Guardiões: Filhos Da Lua

Mitikæ

- Guardas, o levem para execução pública imediatamente! - ordenou Piko.
- O que ele fez de tão ruim? - perguntou Kitto se aproximando.
- Isso é assunto do nosso reino. Por favor, não se preocupem. - respondeu Magnum.
- O que ele fez? - perguntou Scotty.
- Já disse. Não se preocupem. - repetiu Magnum.
- Não permitirei! - disse autoritária Kitto se pondo na frente de Kenny transformando sua Hiams em uma espada e a apontando ao guarda na sua frente.
- O que você está fazendo!? Ele é um fugitivo perigoso de categoria vermelha. Abra caminho agora.
- Espero que você saiba o que está fazendo. - disse Scotty no comunicador. E após puxou também sua Hiams em forma de lança se pondo do outro lado de Kenny o protegendo dos outros guardas.
- Que interessante. - disse Lua sorrindo e ficando ao lado de Kenny em posição de batalha e logo Sol calmamente foi ao outro lado e ficou parada totalmente neutra
Os quatro formaram um quadrado que impedia a entrada de qualquer guarda.
- Por favor senhores, podemos resolver isso pacificamente. - disse Pan caminhando para perto dos reis.
- Prendam todos! - gritou Magnum.
Kitto soltou um alto e agudo assobio e logo um forte rugido ecoou do lado de fora e um grande grifo entrou quebrando a janela e se pôs em guarda de frente aos reis.
- Repetirei minha proposta. Por favor, que resolvamos isso pacificamente.
- Caso rejeição, não teremos dificuldade alguma em acabar com todos nesta sala para escapar. - disse Kitto pondo sua bandana que ficou turva como uma tevê sem sinal.
Os guardas já estavam todos à postos para atacar.
Piko ao ver que eles não recuariam, disse-lhes: - Tudo bem, aceitamos sua proposta. Por favor, sentem-se e os informaremos o por que do escândalo e ouviremos a defesa do réu.
- Guardas, abaixem as armas! - ordenou Magnum.
Logo todos desceram as armas, alguns guardas se retiraram e outros ficaram à postos na porta.
- Primeiramente, nos desculpem o transtorno. - disse Piko - A causa aqui era de grande urgência.
- Pois bem, o que houve que seja de tão grave? - perguntou Kitto.
- À alguns anos, alguns anúncios de roubos são feitos. Nossas câmeras e testemunhas sempre apontaram para ele.
- Isso é tão grave para o levar a execução pública?
- O maior problema não é ele roubar e sim o que ele roubou. - respondeu Gati.
- Armas de plasma, chips de controle psíquico e matéria prima eram seus alvos principais. Todos os roubos sem digitais ou vestígios, apenas filmagens e testemunhas. Cofres, cadeados e portas bem abertos, vidros retirados por inteiro sem quebrar e alarmes desviados.
- Para o que precisava dessas coisas Kenny? - perguntou Kitto.
- Precisava construir uma coisa.
- O quê?
- Não acreditarão se eu disser. Podem vir comigo até minha caverna?
- Pedido recusado. - respondeu Piko - responda: Para o que você precisava dessas coisas?
Kenny respirou fundo após um pequeno intervalo e então começou a falar.
- A cerca de uns 6 ou 7 anos, minha tia, a única família que me restou, adoeceu gravemente. Ninguém quis nos ajudar, pois não tínhamos dinheiro para pagar os tratamentos. Eu era um péssimo aluno, porém, vi que aquilo agora dependeria só de mim, então comecei a estudar mecânica e medicina sem parar. Mesmo sofrendo muito bullying na escola e na rua, não parava de estudar por nada. Queria ver minha tia bem à qualquer custo. Mas ela só piorava, então, alguns meses depois ela faleceu. Foi a noite mais triste da minha vida. Mas a pior parte não foi ela ter morrido, e sim ter que remover o cérebro dela para conserva-lo para quando terminar meu projeto, poder ter ela de volta com todas as suas lembranças.
- Isso não explica o por que de você ter roubado aquilo tudo. - disse Magnum.
- Na verdade irmão, explica sim. - retrucou Piko - Eles já não tinham condições com ela viva, quão mais morta. Então, para ter recursos para criar sua "obra", começou a roubar para ter os recursos que não podia comprar.
- Sim. Por isso que roubei tudo aquilo. Me desculpem. - disse Kenny baixando a cabeça triste.
- Porque não veio até nós? Poderíamos conseguir um jeito de resolver seu problema. - respondeu Gati.
- Não sei, vocês estavam tão ocupados com as obras da cidade que achei que não teriam tempo para mim. Eu sabia que roubar poderia atrasar também, mas seria um tempo menor a se perder, principalmente se eu causasse menos estrago.
- Garoto, mesmo sendo errado o que você fez, foi muito nobre da sua parte. - disse Piko se levantando - Podemos diminuir sua sentença, mas infelizmente não podemos retira-la.
- A não ser que nos ameacem de morte. - disse irônica e sorridente, Gati - Brincadeira.
- Devolva tudo o que roubou e podemos te perdoar. - disse Piko.
- Mas como ficará minha tia?
- Não se preocupe, nossos médicos particulares cuidarão dela.
- Mas isso não atrasará as obras?
- Não, nossos médicos não fazem muita coisa, somos reis, estamos sempre bem protegidos, nunca rola muita coisa com a gente. Então não atrapalhará em nada.
- Muito abrigado. - agradeceu Kenny se levantando e fazendo reverencia.
- Agora uma curiosidade. - disse Gati - Os grifos não estão extintos?
- Ela não é um grifo, é uma transmorfo controlada por mim e eu tenho em meu arquivos os dados do DNA de grifo, antes de eu acordar, meu pai, nosso criador, catalogou mais de mil animais para que Safira, minha raposa, pudesse se transformar de acordo com minha vontade. - respondeu Kitto e Safira se tornando de volta a uma raposa, se deitou sobre o colo de Kitto.
- Ok. O grifo estava me incomodando bastante, mas depois de assistir essa transformação, essa raposinha está me incomodando mais ainda. - disse Magnum.
- Senhores. - disse um guarda entrando no local e fazendo reverencia.
- Diga soldado. - ordenou Magnum.
- Ela acordou. O oráculo acordou, meu senhor. Achamos que gostaria muito dessa notícia.
- Ela está boa para falar? - perguntou Piko - precisamos fazer algumas perguntas.
- Está um pouco atordoada, mas já conversou com os médicos sobre algumas coisas, cremos que ela está disponível para conversar.
- Pois bem, partiremos imediatamente para encontra-la.
Todos se levantaram e rápido seguiram até a saída onde já havia uma carruagem à espera. Feita de madeira e aço bem talhados e bem pintados, guiados por dois lindos cavalos pretos e escoltados por 5 cavaleiros bem armados.
Chegando ao hospital, vários paparasis e câmeras estavam na porta em busca de respostas. Então eles passaram bem rápido.
- O que é isso? - perguntou Lua olhando para o aquário que a rainha Gati levava nas mãos.
- Fadas são parentes das sereias, mas não que elas necessitem da água, mas a água as ajuda a sobreviver. Essa água é sagrada direto da Nascença das fadas. É lá onde as fadas nascem. E esse aquário foi onde a vi a primeira vez, Mitikæ chegou até nós nesse aquário.
- Que legal.
Chegando até o quarto onde ela estava, logo entraram. Sobre uma cama enorme, um ser pequeno e fraco. Mitikæ estava pálida, seus cabelos brancos, não lindos como os de Kitto, mas sim meio mortos e destruídos.
- Mikæ? - perguntou rainha Gati sentando ao lado dela.
- Minha rainha. - respondeu Mitikæ tentando se levantar, porém, sem sucesso.
- Não se levante amiga, precisa descansar.
- Ela está pronta, já pode voltar a água, mas deverá ficar de repouso, sem profecias por um tempo, então a deixem sem visitas por um tempo. - disse o doutor se aproximando e a pegando nos braços e a pondo dentro do aquário.
Seus cabelos brancos começaram a se tornar bem grandes em um tom verde bem vivo e sua pele deixou de ser pálida. Fadas eram sem gênero, mas se chamavam "elas" por possuírem seios, cabelos grandes e uma feição feminina.
- Estou bem melhor. - disse Mitikæ dando cambalhotas na água - essa é água da Nascença?
- Sim, trouxe especialmente à você. Sabia que você iria gostar muito. - respondeu a rainha Gati.
- Olá Scotty. - disse ela virando de cabeça para baixo.
- Olá. - respondeu Scotty - Como sabe meu nome?
- Sei de muita coisa rapaz. Mas há uma coisa que eu não sei. O que vocês procuram?
- Respostas. O que temos que fazer.
- Seu pai já deixou bem claro o que devem fazer, fora que vocês ainda tem ajuda da Dama da lua para isso. Mas por algum motivo ainda falta um.
- Um o que?
- Um dos escolhidos. Vocês só tem três.
- Onde podemos encontrar o quarto?
- Vocês já encontraram, só não perceberam.
- Pois bem, agora minha vez. - disse Pan - O que houve ali? Quem eram aqueles magos?
- Isso é algo que não sei responder com exatidão. Mas eles conversavam algo como eu ser a terceira e que ainda faltavam algumas. Presumi que eles estão caçando fadas, e eu seria a terceira a ser capturada, mas vocês me salvaram.
- Isso é ruim. - sussurrou ase rainha Gati.
- O que? Porque? - perguntou Scotty.
- Talvez eles estejam procurando a Nascença das fadas para mata-las. Apenas fadas podem achar a Nascença. Sem a ajuda de alguma, você não consegue.
- E porque eles iriam querer matar todas as fadas?
- Fadas possuem muito poder, principalmente sobre visões. Elas podem acabar com o império que elas quiserem, mas também podem ergue-los facilmente. Tanto que foi apenas depois da chegada dela que conseguimos nos reconstruir.
- Conheço uma fada que pode os ajudar. - disse Mitikæ - Ela é meio calada, mas está sempre sabendo dos assuntos, talvez ela saiba como tirar todas suas dúvidas. Procurem o oráculo de Yiho.
- Onde fica isso? - perguntou Lua.
- Quando fomos atrás de você e sua irmã passamos do lado. Conhecemos alguém de lá, talvez ela facilite nosso encontro com o oráculo de lá. - respondeu Kitto.
- Vocês precisam ir rápido. - disse Mitikæ forçando seus poderes - algo ruim se aproxima de lá.
- Mikæ, não se esforce muito, você ainda não está bem. - disse a rainha Gati.
- Não tem problemas. Mas vocês tem que ir imediatamente! Yiho corre perigo.
- Venham, vou pedir uma carruagem para vocês. Convocarei meu cavalo mais veloz para puxar.
- Não precisa rainha. Apenas a carruagem está perfeito, Safira pode puxar. - respondeu Kitto.
- Pois bem, vamos então! - disse Scotty.
Mitikæ foi deixada no hospital e a rainha seguiu com eles até a saída, onde já havia uma carruagem à espera deles. Logo o cavaleiro desprendeu o cavalo e Safira se tornando um cavalo preto com uma grande crista, olhos vermelho com preto e um tanto maior que o normal, que assustou o cavalo do cavaleiro. Então se prendendo à carruagem, Kenny, Sol e Lua ficaram dentro, Kitto guiava Safira e Scotty e Pan ficaram encima da carruagem como proteção.
- Adeus, reis de T-Firium. Espero nos encontramos novamente em breve. - disse Pan fazendo reverencia.
Os três reis responderam apenas com um gesto físico e um leve sorriso.
Logo, Kitto sacudiu as rédeas que fez Safira começar a caminhar e acelerando começou a correr.
- Kenny, você não tinha que mostrar a eles a localização da sua caverna? - perguntou Lua.
- Não, eles já descobriram.
- Mas quando nos encontraram, nós estávamos bem longe dela.
- Havia um espião nos seguindo, irmã. - respondeu Sol.
- Ainda não acredito que depois de anos roubando, sem motivos de sobrevivência, a não ser trazer minha tia de volta, do nada, em dois dias, tudo muda. Agora estou numa carruagem, em alta velocidade como um ser que irá salvar o mundo com pessoas que nem conheço direito.
- Você chegou do nada. Nós, pelo contrário, fomos treinadas para isso. - disse Sol.
- Mas nosso mestre nunca havia nos dito que era para isso até esses loucos aparecerem e nos carregar para uma missão. - completou Lua.
- Sabe, as vezes algo no destino nos espera e somos burros o suficiente para perceber até que ele se põe na nossa frente. - disse Pan sobre a carruagem - As vezes, quando você acha que nada mudará, é aí que o mundo olha e pensa "é agora que vou mudar tudo".