto sentido.
   — E o que faremos? Onde os encontramos? — perguntou Scotty.
   — Venham. Quero lhes apresentar alguém. — disse Mid seguindo até um outro local.
   Eles observaram de longe, duas meninas, uma de cabelos curtos e brancos com uma mecha preta, com uma venda cinza sobre seus olhos, usava um belo vestido branco com poucos detalhes pretos sentada sobre uma pedra meditando, e mais a frente, uma garota idêntica à ela, também com cabelos curtos, porém, cabelos pretos com uma mecha branca, usando um lindo vestido preto com detalhes branco, olhos roxos e segurando uma grande lança, lutava com dois soldados de pedra.
   — Muito bem. Scotty. Kitto. Quero lhes apresentar Sol e Lua, as gêmeas quimera que nos foram dadas pela lua.

Guardiões: Filhos Da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora