Cheiro de erro

6 5 0
                                    

   O sol mau havia nascido e Kitto, Scotty e Pan já estavam na estrada em alta velocidade. Pan novamente em forma de moto e Kitto também sobre Pan, Safira era águia e os guiava como se fosse uma câmera aérea à uns 100 metros a frente com pouco menos de 150 metros de altura, não muita alto, mas o suficiente para poder desviar de qualquer coisa vinda do chão.

  — Vamos parar na cidade irmãozão? — perguntou Kitto que estava abraçada na cintura de Scotty.

   — Melhor não, temos que chegar no mosteiro logo.  — respondeu ele acelerando mais após chegar a entrada da cidade.

   — Tudo bem.

   — Senhor. — disse Pan e as luzes do painel acenderam mais forte após as palavras - há um problema aqui.

   — Como assim? — perguntou Scotty virando seu olhar para o painel e após para a estrada e desacelerou ao entrar no meio dos carros na cidade.

   — Posso guiar? — perguntou Pan.

— Claro. — respondeu Scotty ainda deixando suas mãos sobre o guia enquanto Pan os guiava - Aonde estamos indo?

   — Perigo meu senhor. Há alguém em perigo, posso ouvir. No beco a frente.

   — Quem? — perguntou Kitto virando seu olhar ao painel.

   — Não sei exatamente, meus sensores não identificam precisamente as pessoas.

   — Mas eu tenho um jeito. Safira, já sabe o que fazer.

   Logo Safira desceu e pousou sobre o prédio que rodeava o beco, e com isso se transformou em um pequeno lagarto que desceu pelas paredes para ver melhor. Havia muita agitação e a escuridão tomava conta do evento.

   — Não consigo ver muito bem também, está muito escuro e agitado, a Safira não consegue manter o foco do infravermelho nessa agitação toda.

   Logo Pan entrou em alta velocidade no beco e passou pelos 5 homens que perseguiam uma garota e após passar freiou deixando uma marca no chão e dando uma volta de 180° graus ficando de frente aos homens apontando seus faróis para eles.

   — Quem são vocês!? — perguntou um dos homens, de olhos vermelhos e grandes presas segurando um taco de basebol.

   Kitto desceu da moto e pôs sua bandana sobre o rosto deixando os olhos de fora que logo ficou totalmente preta com linhas aleatórias como se fossem rachaduras e pegou sua Hiams e a transformou em um cajado e ficou de lado com a luz se mantendo ainda em segredo.

   — Sabiam que 5 contra um é covardia? — perguntou Kitto.

   — Saia do meio garota se não quiser apanhar também. — disse um outro homem que deu um passo a frente e das costas de suas mãos saíram lâminas de mais ou menos 50 centímetros.

   Ela andou para frente ficando de frente a luz e girou seu cajado e após o bateu no chão e Safira em forma de um tipo de macaco de duas caldas, azul e com grandes garras caiu sobre o cajado e rosnou como uma ameaça para eles.

   — Esse seu monstrinho não nos assusta garota. — disse o vampiros — deixem. Eu mesmo cuido dela.

   Safira desceu do cajado e ficou apenas observando. Kitto deu alguns passos para frente e esperou. Logo o homem seguiu com toda a força para cima dela. Em um movimento rápido, Kitto foi para o lado e estendeu o cajado o fazendo tropeçar e cair deslizando até Safira que pulou para trás ficando sobre o pneu de Pan e rosnando em sua defesa.

   O homem se levantou e correu novamente em direção a Kitto que fincou a ponta do cajado na barriga dele e o jogou para cima a uns 3 metros de altura e pulou ficando mais alto que ele acertou o cajado em suas costas aumentando mais ainda o impacto dele no chão que deslizou até parar aos pés dos outros homens.

   — O que estão esperando!? Peguem ela! — gritou o vampiros após conseguir levantar o rosto.

   — Você está bem? — perguntou Scotty se aproximando da garota que se contorcia atrás de uma lixeira tapando os ouvidos e chorando.

   — Me deixa em paz. Eu não fiz nada pra vocês. — dizia ela escondendo a cabeça entre as pernas.

   — Viemos para te ajudar. Não tenha medo. Os homens maus se foram. — disse Scotty se abaixando.

   Após alguns segundos ela ergueu sua cabeça, sua aparência era familiar, mas seu olho roxo e alguns hematomas em seus braços a distorcia.

   — Quem é você? — perguntou ela.

   — Me chamo Scotty, está tudo bem agora, estamos aqui pra te ajudar.

   — "Nós"? — perguntou ela olhando ao redor.

   — Vem. — disse ele se levantando e estendendo a mão para ela.

   Ela olhou novamente ao redor e se enchugando suas lágrimas estendeu a mão a ele que a levantou.

   Eles a abraçou e a levou de volta ao local que Kitto estava.

   Kitto desfazia a projeção de seu cajado e os homens corriam desesperado quando Scotty e a garota conseguiram a ver.

   Ao ver que Scotty voltou com a garota, Kitto caminhou até eles com Safira em forma de raposa em seus braços. Logo que a viu, a garota escondeu-se atrás de Scotty.

   — Não tenha medo. Essa é minha irmã. — disse Scotty e a garota expôs apenas seu rosto para poder ver Kitto.

   — Olá garotinha. — disse Kitto se aproximando e se abaixando pondo Safira no chão — eu me chamo Kitto. E você?

   Safira seguia devagar até ela mexendo seu focinho a farejando. Ela se escondeu um pouco mas pouco a pouco saiu de trás de Scotty e timidamente seguiu até Safira e tocou sua cabeça e Safira logo se rendeu ao carinho e balançou forte sua calda e passava sua cabeça nas mãos da garota que agora sorria de animação.

   Ao ver que Scotty e Kitto a encaravam ela ficou novamente um pouco tímida e disse:

   — Me chamo Áurea. — então pôs Safira em seus braços.

   — Você gosta dela, Áurea? — perguntou Kitto ficando de frente com ela e fazendo um pouco de carinho em Safira.

   — Ela é muito fofa. — respondeu Áurea sorrindo para Kitto.

   — O que aqueles homens queriam? — perguntou Scotty se abaixando também ao lado dela.

   — É... — Ela fez uma pausa e os olhou e logo continuou — eu não sei. Eu estava brincando com minha irmã e eles vieram atrás de nós. Ela conseguiu escapar, eles vieram atrás de mim.

   — Quer que te deixemos em casa? — perguntou Kitto.

   — Não precisa. Posso ir sozinha.

   — Tudo bem. Mas saiba que eles irão voltar. — disse Scotty se levantando.

   — Mas estaremos por aqui. Estaremos de olho, caso eles voltem. — disse Kitto.

   — Obrigada. — disse a garota se levantando.

   Eles acompanharam a garota até próximo da saída do beco e ela seguiu seu caminho, eles a encaravam.

   Algo estava estranho. Muito estranho estava acontecendo.

   Eles subiram novamente em Pan e seguiram seu caminho em direção ao templo. Ainda faltavam algumas cidades para atravessar.

   — Vocês também sentiram algo estranho? — perguntou Kitto.

   — Sim. Muito estranho. — respondeu Pan.

Guardiões: Filhos Da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora